O presente capítulo da Norma de Desempenho NBR-15.575 se refere aos sistemas de coberturas, designados pela sigla SC, cujas funções são imprescindíveis à preservação da saúde dos usuários e à proteção do corpo da construção. Isso se reflete diretamente na durabilidade de seus elementos, ao impedir a infiltração de umidade decorrente das intempéries e evitar a proliferação de micro-organismos patogênicos que, além das indesejáveis consequências à saúde dos que ali habitam, resultam em processos de degradação dos materiais utilizados na construção, causando apodrecimento, corrosão e fissuras de natureza higrotérmica, entre outros.
Em razão dessas prováveis consequências indesejáveis, torna-se imperativo que os sistemas de coberturas (SC) sejam planejados e executados de forma a proteger os demais sistemas, especialmente por ser a parte da edificação mais exposta à radiação solar. Isso se reflete na carga térmica transmitida aos demais ambientes, influenciando no conforto térmico e no consumo de energia nos equipamentos de ventilação e ar-condicionado, além de interagir com os sistemas de instalações sanitárias, proteção de descargas atmosféricas e isolação térmica.
Dessa forma, o projeto requer atenção nas ações atuantes decorrentes do vento, intensidade de chuvas e insolação, bem como devem ser previstos mecanismos de segurança de pessoas, uma vez que os serviços de execução e manutenção devem ser executados em locais acima do solo e de acesso cuidadoso.
O tópico destinado aos conceitos e definições é bem detalhado no que se refere à caracterização das diversas partes, iniciando pela própria definição do sistema de cobertura (SC) como o conjunto de elementos/componentes dispostos no topo da construção. A função é assegurar a estanqueidade, proteger os demais sistemas da deterioração por agentes naturais e contribuir para o conforto termoacústico da edificação.
Em seguida, apresenta a definição de telhado, elemento constituído pelos componentes telhas, peças complementares e acessórios; alpendre, telhado constituído por uma única água; telhado de duas águas, formado por dois planos concorrentes na linha de cumeeira; telhado de quatro águas, constituído por quatro planos inclinados, em formatos diversos, concorrentes em linha de cumeeira ou espigão; telhado em arco, com águas côncavas; água, pano ou vertente, denominação de cada plano inclinado que constitui o telhado; água-mestra, aquela principal, de maior área; ático ou desvão, espaço entre o telhado e o forro ou laje; caimento, declividade da água; entreforro ou plenum, espaço entre forro e uma laje ou pano de telhado que lhe é paralelo.
Em continuidade aparece a definição cobertura-terraço, como aquela que disponibiliza sua área, total ou parcial, para o desenvolvimento de atividades; laje plana, cobertura com declividade maior ou igual a 5%; lauternim, peça do telhado sobreposto, destinada a ventilar e/ou iluminar um ambiente; sótão, ático acessível e possível de ser utilizado pelos usuários; subcobertura, componente impermeável aplicado sob o telhado, destinado a proteger o forro ou a laje de cobertura contra a ação das águas; teto, superfície inferior de uma cobertura, que serve para delimitar a parte superior de um ambiente; forro, revestimento inferior de cobertura ou de entrepisos; viga-calha, componente estrutural, com formato de canal, objetivando captar e conduzir as águas na cobertura; estrutura principal, conjunto resistente apoiado diretamente na estrutura da edificação; estrutura secundária, conjunto de componentes do telhado apoiado na estrutura principal; trama, estrutura secundária, compreendendo terças, caibros e ripas; tesoura, elemento da estrutura principal de sustentação da trama.
Além de indicar o atendimento aos requisitos dos usuários, no que se refere às necessidades básicas de segurança, saúde, higiene e economia, o texto normativo recomenda aos construtores e incorporadores a realização de inspeções periódicas. O objetivo é acompanhar o comportamento dos sistemas de cobertura, bem como examinar a correta utilização e efetiva implementação dos programas de manutenção. Também apresenta os requisitos do desempenho estrutural, compreendendo resistência à deformabilidade, solicitações dinâmicas em sistemas de cobertura e em coberturas-terraço acessíveis aos usuários, solicitações em forros e ação do granizo e outras cargas acidentais em telhados.
Quanto à segurança contra incêndio, os requisitos se referem à reação ao fogo dos materiais de revestimento e acabamento e resistência ao fogo do sistema de cobertura, onde constam tabelas de classificação dos materiais e métodos de ensaios, além de outros critérios objetivos de aferição. Prossegue com requisitos de segurança no uso e na operação, estanqueidade, visando preservar as condições de salubridade, e desempenhos térmico e acústico, sempre pautado em tabelas contendo os parâmetros de aferição dos resultados a serem alcançados.
Entre outras exigências, destacamos em resumo que o sistema de cobertura deve suportar cargas de pessoas que trabalhem em sua superfície, não apresentar avarias ou deslocamentos que prejudiquem sua funcionalidade ou leve à ruína, as manchas de umidade não podem ultrapassar 35% de sua área, deve ter capacidade de drenagem que não permita empoçamentos ou extravasamentos, além de apresentar transmitância térmica e absortância à radiação solar que resultem em desempenho térmico compatível com a respectiva zona bioclimática, além de ajudar no isolamento sonoro.
*Engenheiro e advogado, sócio da Precisão Consultoria e autor do livro Guia de negócios imobiliários - Como comprar, vender ou alugar seu imóvel
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