Bom gosto bem demarcado

Capitonado valoriza o trabalho manual e garante luxo aos ambientes

Imortalizada pelo sofá chesterfield, técnica de costura também conhecida como capitonê tem espaço reservado nos projetos mais requintados de decoração

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postado em 13/01/2013 07:30 / atualizado em 13/01/2013 09:18 Joana Gontijo /Lugar Certo
Desenho delimitado pelas marcações de costuras ou aplicação de botões do revestimento tem origem nos salões da realeza europeia  - Eduardo de Almeida/RA Studio Desenho delimitado pelas marcações de costuras ou aplicação de botões do revestimento tem origem nos salões da realeza europeia

Marcada por pregas e botões costurados no tecido, a técnica do capitonado está presente na decoração desde o século 19. Celebrizado em revestimentos de sofás, o capitonê, como é também chamado, atualmente tem conquistado espaço no acabamento de outros tipos de mobiliário, imprimindo um toque clássico a propostas de variados estilos. O tom romântico que apresenta desenhos geométricos – losangos e quadrados - ultrapassou as barreiras estilísticas e, hoje, é empregado nos mais diferentes conceitos de projeto de interiores.


Cores fortes em contraste com tecidos claros ressalta elegância da peça, como neste projeto de Fabiana Visacro e Laura Santos - Eduardo de Almeida/RA Studio Cores fortes em contraste com tecidos claros ressalta elegância da peça, como neste projeto de Fabiana Visacro e Laura Santos
A possibilidade de se aplicar uma peça capitonada em diversos ambientes se deve ao poder deste elemento de conferir variadas características aos ambientes, de acordo com as designers de interiores Fabiana Visacro e Laura Santos, sócias da VS Design. Conforme o local empregado e o tamanho da superfície revestida, pode-se dar um ar mais clássico ou arrojado ao espaço, pontuam. “Quando revestindo peças tradicionais e confeccionado em tecidos mais finos e sofisticados, o capitonado traz uma atmosfera requintada e formal. Se presente em peças modernas e multifuncionais, com tecidos despojados e cores alegres, imprimem uma personalidade arrojada”, exemplificam.

O capitonado deixou de ser uma exclusividade das poltronas e sofás, e pode aparecer em diversas superfícies como pufes, bancos, cabeceiras de cama, painéis de parede, almofadas mais rígidas e até em bolsas femininas, enumera a arquiteta Estela Netto. “Acredito que a mistura de elementos de diversos estilos, quando bem projetada, sempre enriquece os ambientes”, diz. Apesar de bem marcante e revelador de um estilo muito definido, o capitonado pode-se mostrar bastante democrático atendendo às variadas demandas dos projetos de decoração, acrescentam as profissionais da VS Design. “A possibilidade de aceitar a aplicação de diferentes materiais pode torná-lo um item versátil e mais próximo do estilo de vida dos que optam pelo jeito dinâmico e descontraído de viver. O capitonado fica bem em seda, veludo, couro, sendo que, neste último, o detalhe de acabamento fica mais marcado e imponente”, afirmam Fabiana e Laura.

A designer de interiores Iara Santos diz que essa técnica pode ter costura mais ou menos profunda ou com botões mais evidentes - Eduardo de Almeida/RA Studio A designer de interiores Iara Santos diz que essa técnica pode ter costura mais ou menos profunda ou com botões mais evidentes
Por carregar o estilo clássico, o capitonê se insere na decoração conferindo sofisticação e elegância aos ambientes, na opinião de Estela Netto. “Mas eu não sou adepta daquele tipo de decoração que segue um estilo só. Então considero que, embora seja um clássico, o capitonado pede o acompanhamento de peças em outros estilos, e ele fica bem em qualquer um. Para ter harmonia, tudo depende da dosagem entre os elementos que serão inseridos no ambiente.”

Segundo Fabiana Visacro e Laura Santos, para que a aplicação do capitonado resulte em um bom conjunto, primeiramente é necessário identificar com exatidão quais são os pontos de relevância para o morador e definir a natureza do projeto. “Se o estilo pretendido for o clássico e o romântico, um sofá ou uma poltrona capitonados podem cair muito bem em tecidos mais tradicionais como seda e veludo. Luminárias pendentes em cristal reforçam o efeito. Cores neutras são as ideais para estes casos. Já as paredes em boiseries remetem às decorações européias mais tradicionais. Para quem opta por ambientes mais formais, o couro escuro cumpre muito bem a função e paredes revestidas também com capitonados contribuem com o aspecto mais sisudo”, orientam. Já para os despojados, cores fortes e alegres realçam os botões em tonalidades diferenciadas que cobrem a interseção das costuras e tornam o espaço mais livre e com menos regras, continuam as designers. “Aliar elementos artesanais neste caso funciona bem para conceber um clima mais acolhedor.”

Mistura de estilos

Requinte do estilo não sai de moda e permite várias combinações no lar - Eduardo de Almeida/RA Studio Requinte do estilo não sai de moda e permite várias combinações no lar
A decoração mudou muito, e hoje a mistura inusitada de estilos é permitida, comenta a decoradora Viviane Cabral. Neste contexto, o capitonê, que antes se aplicava basicamente em móveis de estilo inglês, como o famoso sofá Chesterfield, agora é muito usado em diversos ambientes, diz Viviane. Uma forma de aplicação, cita, são os papéis de parede que cada vez mais aparecem com aspectos idênticos ao couro,camurça, e outros tecidos, com efeito tridimensional, destacando o capitonado nos desenhos. “Tenho aplicado muito esses papéis em paredes de lavabo, painéis de cama ou de home, em cabeceiras de cama. A mistura do capitonê nos ambientes contemporâneos tem um resultado muito sofisticado e aconchegante. Nunca se prenda só ao estilo inglês. Use e abuse na mistura com o moderno que fica fantástico”, enfatiza a decoradora.



A poltrona Barcelona, um clássico do design que marcou a história do capitonado, aparece que com frequência nos projetos da arquiteta Estela Netto - Daniel Mansur/Divulgação A poltrona Barcelona, um clássico do design que marcou a história do capitonado, aparece que com frequência nos projetos da arquiteta Estela Netto
As profissionais da VS Design são adeptas da técnica. Para um de seus projetos, elas especificaram um pufe capitonado vermelho, de veludo. “Democratizamos o espaço dando lugar a peças de estilos diversificados. As peças clássicas se aliaram a cores alegres e chamativas como é o caso do pufe capitonado. A cor vermelha não permitiu que os traços fortes do capitonado imprimissem à sala um ar sisudo. Nesse caso, o revestimento fez um contraponto às almofadas que, coloridas sobre o sofá neutro, contam as histórias de família por meio de seus fuxicos artesanais”, explicam Fabiana e Laura.

Nas propostas contemporâneas de design de interiores, o tom clássico do capitonê entra com a pegada vintage e confere ao ambiente, em muito, a personalidade do morador, de acordo com a designer de interiores Iara Santos. Entre as variações possíveis, Iara cita a aplicação mais ou menos profunda da costura, alem da técnica botonê, quando o botão é colocado de forma mais evidente.

“O capitonado sempre fica muito chique. Cuidado apenas para alcançar um equilíbrio na composição, sem exageros para não carregar o espaço”, ensina a designer. Misturando tecidos mais modernos e cleans, ou mais tradicionais, usando o efeito no assento sem estar no encosto, as possibilidades são muitas. “A atmosfera será romântica com a identidade traduzida no vintage, tendência que hoje é muito forte na decoração”, finaliza Iara.

Sofá chesterfield - Reprodução/Internet/www.carolinamattos.com.br Sofá chesterfield
MEMÓRIA: Herança britânica


Surgido na Inglaterra, por volta do ano de 1840, o capitonado ficou conhecido como uma técnica que valoriza o trabalho manual, e foi imortalizado pela criação do sofá Chesterfield. Em 1929, a técnica foi resgatada pelo arquiteto modernista Mies van der Rohe com o lançamento da poltrona Barcelona, na Feira Internacional do Móvel de Barcelona. A arquiteta Estela Netto sempre conta com a presença do revestimento em seus projetos, especificando a poltrona Barcelona. “Gosto da Barcelona por seu design atemporal. Uso muito essa peça, principalmente em ambientes corporativos que precisam ser sóbrios, mas não abrem mão da elegância”, comenta.

Tags: luxo,

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Fabio - 13 de Janeiro às 09:55
Muito bacana esse sofá chesterfield

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