Beleza preservada

Casa Cor Minas 2013 acontecerá em casa projetada por Niemeyer em BH

Em sua próxima edição, a Casa Cor homenageia os projetos residenciais na carreira do arquiteto, ao escolher para decorar a mansão projetada por ele, nos anos 1950, para a família Dalva Simão

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postado em 16/07/2013 10:12 / atualizado em 16/07/2013 11:22 Mírian Pinheiro /Estado de Minas
A casa está situada sobre um terreno plano e se abre para o jardim posterior e a piscina - Jomar Bragança/Divulgação A casa está situada sobre um terreno plano e se abre para o jardim posterior e a piscina

Oscar Niemeyer. É dele o projeto da casa que dará guarida à nova edição da Casa Cor 2013, em BH. Localizada na Pampulha, para a família Dalva Simão ela é mais uma construção extraordinária que recompensa o visitante e o espectador de seu trabalho. “É a primeira vez, nas 250 edições realizadas em todo o Brasil e na 19ª em Minas, que a Casa Cor se realizará em um projeto do mais importante arquiteto da história de nosso país”, afirma João Grillo, da Cult Promoções, organizadora do evento.

Segundo ele, no ano em que a Pampulha comemora 70 anos, a casa projetada para a família Dalva Simão, maravilhosamente preservada até hoje, será apresentada por Casa Cor à população, que deve encontrar uma forma de dar continuidade à preservação deste importante patrimônio de BH. “Queremos mostrar ao país o respeito que Minas tem para com sua história, inclusive a recente”, completa o coorganizador da mostra Ernesto Lolato. Para ambos, ambientar a promoção em um projeto de Oscar Niemeyer, complementado com o que existe de mais atual em arte, mobiliário, revestimento e tecnologia, preservando-a completamente será um grande desafio.


Registros
A parede de entrada tem azulejos brancos e azuis originalmente projetada como pano de vidro - Jomar Bragança/Divulgação A parede de entrada tem azulejos brancos e azuis originalmente projetada como pano de vidro

É sabido que Niemeyer nunca deu às casas que projetou o mesmo valor das construções públicas. A seu ver, as obras pensadas para o coletivo eram sempre mais importantes do que aquelas feitas para indivíduos. Arquitetonicamente, no entanto, foram esses projetos que ofereceram a ele um terreno mais livre para experimentações. E foi experimentando que ele forjou seu estilo que culminou na supremacia da curva feita de concreto.

Veja fotos das casas de Niemeyer

Na obra Oscar Niemeyer casas, de Alan Hess, publicada pela Editora GG Brasil, encontra-se a comprovação da importância vital dos projetos residenciais na carreira de Niemeyer. Pela listagem paralela realizada por Hess no livro, são 40 as propostas residenciais unifamiliares. Destas, 12 não foram construídas e três já estão demolidas. Assim, restam de pé 25. Há quem diga que a lista do autor norte-americano não é lá muito certa. Ele teria se esquecido de pelo menos quatro. Uma é a residência oficial do vice-presidente do Brasil à época (João Goulart), que ele apenas apresenta na versão não construída, de 1959, se esquecendo do Palácio do Jaburu, projetado com a mesma finalidade. As outras são casas de ex-funcionários seus, como a da favela do Vidigal, no Rio de Janeiro, localizada no Caminho da Boa Vista, 119-B; desenhada para Amaro Paes Filho, motorista particular que acompanhava Niemeyer em suas viagens a Brasília. Com 60 metros quadrados, o projeto foi um presente do arquiteto. Em Belo Horizonte, além da casa de JK, existe ainda exatamente a dos Dalva Simão (datada de 1954).

DEPOIMENTOS

Carlos Alberto Dumont (Carico) - arquiteto

"A região Pampulha, que está comemorando 70 anos, é o local escolhido para a Casa Cor 2013. A novidade é uma casa projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que completará 60 anos em 2014, ao estilo das outras obras, é uma bela surpresa. É um imóvel muito bem conservado pelos proprietários. Cientes de sua importância arquitetônica, não fizeram alterações ao longo dos anos. Essa casa deveria estar no roteiro Pampulha/Niemeyer. Como se não bastasse o projeto, a vista para a lagoa é a segunda grande surpresa. A topografia em declive, somada ao posicionamento da casa na parte alta do terreno, favorecem essa vista. A Casa Cor deste ano irá nos proporcionar a oportunidade de conhecer por meio dessa casa o pensamento do arquiteto Oscar Niemeyer para uma residência. Será possível passear por todos os ambientes decorados, com o devido respeito ao estilo arquitetônico da casa. Essa mostra será motivo de orgulho para Belo Horizonte, quando poderemos conhecer mais uma obra de Niemeyer ainda no começo de sua fama. A casa data da mesma época da Casa do Baile, Museu/Cassino e Igreja São Francisco. Sua visão para projetar uma casa é pouco conhecida do grande público e essa será uma grande oportunidade proporcionada pela Casa Cor – um programa imperdível. Obrigado, Casa Cor por esta oportunidade."

Pedro Lázaro - arquiteto

"Além da natural importância do conteúdo arquitetônico e o prazer de que todos terão em conhecer este monumento, existe um desafio nessa história: a Casa Cor tem como filosofia proporcionar ao arquiteto, designer e decorador a possibilidade de mostrar a sua capacidade de transformar espaços. É uma oportunidade de exercer as características naturais de todos nós profissionais desta área, de possibilitar a viabilidade de novas perspectivas de uso e manifestação da identidade individual. Agora, a filosofia permanece, porém o reverso se define como primórdio. Será uma oportunidade de manifestação das possibilidades da intervenção no sentido da preservação, onde o espaço consolidado é a matéria-prima, onde também poderemos perceber a capacidade de atuação da linguagem contemporânea em diálogo com nossos valores mais preciosos, e este dialogo tem como resultado caminhos para um futuro de um país que não pode mais se valer de sua juventude para justificar seu desprezo pela própria história. Referências de conduta de cidadania serão elucidadas e neste momento a forma enfrentará o conteúdo em nível de igualdade. A destinação que melhor se adequa, no meu ponto de vista, independe de órgãos ou segmentos da sociedade que porventura se apropriem deste precioso objeto, e sim da relação entre cultura e afetividade que o novo usuário denota, seja este uso institucional, comercial ou individual. Estamos diante de um tratado social em forma de arquitetura."
Em outro ângulo, a construção aparece entre a vegetação e é sustentada sobre paredes curvas e pilares - Jomar Bragança/Divulgação Em outro ângulo, a construção aparece entre a vegetação e é sustentada sobre paredes curvas e pilares

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Alexandre - 16 de Julho às 13:50
Na verdade existem terceira e quarta casas: uma na rua Bernardo Guimarães 2751, esquina com Araguari. Foi feita para João Lima Pádua em 1943. A outra, no bairro Santo Antônio foi severamente modificada.

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