Prêmio consagra o design mineiro com os melhores projetos em quatro categorias

Solenidade de entrega do Prêmio Amide de Decoração reconheceu o esforço dos profissionais para chegar a resultados surpreendentes de apartamentos, casas, ambientes comerciais e de mostras de decoração. Conheça os vencedores da edição 2014

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postado em 21/11/2014 17:47 / atualizado em 24/11/2014 14:25 Joana Gontijo /Lugar Certo
Projeto de David Guerra ganhou na categoria Apartamentos - Jomar Bragança/Divulgação Projeto de David Guerra ganhou na categoria Apartamentos
O entusiasmo com os dias de encontro e a expectativa para o que viria a seguir se transformaram em uma noite de alegria e celebração. Profissionais mineiros ligados a arquitetura, decoração e design foram consagrados pelo afirmado esforço e a superação para realizar trabalhos criativos e de extremo bom gosto, que saltam fronteiras, como bem ressaltou a presidente da Associação Mineira de Decoradores de Nível Superior (Amide), Laura Rabe, na entrega do Prêmio Amide de Decoração 2014, na última quarta-feira, em BH. Na solenidade, que encerrou a 10ª edição do Congresso da Inovação em Decoração e Design, os autores de doze projetos que foram escolhidos os melhores entre os inscritos, em quatro categorias, receberam o troféu que simboliza a importância de suas obras, frutos de uma concepção muito maior do que apenas a ideia estética de um ambiente.

“No processo de realização do Prêmido Amide, há uma série de convergências de energias positivas de ambos os lados. Nós entramos com a motivação para despertar em vocês o talento, e vocês chegam com a vocação e o dom. O resultado nos enche de orgulho e admiração”, disse a presidente da entidade, no discurso de abertura, quando agradeceu também ao corpo de jurados, os apoiadores, “a todos que contribuiram pela viabilidade desse importante momento”, e a grande parceira no evento, a Revista Encontro. Laura Rabe representou ainda a homenagem da Amide a Augusto Drumond, que recebeu prêmio especial pela relevância dos serviços prestados à associação na luta pela regulamentação da profissão do decorador e designer de interiores.
Laura Rabe parabenizou os designers e os diversos envolvidos no evento da Amide - Barbara Dutra/Divulgação Laura Rabe parabenizou os designers e os diversos envolvidos no evento da Amide
Na categoria Apartamentos, o primeiro lugar ficou com o arquiteto David Guerra, com o projeto de um imóvel no Belvedere, em BH, a segunda colocação foi para Andrea Ker Bacha, e Graziella Nicolai conquistou o terceiro lugar. Na categoria Casas, a vencedora foi a residência planejada pela designer de interiores Beth Crego na saída de BH, seguida de Ana Paula Rohlfs (segundo lugar) e Ana Paula Paolinellim (terceiro lugar). Na categoria Ambientes Comerciais, o primeiro prêmio foi concedido à arquiteta Eduarda Corrêa pelo trabalho de construção de uma loja no Sion, na capital, a segunda colocação ficou com Beth Nejim, e a terceira com Thaysa Godoy. E, na categoria Mostras de Decoração, o ambiente da designer de interiores Cícera Gontijo para a Casa Cor Minas Gerais deste ano recebeu o trófeu principal, com Denise Vilela escolhida na segunda posição e Andrea Buratto na terceira.

Com 350 m², o Apartamento LA, concluído em 2013 pelo escritório de David Guerra e vencedor da categoria, é o lar da família de um casal com dois filhos que resolveu deixar a casa onde morava em uma reserva ecológica e adquirir um apartamento na cidade, quando o primeiro filho chegou à idade escolar. A nova morada tinha que conciliar as características acolhedoras de uma casa no campo com o estilo urbano e prático da cidade. O apartamento comprado passou por uma grande reforma para atender à demanda dos moradores, com a abertura de todas as salas e varandas, e a máxima integração de ambientes, tornando-os fluidos e super confortáveis. Nas especificações de interiores, o espaço renasceu acolhedor com a mistura de cores e a combinação de materiais rústicos e naturais com elementos modernos e tecnológicos, pontuando no mobiliário elegante e descontraído peças de design assinado nacionais e internacionais.

Para o arquiteto, que conquista o troféu da Amide pela quarta vez, o prêmio é um importante incentivo ao setor, com um grande esforço da diretoria da entidade para que as ideias dos profissionais tenham reconhecimento. “O prêmio nos dá fôlego para manter a criatividade, e a certeza de que é o diferente que nos move. Independente do tempo disponível para o projeto, da classe social e das possibilidades financeiras do cliente, a relação do trabalho não sobrevive se a base não for boas ideias. A iniciativa da Amide não finda com a entrega do troféu, nos dá um estímulo para continuar provando todos os dias que somos capazes”, disse David.
A obra de Betinha Crego foi considerada a melhor na categoria Casas - Jomar Bragança/Divulgação A obra de Betinha Crego foi considerada a melhor na categoria Casas
A casa que deu o primeiro lugar à designer Beth Crego fica no Condomínio Riviera, no caminho para o Rio de Janeiro, o ninho de um casal com dois filhos. Após um trabalho de três anos, a residência de dois andares e 1,5 mil m² de área construída foi finalizada no ano passado. O desejo dos proprietários, que adoram receber os amigos, era ter uma morada prática, funcional, com materiais de fácil manutenção. A tônica da obra foi a integração total entre os ambientes que, entre outros, compreendem a parte social, de estar e jantar, a zona gourmet, piscina, sauna e academia. Betinha, como é carinhosamente conhecida, já havia recebido o prêmio da Amide em outra oportunidade, e disse que o reconhecimento é muito gratificante e um forte impulso para o futuro. “Fiquei ainda mais feliz porque eu não esperava o primeiro lugar. Foi uma grande surpresa, superou minhas expectativas”, comemorou.
A Loja Tetum, de Eduarda Corrêa, foi o ambiente comercial que ficou em primeiro lugar - Jomar Bragança/Divulgação A Loja Tetum, de Eduarda Corrêa, foi o ambiente comercial que ficou em primeiro lugar
O projeto comercial agraciado com o prêmio máximo, de Eduarda Corrêa, é a obra da nova Loja Tetum, localizada na Rua Grão Mogol, em BH. O trabalho, que rende o terceiro trofeú da Amide à arquiteta, foi pensado valorizando, nos mínimos detalhes, os preceitos da sustentabilidade e o impacto estético na região. A edificação foi implantada respeitando as áreas permeáveis e as árvores de grande porte existentes no terreno, exigências da proprietária, com base na criação de dois grandes galpões, interligados por uma passarela de madeira e vidro, que permite a entrada de iluminação natural e abre a perspectiva da vegetação existente. O destaque de efeito visual é por conta da belíssima fachada em trançado de bambu, e a composição decorativa do interior não fica atrás no que se refere ao encanto formal e à qualidade de conceito. “É um projeto todo sustentável, totalmente inovador. Considero a iniciativa da Amide muito válida, na medida em que valoriza o que é feito aqui”, pontuou Eduarda.
Studio do Solteiro, de Cícera Gontijo, é o campeão na categoria Mostras de Decoração - Leandro Couri/EM/D.A Press Studio do Solteiro, de Cícera Gontijo, é o campeão na categoria Mostras de Decoração
O Studio do Solteiro, espaço que a designer de interiores Cícera Gontijo apresenta na 20ª edição da Casa Cor Minas Gerais e foi o vencedor da categoria Mostras de Decoração, teve como inspiração a cidade de Macacos, onde acontece o evento. O ambiente, que aproveita e respeita a arquitetura de interior do bangalô de 55 m², foi concebido para um jovem solteiro que usufrue o estúdio aos fins de semana com os amigos ou a namorada. O projeto, composto por sala, cozinha, escritório, banheiro e dormitório, se sobressai pela solução que integra a cozinha ao conjunto, através do uso de portas que, quando abertas, formam uma área gourmet e, fechadas, desenham um lounge. A ambientação ganha charme com a valorização das estruturas metálicas originais da construção, aplicadas com acabamento oxidado. “Esta realização da Amide é sensacional. Primeiro por valorizar os profissionais, depois por dar oportunidade de visibilidade ao trabalho, não só em termos regionais, mas nacionalmente, principalmente pela reconhecida seriedade do trabalho da associação. Conquistar o primeiro lugar é muito bom, gera uma ótima repercussão sobre o meu projeto. E o designer mineiro tem mesmo uma capacidade criativa e um profissionalismo únicos”, salientou Cícera, que conquista a quarta premiação da Amide.

O júri, cujas escolhas foram auditadas pela BRA Auditoria e Consultoria, é formado pela analista de acesso à inovação do Sebrae Minas, Andréa Tristão, a publicitária e representante do site Glamurama e da Revista Joyce Pascowitch, Norma Catão, o arquiteto da Dávila Arquitetura, Afonso Wallace, o artista plástico e autor dos troféus, Leopoldo Martins, e o artista plástico e professor de história da arte, Luiz Flávio Silva.
Os vencedores: David Guerra, Beth Crego, Eduarda Corrêa e Cícera Gontijo - Barbara Dutra/Divulgação Os vencedores: David Guerra, Beth Crego, Eduarda Corrêa e Cícera Gontijo
EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS

Antes da entrega da premiação à noite, o segundo e último dia do congresso foi de bate-papos inspiradores. Pela manhã, quem esteve no espaço Ilustríssimo, no Santa Efigênia, pôde assistir às palestras do designer Hugo França e da publicitária, escritora e colunista Cris Guerra, que dividiram com o público diferentes vivências. A tarde teve as presenças do arquiteto e urbanista Pedro Lázaro e do designer dinamarquês Morten Georgsen, quando o assunto foi moda e arquitetura, e design de mobiliário.

Com uma exposição instigante de ideias, Hugo França possibilitou o entendimento mais aprofundado do que é realmente seu produto, um conjunto singular de esculturas mobiliárias de tamanho excepcional, produzidas com o reaproveitamento de restos florestais. E Minas Gerais é o segundo maior estado consumidor de seus objetos de design. Gaúcho de nascimento e agora residente em São Paulo, Hugo iniciou a conceituação de seu trabalho em Trancoso, no Sul da Bahia, quando aprendeu com os índios pataxós as técnicas de reutilização de pequizeiros para fabricar canoas. O designer se inspirou para aproveitar de novas maneiras, nos móveis, as possibilidades de reuso dessas madeiras, sendo que a matéria-prima é sempre de indivíduos de pequi já mortos e residuais, que ele busca nas matas nativas. Demonstrando uma atuação que se sustenta o tempo todo no respeito ambiental, Hugo falou passo a passo como consegue chegar nas fenomenais obras de arte, dentre as quais 130 estão no acervo do Inhotim, alcançando, com todo o respaldo de sua experiência de campo, um pensamento maior sobre a necessidade urgente de preservação da natureza.
A palestra de Pedro Lázaro foi destaque na tarde do segundo dia de congresso - Barbara Dutra/Divulgação A palestra de Pedro Lázaro foi destaque na tarde do segundo dia de congresso
A palestra de Cris Guerra, um dos pontos altos da programação da quarta-feira, foi essencialmente uma lição de autoestima. Ela contou sua história de vida, de superação em diversos momentos. Falou sobre a criação do blog (Para Francisco, transformado em livro em 2008), uma saída para curar as dores com a perda do marido e como, depois, conseguiu contrabalançar o trauma com a alegria de ganhar um filho. Cris explicou sobre o que elegeu como os dez mandamentos da autoestima, uma síntese de como se posicionar frente à vida com todas as adversidades que ela traz. Fazendo uma ligação da moda com o design de interiores e a arquitetura, ela, que também é autora do blog Hoje Vou Assim, reiterou seu bom relacionamento com arquitetos e a enorme apreciação pelo design e a arquitetura, que vem desde a infância - a avó morou na Casa Juscelino, construída por Niemeyer, na Pampulha.

Após o almoço, o palco foi do arquiteto Pedro Lázaro, que tem uma relação íntima com o universo da moda, afinidade que nasceu cedo, e mostrou as formas de interligação entre esses ofícios. “Entendo que trabalhar a arquitetura junto à concepção de moda é um grande desafio e, ao mesmo tempo, um fértil compartilhamento de conhecimentos e processos paralelos”, afirmou. Na primeira parte da palestra, Pedro expôs, em ordem cronológica, seus trabalhos para lojas e marcas de moda, começando pela a concepção do show room da Mary Design, do espaço de Mabel Magalhães, dos projetos para as lojas de Luiza Barcelos, da Faven, até o mais atual, a obra da marca Nohda, que acaba de ser concluída em São Paulo. Mostrando imagens dos projetos, explicando o que motivou e foi colocado como premissa para cada um, e como foi sua interpretação arquitetônica do pedido e da história dos clientes, Pedro Lázaro reforçou as possibilidades que o espaço tem de se relacionar com as questões de valor de marca, de aprimorar a relação com clientes e afins nos processos de venda, e de influenciar na própria percepção do produto. “É antes de mais nada a reflexão de toda a estrutura emocional que existe por trás de um resultado de coleção, e de produto, a partir do espaço no qual eles se inserem. A leitura do espaço é feita considerando os produtos e seus conteúdos, tornando os ambientes destas lojas um valor a mais para trabalhos que são tão genuínos. São projetos que contêm o universo do criador de moda, com a sua trajetória, sua carga simbólica e de sentimentos, e que definem, ao final, o caráter da marca”, ressaltou.

Na segunda parte do discurso, o arquiteto falou sobre sua experiência como diretor criativo do Minas Trend Preview, que já há seis edições deixa a cargo de Pedro toda a ideia cenográfica dos ambientes usados nos desfiles, desde as passarelas até os bastidores e os espaços de apoio para variados acontecimentos relacionados ao evento. Estas são, segundo o palestrante, estruturas de lançamentos de produtos e coleções bem mais abrangentes e complexas. “O que chamo da interface moda e arquitetura é essa interação que mostra como nós, arquitetos e designers, temos o papel e a capacidade de traduzir ideias e possibilidades infinitas de conteúdo não só em espaços. Como conseguimos interagir em outras possibilidades e traduzir conceitos de design e arquitetura em outros formatos, já que somos antes de mais nada profissionais de planejamento e donos de uma metodologia muito especial e específica”, disse.
Projeto de cenografia de Pedro Lázaro para o Minas Trend Preview: abordagem é a interface moda e arquitetura - Barbara Dutra/Divulgação Projeto de cenografia de Pedro Lázaro para o Minas Trend Preview: abordagem é a interface moda e arquitetura
O dia terminou com a participação de Morten Georgsen, que caracterizou as formas de fazer design na Dinamarca, perfazendo seu percurso na produção de mobiliário, desde o primeiro interesse na juventude até a criação da empresa própria, que hoje vende móveis no mundo inteiro. O designer contou sobre o processo de trabalho, que começa com um estudo profundo das tendências globais de comportamento, em maior e menor grau, grandes influências que impactam na decisão pelo formato do produto, e passa por diversas etapas para chegar ao consumidor. “Aprendemos ao longo do tempo como aprimorar os projetos e tornar algo mais bonito através do design, unindo estética e funcionalidade. A premissa básica que tenho comigo é a simplicidade. O objetivo do designer deve ser sempre fazer um produto que tenha um valor agregado, que seja simples, inteligente e também belo, e possa satisfazer as necessidades que os clientes nem sabem que têm. Mantendo o foco na inovação, enquanto desenvolvedor de design o profissional deve pensar à frente, e oferecer não um produto, mas uma experiência”, enfatizou.
Morten Georgsen trouxe a vivência internacional de um designer de móveis - Barbara Dutra/Divulgação Morten Georgsen trouxe a vivência internacional de um designer de móveis

CONFIRA A LISTA DOS VENCEDORES DO PRÊMIO AMIDE DE DECORAÇÃO 2014

CATEGORIA MOSTRAS DE DECORAÇÃO

1º lugar: Cícera Gontijo

2º lugar: Denise Vilela

3º lugar: Andrea Buratto

CATEGORIA AMBIENTES COMERCIAIS


1º lugar: Eduarda Correa

2º lugar: Beth Nejim

3º lugar: Thaysa Godoy

CATEGORIA CASA

1º lugar: Beth Crego

2º lugar: Ana Paula Rohlfs

3º lugar: Ana Paula Paolinellim

CATEGORIA APARTAMENTO

1º lugar: David Guerra

2º lugar:
Andrea Ker Bacha

3º lugar: Graziella Nicolai

Tags: design

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