Funcional e inovador, o design está em todo lugar e no dia a dia das pessoas

Design não é só estética. Seu valor será mostrado e discutido na mostra DMais Design, em setembro

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postado em 26/08/2015 15:00 / atualizado em 27/08/2015 14:41 Lilian Monteiro /Estado de Minas

Mobiliário e acessórios criados por um dos nomes mais importantes do design mundial, Frank Lloyd Wright  - Peter Foley/Reuters Mobiliário e acessórios criados por um dos nomes mais importantes do design mundial, Frank Lloyd Wright
Qual o valor do design? É só estética? O que faz uma bolsa, uma cadeira, um prédio serem design? Design é sinônimo de preço alto? Antes de mais nada, design é uma forma de comunicar ideias e conceitos de maneira criativa, inventiva e única. O tema será apresentado e discutido durante a mostra DMais Design, de 19 a 27 de setembro, em Belo Horizonte, com apoio do Estado de Minas.

Você pode não perceber, mas o design é elemento estratégico e influencia a percepção das pessoas sobre uma marca, produto e até posicionamento de uma empresa. Ele é tão importante – já que o avanço tecnológico entre produtos similares de diferentes fabricantes já é tão próxima –, que o diferencial está no design, na inovação. Nesse mundo criativo, das ideias e soluções diferentes, há nomes clássicos e reconhecidos, como Mies van Der Rohe, Frank Lloyd Wright, Charles-Edouard Jeanneret, Le Corbusier, Tadao Ando, Philippe Starck, Sérgio Rodrigues, Irmãos Campana e a dupla Ivan Petzold e José Carlos Mário Bornancini, parceiros de longa data, que já desenvolveram produtos tão variados quanto garrafas térmicas, móveis, fogões e elevadores até a famosa Tesoura Mundial Multiuse e os Talheres Camping.


Poltrona Mole, criação do arquiteto e designer brasileiro Sérgio Rodrigues, em 1957. Uma de suas peças mais famosas  - Reprodução/Internet Poltrona Mole, criação do arquiteto e designer brasileiro Sérgio Rodrigues, em 1957. Uma de suas peças mais famosas
Poltrona Mole, criação do arquiteto e designer brasileiro Sérgio Rodrigues, em 1957. Uma de suas peças mais famosas Elizeu Rezende de Santos, coordenador do curso de design de produto da Universidade Fumec, explica que o design é o elemento que, a princípio, “agrega qualidade ao produto percebido pelo senso estético e valor de uso, como o estudo para ergonomia e público específico. Clips, caneta Bic e calça jeans não têm especificidade, mas o produto com projeto de design tem de ter considerações de ordem ergonômica e estética. E o design é um trabalho que começa lá na indústria, desde a padronização de peças”.

Para o professor, é cada vez mais possível testar o projeto antes de ficar pronto, como 3D ou impressão ABS (um plástico de categoria de produção projetado para uso em impressão 3D), no mockups (espécie de maquete ou representação de uma arte para que o cliente possa ter melhor compreensão de como irá ficar o trabalho do designer), nos protótipos, em testes ou pesquisa de opinião e de público. “O marketing é o aliado do designer, ajuda a 'brifar' o público, e o mercado é o maior laboratório, por meio da observação do produto, quando podemos melhorá-lo.”

Peça criada pelos Irmãos Campana, que será lançada em BH no evento  DMais Design - DMais/Divulgação Peça criada pelos Irmãos Campana, que será lançada em BH no evento DMais Design
Elizeu diz que, hoje, o design virou adjetivo de importante. “Muitos não entendem, mas sabem que é algo bom. Há designers clássicos, reconhecidos. Grandes nomes internacionais e nacionais, como Ivan Petzold e José Carlos Mário Bornancini, os primeiros brasileiros a terem um projeto no acervo do Moma (desde 1976, os Talheres Camping integram o seleto grupo de produtos da loja do Museu de Arte Moderna de Nova York). Mas, muitas vezes, um simples espremedor de fruta tem design, que é sinônimo de preço e diferenciação de status. No entanto, há peças que se popularizam (via China), mas é preciso levar em conta que o design original não é só atributo estético, mas quem consumi-lo não vai ter LER ou dor na coluna. Ou seja, design também é segurança do uso do objeto.”


Espírito do tempo

Incorporar conceitos do design é uma excelente maneira para olhar o mundo que vivemos hoje e organizar nossas vidas. A arquiteta Estela Netto, especialista em história da cultura e da arte, há 11 anos à frente do escritório Estela Netto Arquitetura e Design, diz que “o design é uma forma de compreender as demandas dos homens e transformá-las em produtos que vão ajudá-los a solucionar essas necessidades”. Ela destaca que várias situações envolvem a criação do design. “Primeiro, o homem se vê diante de uma necessidade, compreende melhor essa necessidade, pesquisa materiais inovadores – e hoje mais ambientalmente responsivo do que nunca –,  que podem ser utilizados na criação do produto e, por fim, desenvolve uma estética atraente que desafie e estimule o homem de maneira a fazer com que ele crie desejo por aquele material.”


Para Estela, o design não é acessível a um grupo restrito. “Na verdade, é o contrário disso. O design permite que os objetos sejam mais democráticos e possam ser desfrutados por um número maior de pessoas, tirando, portanto, um caráter de exclusivo e artesanal que a peça poderia ter. O design é feito para ser produzido em série. Imagine, por exemplo, se Mies van Der Rohe tivesse criado apenas uma cadeira Barcelona. Esse clássico do design morreria e não estaria em voga nos projetos de interiores mesmo depois de 86 anos da sua criação. Claro, como são peças que exigiram muita pesquisa das demandas do homem por uma poltrona, pesquisa de material, de funcionalidade e estética, são peças que se mantêm atuais mesmo depois de tantos anos da sua criação e, portanto, têm um alto valor agregado, o que acaba restringindo seu consumo. Mas, mesmo assim, é pelo seu design que o produto se torna acessível à compra para muitas outras pessoas.”

Arquiteta Estela Netto diz que o design permite que os objetos sejam mais democráticos e possam ser desfrutados por um número maior de pessoas, tirando, portanto, um caráter de exclusivo e artesanal que a peça poderia ter.  - Kika Dardot/Divulgação Arquiteta Estela Netto diz que o design permite que os objetos sejam mais democráticos e possam ser desfrutados por um número maior de pessoas, tirando, portanto, um caráter de exclusivo e artesanal que a peça poderia ter.
HISTÓRIA Pela sua importância, o que faz uma bolsa, uma cadeira e um prédio serem considerados uma peça/produto de design? Estela diz que “existe um termo em alemão, Zeitgeist, que significa espírito do tempo, que explica: o produto/peça, para ser considerado de design, precisa refletir a atmosfera cultural vivida em determinado período. Por exemplo, na década de 1950, os carros tinham um brilho espetacular e a moda tinha aqueles vestidos rodados, supertrabalhados. Isso retrata o momento de prosperidade econômica vivido nos EUA naquela época. Ou seja, esses produtos contam uma história. O design, portanto, precisa fazer uma conexão com o usuário e, além da função, precisa emocionar, estimular sensação, levar a pessoa a ter uma experiência nova ao desfrutar daquele produto”.

A arquiteta lembra que o design não tem, obrigatoriamente, de ser belo. “Funcional, sim. Essa sempre foi e será a essência do design. Mas belo, não necessariamente. Até porque o belo é muito ligado ao fator cultural. E, por isso, o que é belo para mim pode ser feio para o outro. Hoje, o design está muito mais ligado ao funcional, ao conforto, mas, principalmente, à experiência. Os produtos/peças devem levar o homem a uma experiência única. Os esforços do design hoje estão todos concentrados nesse sentido.” (LM)

Tags: móveis inovação dmais design Irmãos Campana

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