Sem trincas e vazamentos

Com a implantação de sistemas de gestão da qualidade, construtoras constatam drástica redução das chamadas patologias do pós-obra e têm maior controle sobre o processo

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postado em 01/07/2007 14:13
Com 29 anos de atuação no mercado, a MRV Engenharia buscou, em 2000, uma certificação de qualidade. O sistema escolhido foi o PBQP-H para cumprir uma exigência da Caixa Econômica Federal, que, a partir daquele ano, decidiu liberar financiamentos apenas para construtoras certificadas pelo programa do governo federal. “Com o andamento do processo, percebemos que poderíamos tirar grande proveito com os procedimentos de controle estabelecidos pelo programa”, afirma o superintendente de Planejamento da empresa, Evandro de Souza Carvalho. “Depois do programa já implantado, conseguimos resolver problemas que se repetiam em nossos empreendimentos”, admite.

Um desses problemas, conta o executivo, era uma trinca na laje da área de serviço dos apartamentos, originada com a instalação de um ralo no apartamento superior, que provocava vazamentos. “Era uma deficiência comum em algumas de nossas obras, que aborrecia os clientes e demandava assistência técnica da construtora”, lembra.

Com a implantação do programa, que introduziu a cultura de registrar todos os materiais e processos da obra, a empresa quantificou o número de reclamações, analisou as fichas de verificação do serviço, identificou o problema e conseguiu corrigi-lo. “Era um erro de procedimento. Concretávamos a laje e depois colávamos o ralo, o que causava o problema. Então mudamos o processo. Passamos a chumbar o ralo na hora da concretagem e a deficiência praticamente desapareceu.”

Segundo Evandro, desde a implementação do programa de qualidade, a MRV registra a diminuição dos pedidos de assistência técnica. A empresa se prepara para receber, ainda este mês, a visita de auditores do PBQP-H, que vão avaliar os procedimentos de qualidade da construtora para a aprovação de sua recertificação no nível A do programa. “Passamos por auditorias externas, a cada ano, para a manutenção da certificação, e a cada três anos para a recertificação. Além disso, mantemos uma equipe que promove auditorias internas semestrais em todas as obras, porque a busca pela qualidade tem de ser contínua”, observa.

A eliminação de patologias do pós-obra é também a principal vantagem dos programas de qualidade, na avaliação de Alexandre Soares, diretor-superintendente da Habitare Construtora, que, em 2001, recebeu as certificações de qualidade ISO 9001:2000 e o nível A do PBQP-H. “Os resultados são impressionantes”, diz, entusiasmado.

A partir da padronização e documentação de processos, a construtora conseguiu resolver problemas detectados em até 10 apartamentos de cada edifício erguido por ela. “Eram trincas que apareciam debaixo de janelas e telhados, permitindo o empoçamento de água na laje”, afirma Alexandre. “Com a mudança de procedimentos, às vezes em até três tentativas, eliminamos os problemas, e hoje já alcançamos um nível de aprovação junto aos clientes acima dos 80%.”

A redução do desperdício é o grande salto proporcionado à industria da construção civil pelos programas de qualidade, defende Ricardo Alfeu, diretor da RKM Engenharia, primeira empresa sul-americana e segunda no mundo a conseguir a certificação ISO 9000, concedida pelo Bureau Veritas Quality International, para construtoras do segmento de edificações residenciais de luxo.

Segundo Ricardo, em meados da década de 1990, quando os programas de qualidade foram introduzidos no setor, o desperdício na construção civil era estimado em 30%. “Hoje, quase 10 anos depois da certificação, a RKM tem índice de 4%, inferior à estimativa da média do setor em 1994 e dentro do que é considerado aceitável, mas ainda alta para a meta que estipulamos na empresa, de desperdício de apenas 2%”, observa.
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