Projeto leva apresentações teatrais aos canteiros de obras

Aprender e se conscientizar a partir da própria realidade, de forma divertida e irreverente. Pensando dessa forma, a publicitária Lina Rosa Vieira, do Recife, idealizou o projeto Arte no canteiro, que objetiva diminuir as ocorrências de acidentes de trabalho na construção civil em todo o país por meio de apresentações teatrais nos próprios canteiros de obras e por meio de histórias em quadrinhos.

O projeto, uma realização do Serviço Social da Indústria de Minas Gerais (Sesi-MG), com o apoio da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), já percorreu Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Alagoas. Agora, está em Minas Gerais, onde fará 74 apresentações em Belo Horizonte e região metropolitana.

Segundo Lina, a saúde e a segurança do trabalhador são duas das principais preocupações da indústria da construção civil, um dos setores que mais emprega no Brasil. Dados do Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT) da Previdência Social aponta que, nos últimos anos, o setor tem registrado média superior a 60 mil casos de acidentes de trabalho. “Dentro da indústria, de um modo geral, o maior incidente de morte é na da construção civil. Como esse tipo de ocorrência não avisa, essa questão da conscientização tem de ser integrada como hábito. Se não fizermos nada para transformar isso, as estatísticas ampliam.”

Nesse sentido, para reduzir ocorrências e conscientizar o profissional da importância do uso de equipamento de proteção individual, sobretudo, nada melhor do que informá-lo utilizando a sua própria realidade e com muito humor. “Estamos falando de gente, que é inteligente e que é parte edificante do nosso país. Não dá para tratar aspectos tão pesados de forma também pesada. Com a arte, criamos um espetáculo dinâmico para trabalhar a problemática de forma divertida e muito leve”, explica a publicitária.

O espetáculo também alerta para a incidência de doenças, como o alcoolismo, e os riscos que o operário corre de se ferir se estiver alcoolizado, ou ainda de ser demitido por justa causa.

Os personagens foram construídos sob a temática da construção civil, de acordo com a coordenadora. “Utilizamos os equipamentos deles para criar os personagens. É uma animação que chega ao trabalhador com conteúdos pertinentes, que fazem parte da realidade deles.”

PROXIMIDADE

Durante a apresentação, encenada pelo grupo paulistano XPTO, a desempenadeira representa o mestre de obras; o balde Miro, o servente de pedreiro que chega bêbado para trabalhar; e a Pá (Trícia) uma figura feminina tão presente nos canteiros de obra atualmente. “Para não tornar o espetáculo distante, utilizamos escadinhas da própria obra para eles se sentarem. A arte tem um papel transformador”, acrescenta Lina.

Equipamentos de segurança também fazem parte da encenação de 45 minutos, a exemplo de luvas, capacetes, botas, óculos de proteção e cintos de segurança. Para movimentar ainda mais o enredo, furadeiras, britadeiras, pás, caixotes, carrinhos e tonéis entram no espetáculo. “Personagens criados a partir de objetos utilizados na construção civil, como uma desempenadeira, um balde, um carrinho de mão, uma caçamba e uma pá, encenam uma série de situações que levam os operários a refletirem sobre a segurança em suas próprias rotinas de trabalho”, reforça o diretor do espetáculo, o argentino Osvaldo Gabrieli.

AGENDA

Construtora EPO
» Nesta quinta-feira, 26, às 15h30 e às 16h30
Obra: Center Minas Power e Center Minas Tower
Local: Rua Queluzita, 411, Bairro São Paulo

Construtora Atrium
» Nesta sexta-feira, 27, às 13h30
Obra: Condomínio Edifício Atlanta
Local: Alameda da Serra, 1.033B, Vila da Serra - Nova Lima

Mais informações sobre datas das apresentações no site www.fiemg.com.br