Igreja de Santa Tereza, na principal praça do bairro, é referência religiosa
Um lugar onde o antigo e o atual se misturam. Assim é Santa Tereza, um dos bairros mais tradicionais de Belo Horizonte, localizado na Região Leste da capital mineira. A nostalgia apresenta-se nas ruas e construções do local, que herdou o nome da igreja da Praça Duque de Caxias, em 1928. Há quem diga que é um desses lugares onde perduram tradições e afloram diferentes formas culturais, como a boemia dos bares históricos da região, os ateliês de artes plásticas e grupos de dança, música e teatro.
Carinhosamente chamado de Santê, o bairro chama a atenção pela conservação de sua mineiridade. Em meio ao agito da modernidade, a vizinhança ainda mantém o hábito de dar bom dia e oferecer ajuda, além de reservar um tempo do dia para sentar na praça e bater papo. “Morar aqui é um privilégio, pois se trata de um bairro extremamente agradável, com casas antigas e históricas, sem falar na calmaria que remete às cidades do interior de Minas. Tudo isso nos agrada demais”, comenta a consultora de marketing Janaína Cunha Zonzin.
Ela sempre quis morar em Santê. “Moro com minha família no Santa Tereza há mais de oito anos. Adquirimos um imóvel, em 2011, e tivemos, inclusive, a possibilidade de comprar um apartamento em outro bairro próximo, mas o gosto por Santa Tereza falou mais alto. A programação noturna, com os bares e botecos, é um diferencial também. Apesar da movimentação de pessoas e do aumento do fluxo de veículos, acaba sendo bom pra movimentar a economia da região.”
A história do bairro reserva um capítulo conhecido mundo afora. Era em Santê que turmas de jovens artistas costumavam se encontrar para confratenizar, compor, dançar e cantar durante a madrugada. Desses encontros nasceram movimentos musicais, como o Clube da Esquina, um dos mais importantes da MPB, e bandas famosas, como Skank e Sepultura.
Praça Ernesto Tassini abriga pizzaria e bar que são muito frequentados
O Santa Tereza teve sua ocupação iniciada pelos imigrantes, especialmente, italianos, portugueses e espanhóis, que vieram trabalhar na construção da nova capital. Inclusive, muitos dos moradores atuais são descendentes deles. É possível encontrar imóveis do início do século 20, ainda com as mesmas características arquitetônicas.
Naquela época, duas construções chamavam a atenção: a Hospedaria dos Imigrantes, na Praça Duque de Caxias, onde atualmente funciona o Colégio Tiradentes, e o Hospital do Isolado, hoje o conhecido Mercado Distrital, fechado desde 2007. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, a corrente migratória foi interrompida e a hospedaria passou a servir de espaço para o Exército.
A permanência dessas pessoas na região estimulou o comércio e a melhoria da infraestrutura. Nos idos dos anos de 1920, o bairro recebeu linhas de bonde e ônibus, intensificando a chegada de novos moradores. Na década de 1930, as principais vias de acesso eram delimitadas pelas ruas Mármore, Salinas e Hermilo Alves, impulsionando mais a abertura de novas lojas, principalmente, nas proximidades da Praça Duque de Caxias. Deu-se então, o início da construção da Igreja de Santa Tereza.
PROCESSO DE TOMBAMENTO
No início de março deste ano, o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município aprovou, por unanimidade, a indicação de 288 imóveis – entre comerciais e residenciais – e quatro praças de Santa Tereza para serem preservados. Nesse sentido, qualquer intervenção no conjunto urbano, o primeiro prestes a ser tombado na cidade, só pode ser feita mediante a anuência do conselho, respeitando as características originais do local. Até então, o bairro tendia à verticalização com a construção de prédios mais modernos. É possível encontrar imóveis de R$ 1,5 milhão, independentemente da idade do empreendimento.
O tradicional Restaurante do Bolão é ponto turístico no Santa Tereza
Hoje, Santa Tereza deixou de ser uma simples área suburbana onde residiam trabalhadores imigrantes para ser uma região nobre, de grande valor cultural e econômico para Belo Horizonte.
A ordem é Botecar! O Walmir Bar e Restaurante, localizado no antigo Bar do Dondinho, em Santê, também está no Botecar, o verdadeiro festival de botecos de raiz de Belo Horizonte.
» Prato: Cururu do oororó (língua, polenta, queijo provolone, couve, cebola, pimenta biquinho, cheiro verde, baguete e alho desidratado) » Cidade homenageada: Bom Despacho » Preço: R$ 28,90 (serve de 2 a 3 pessoas) » Endereço: Rua Quimberlita, 320 » Telefone: (31) 4131-0031
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação