Status de cidade

Venda Nova tem vida própria, tanto econômica quanto cultural

Mais velha que a própria BH, a região que é uma das nove áreas administrativas da capital tem características singulares

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postado em 24/05/2015 07:00 / atualizado em 22/05/2015 15:06 Ludymilla Sá /Estado de Minas
Paulo Filgueiras/EM/D.A Press
“Não distante do grande centro metropolitano de Belo Horizonte, na capital de Minas Gerais, ainda existe um lugar com cultura e formas de sociabilidade pertencentes a um mundo do pretérito, que em muitos aspectos questiona o tempo linear da nossa modernidade. Mas, ao mesmo tempo, a sociedade desse mesmo lugar apresenta formas de vida inerentes à realidade pós-moderna, incrementadas pelo progresso das tecnologias, novidades e conforto. Trata-se da comunidade venda-novense.” Assim a historiadora Dilma Célia Mallard Scaldaferri define Venda Nova, com mais de 300 anos de existência, e seus moradores em artigo publicado no blog educarpelacidaderegionalvendanova.blogspot.com.

Venda Nova é uma região administrativa de Belo Horizonte, mais precisamente uma das nove regionais da capital mineira, e tem características singulares. É mais velha que a própria BH. Completou 300 anos em 2011. Exagero nenhum dizer que o distrito tem vida própria. Cultural e econômica, como afirma Creuniz Maria Machado, uma antiga moradora.
Natural de Itambé do Mato Dentro, Creuniz se mudou ainda criança para Venda Nova. A mais velha de oito irmãos chegou à região com 7 anos e nunca mais saiu. Estudou, casou-se e constituiu família. “Casei-me e continuei morando aqui, meu marido tem comércio na região, da qual, mesmo se não quisesse, seria obrigada a gostar. O lugar é bem assistido por todo tipo de comércio e agências bancárias, poderia estar melhor e mais bem cuidado, mas é uma região independente, desvinculada da capital, e que também nos oferece independência.”


A construção da Avenida Nossa Senhora da Piedade, em 1946, hoje Avenida Pedro I, é considerada o marco do desenvolvimento da região, que atualmente é muito bem assistida pelos sistemas de transporte, encurtando distâncias com o Centro de Belo Horizonte. A construção do aeroporto da Pampulha, a abertura da Avenida Antônio Carlos, a construção do Conjunto Habitacional IAPI e o início das obras de Oscar Niemeyer no Complexo da Pampulha ajudaram no progresso da localidade.


Venda Nova conta com duas estações de integração BHbus – Venda Nova e Vilarinho. O metrô também atende à região por meio da integração intermodal na Estação Vilarinho. Há uma grande quantidade de linhas semiexpressas, circulares, suplementares, diametrais e intermunicipais, que ligam o distrito ao Centro da capital e a outras regiões e cidades vizinhas.

Paulo Filgueiras/EM/D.A Press
A ocpação territorial desordenada, no entanto, gerou uma subdivisão de 44 bairros. Um deles leva o mesmo nome da regional, confundindo a sua referência geográfica. Mas o nó urbano de Venda Nova concentra-se na Rua Padre Pedro Pinto, desde a Praça da Matriz até a Praça Aminthas de Barros e Avenida Vilarinho. Fica na Padre Pedro Pinto, inclusive, a grande concentração comercial do bairro. Inúmeras lojas de departamentos e de eletroeletrônicos, pequenos comércios, agências bancárias, lanchonetes e supermercados estendem-se pela principal rua da região. Já na Avenida Vilarinho, além das estações do metrô e BHBus há dois grandes centros de compras e diversão: o Shopping Vilarinho e o Shopping Estação.

Já o distrito começa ao lado do Minas Shopping, abrangendo os bairros 1º de Maio, São Gabriel, Tupi, Etelvina Carneiro, Jaqueline, Celestino até os bairros Céu Azul e Mangueiras. E passa pela margem norte da Lagoa da Pampulha, incluindo os bairros Itapoã, Planalto, Floramar, São Bernardo, Jardim Atlântico, Santa Amélia, Santa Branca, Santa Mônica, Leblon, Lagoinha, Lagoa, Mantiqueira, Maria Helena, Vila Clóris, Minas Caixa, Parque São Pedro, Serra Verde, Nova York, Jardim dos Comerciários, Jardim Europa, São João Batista, Piratininga e Rio Branco.

A localidade tem 40 escolas municipais, desde centros de educação infantil e creches até o ensino médio, além de escolas particulares e um Centro Cultural e Histórico construído no reformado casarão da Rua Boa Vista, esquina com Padre Pedro Pinto. O imóvel, do fim do século 19, construído nos tempos do Curral del-Rei, renasceu, em 2013, num dos pontos mais agitados da região como um Centro de Referência da Memória.

TROPEIROS

Segundo tradição oral, a povoação de Venda Nova começou em 1711. A região servia de pouso para tropeiros que passavam por lá com gados e mercadorias, vindos da Bahia, seguindo o Rio São Francisco e, depois, o Rio das Velhas, para abastecer as minas de ouro. A Rua Padre Pedro Pinto é uma parte do que restou daquele tempo. Antiga Rua Direita e Estrada do Carretão, ela era o caminho desses tropeiros.

Paulo Filgueiras/EM/D.A Press
Por mais de 200 anos, o distrito esteve ligado, administrativamente, a Sabará, ao Curral del-Rei, a Santa Luzia e até a Campanha, atual Justinópolis. Em 1949, foi anexado, definitivamente, a Belo Horizonte pela Lei Estadual 336, atendendo reivindicação antiga da comunidade. Atualmente, ocupa uma área de 86 quilômetros quadrados, que representam 25,6% do município de Belo Horizonte, abrangendo as áreas das jurisdições das administrações regionais de Venda Nova, Norte e parte da Regional Pampulha, com mais de 100 bairros. Segundo o censo do IBGE de 2000, a Regional Venda Nova tem população de 242.341 habitantes, sendo 125.100 mulheres e 117.241 homens, numa área de 27,6 quilômetros quadrados. É possível encontrar imóveis de todos os tipos para comprar em Venda Nova. Dos mais antigos ao mais novos e reformados, todos estão marcados pela história da região.

ORIGEM DO NOME


O mais antigo documento conhecido sobre Venda Nova é a solicitação de uma licença para funcionamento de uma venda em 1781, cujo fato demonstra a vocação comercial do distrito. Não se tem certeza, apesar das muitas pesquisas sobre a origem do nome, mas consta da tradição oral que um comerciante construiu uma venda maior e melhor que as outras já existentes. Os viajantes, quando por lá passavam, diziam: “Vamos passar naquela venda nova!”. E o nome pegou.
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