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A engenharia no contexto da crise econômica

Como fator de impulso do desenvolvimento do país, o setor da engenharia é meio de encontrar soluções para o atual cenário econômico de crise

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postado em 18/02/2009 19:10
Reprodução/thumbs.dreamstime.com
Há muito se fala que a engenharia é a mola propulsora para o desenvolvimento do país. E a afirmação está correta. Diante do cenário atual, são necessárias medidas apropriadas para combater ou, ao menos, diminuir o reflexo da crise econômica que atinge o mundo inteiro. E a Engenharia é uma das profissões que atua diretamente na qualidade da vida humana.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que considera, não apenas a dimensão econômica, mas as sociais, culturais e políticas, é aferido anualmente. Tendo como indicador, não apenas o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, mas a longevidade e a educação, traz consigo critérios diretamente ligados à expectativa de vida e à taxa de alfabetização.

E qual a relação desse Índice com a engenharia? Como medida de avaliação da qualidade de vida das pessoas, os números têm influência sob praticamente todos os vetores do desenvolvimento: saneamento, habitação, infraestrutura, agricultura, produção.

A Engenharia deve desempenhar papel fundamental para o retorno do crescimento econômico, de forma sustentável e inovadora. E esse tem sido o foco de discussão que trouxe à capital federal mais de 5.000 profissionais de todo o mundo para participar do Congresso Mundial de Engenheiros (WEC 2008), realizado em dezembro do ano passado.

E, como revela a Declaração expedida no final do evento: "Nós, os participantes da WEC 2008, ressaltamos o papel da Engenharia como vetor da inovação tecnológica e como sendo de vital importância para o desenvolvimento humano, social e econômico sustentável. Na atual crise econômica, acreditamos que Engenharia e inovação, juntamente com a responsabilidade social, serão essenciais para nossa sobrevivência e progresso".

A conscientização do papel da engenharia neste contexto tem sido demonstrada, inclusive, com a política nacional expressa pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Programa esse que revela o retorno da valorização profissional das áreas tecnológicas, abre o mercado de trabalho e gera emprego e renda.

E o Sistema Confea/Crea, Mútua e Entidades têm se preocupado com tais questões, inclusive, definindo, para 2009, um portfólio contendo os projetos prioritários para atuação junto ao Congresso Nacional. Dentro da área tecnológica, deverá promover articulações que busquem, por exemplo, a inclusão social por meio de projetos de acessibilidade; a proteção ambiental por meio do incentivo à utilização de energias renováveis; e a redução das desigualdades por meio do parcelamento do solo e da regularização fundiária sustentável de áreas urbanas. O objetivo é garantir que a qualidade dos serviços seja mantida, com foco na sociedade.

Em 2008, por exemplo, após anos de batalha do Sistema, foi aprovada a Lei 11.888/08. É um projeto permanente que assegura, às famílias de baixa renda, assistência técnica pública e gratuita para o projeto e construção de habitação de interesse social. De grande significância para os municípios de pequeno e médio porte, os profissionais do setor tecnológico servirão à sociedade com ações que garantem a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável das comunidades carentes.

Seguindo um planejamento, com o uso das nossas competências e alinhados num mesmo sentido, nós, profissionais da engenharia, da arquitetura e da agronomia, somos capazes de estudar as estratégias, monitorar os efeitos da crise, propor medidas e apresentar soluções para aquilo que poderia vir a se tornar um grande problema.

A instabilidade que gera crises também cria oportunidades. É preciso ter consciência dos nossos pontos fracos e fortes, planejar, estar atentos às oportunidades embutidas, camufladas, mas certamente presentes em toda crise econômica.

Mas, para que isso aconteça, é necessário que os investimentos não parem. Investimentos públicos e privados, para projetos e obras. Dessa forma, nós do Sistema Confea/Crea e Mútua continuaremos nossa missão de defender os interesses sociais e humanos, buscando o desenvolvimento sustentável, numa perspectiva promissora para o país.

* Marcos Túlio de Melo é presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea)