A iluminação pode ser capaz até de definir a escolha de consumidores em uma loja. Ter um bom projeto luminotécnico significa um aliado a mais nas estratégias para aumentar as vendas
Dirceu implantou na loja em que é sócio-proprietário projeto que ampliou as visitas
Mesmo imperceptível às vezes ao grande público, a iluminação em uma loja pode ser capaz até de definir a escolha dos produtos pelos consumidores. Profissionais da área alertam arquitetos e designers de interiores para a importância deste recurso na hora de pensar em um projeto comercial, e o varejo cada vez mais está percebendo a iluminação como uma aliada nas estratégias para alavancar as vendas. A afirmação é da especialista em marketing e técnica em iluminação, responsável pelo Centro de Treinamentos da Philips do Brasil (Lighting Application Center - LAC Brasil), Acácia Caitano, que ministrou, no início deste mês, a palestra Projeto Luminotécnico Comercial, no Minascasa, em Belo Horizonte, em parceria com a Associação Brasileira de Designers de Interiores (ABD).
"No passado, a iluminação em um espaço comercial era pensada apenas em sua aplicação funcional. Hoje, é possível criar ambientes dentro da loja, de acordo com os interesses específicos do empresário. Este é um recurso que deve ser considerado pelos arquitetos e designers desde o início do projeto, casando com a proposta arquitetônica e de decoração dos espaços, como o tipo de piso, o mobiliário. Quando bem trabalhada, a iluminação será capaz de atrair o cliente para dentro da loja, fazer com que fique ali mais tempo, gaste mais, e saia satisfeito, podendo voltar mais vezes", ressalta Acácia.
Como explica, para cada loja existe um jogo de luzes ideal. Diante das variações de tipos de produtos e público, o projeto de iluminação pode e deve fazer uso dos elementos que mais combinam com o estabelecimento e seu segmento, continua. "Uma loja que vende roupa pede iluminação diferente da que vende perfume, por exemplo. Nesta última, a luz não pode ser muito intensa para não esquentar os produtos. Da mesma maneira, uma que vende perfume para um público da classe A exige iluminação diferente da que vende para a classe D. As tonalidades brancas da luz, ou mais frias puxadas para o azul, ou mais quentes próximas do amarelo, também vão variar se é um estabelecimento para a elite ou outro popular. Se o ambiente é requintado e quer transmitir conforto, ou se esses aspectos não são os mais importantes".
Outro ponto a ser observado é o índice de reprodução de cor das lâmpadas, que deve ser o mais fiel possível. "Se não é uma lâmpada de qualidade, o cliente pode enxergar uma cor e descobrir outra em casa, o que pode gerar insatisfação". Uma dica é substituir as lâmpadas halógenas comuns pelas de vapor metálico, que aliam baixo consumo de energia, bom nível de reprodução de cor, maior eficiência e vida útil mais longa, como os modelos Master Colour disponibilizados pela Philips.
Durante a palestra, Acácia também abordou os temas temperatura de cor, iluminação decorativa e de arquitetura, e novas tecnologias. Os LEDs (diodos emissores de luz) oferecem diversas possibilidades em efeitos de cores, para pontos direcionados, e a técnica ambiscene, de iluminação dinâmica, permite que todas as luzes em um ambiente sejam alteradas com o toque de um botão. "Você pode programar as cenas, e trocar as luzes como quiser. Durante o dia, para a noite, no fim de semana. O cliente pode ser atraído ao pensar: qual será a cor que aquela loja está hoje? A iluminação deve ser pensada para valorizar o que o estabelecimento tem de melhor".
O sócio-proprietário da Eletro Nobre, loja do Minascasa especializada em utensílios para a cozinha, Dirceu de Oliveira, implantou em janeiro um novo projeto de iluminação, mais econônimo e barato, que já rendeu aumento de 30% nas visitas à loja. "O ambiente ficou mais atrativo, a vitrine também, e o nível de visualização dos produtos melhorou muito, ganhando destaque. Quem passa na porta consegue ver o que está lá no fundo, e acho que isso fez com que os clientes quisessem entrar para conhecer. Para mim, a iluminação é tão importante quanto os próprios produtos", acrescenta.
Escolha
Na opinião da professora de iluminação e acústica da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Roberta Lopes, a palestra lembrou a importância do briefing para os projetos de iluminação. "Antes de decidir lâmpadas e seu posicionamento, é preciso entender realmente o cliente e o estabelecimento. É necessário estudar os perfis: localização da loja, iluminação natural, público-alvo, comportamento dos clientes, tipos de produto, entre outros. Se o briefing está claro, o profissional responsável pelo projeto poderá pensar quais são as melhores cores e quantidade de luz para o ambiente, por exemplo. Acho que um projeto adequado tem tudo para estimular os negócios da loja. Pode até não ser visível ao olhar comum, mas a iluminação faz toda a diferença. O apelo sensorial é muito grande. A pessoa pode ter uma visita muito mais agradável à loja se a iluminação for aconchegante".
Para a decoradora Elizabeth Boroni, um assunto fundamental sobre o papel da luz nas estratégias para atrair o público em um estabelecimento comercial é a atenção aos detalhes. "É preciso iluminar alguns pontos específicos, como o local dos produtos de destaque, e usar a iluminação para chamar a atenção do cliente".
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