Chique unido ao econômico

Pelo menos no universo da moda e da decoração, o modesto e o luxuoso convivem harmoniosamente, sem preconceitos

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Tendência de unir num mesmo ambiente peças caras e requintadas a outras de baixo custo garante charme - Valério Ayres/Esp. CB/D.A Press Tendência de unir num mesmo ambiente peças caras e requintadas a outras de baixo custo garante charme
O modesto e o luxuoso convivem em perfeita sintonia na mais nova onda que chega das passarelas para a decoração. A identidade hi-lo reúne peças de design consagrado, clássicas, caras, e preciosidades que se pode garimpar por pechinchas, para trazer aos ambientes valores inestimáveis em conceito. Misturando os mais variados estilos, formas, cores e materiais sem preconceitos, a única regra é harmonia no resultado final, e se está livre para inventar e dar aos espaços aquele toque pessoal.

"O conceito hi-lo (abreviatura para a expressão "high and low", alto e baixo) pegou forte. Essa tendência, que torço eu, perdure muitos e muitos anos, surgiu em uma época de expectativas crescentes e orçamentos reduzidos, forçando os fashionistas de plantão a mesclarem peças clássicas e caras com outras mais econômicas e básicas, vindas de lojas populares, brechós e achados por aí. Comecei a associar essa ideia à minha vida e percebi que minha casa é hi-lo, meu closet é hi-lo, meu escritório completamente hi-lo, e conseqüentemente, isso acaba refletindo na minha forma de projetar e criar", compara a designer de interiores Erika Karpuk. De acordo com a designer, além da definição original, o hi-lo está ligado à personalidade e a história de vida de cada um.

Veja mais fotos de decoração hi-lo

Pesquisando história, tendências, mostras de décor e referências que brotam a todo instante, fica fácil identificar o 'high', explica. "É o mais bacana, geralmente o mais caro, o clássico, o dito: bom investimento! Aquele abajur sonho de consumo, aquela poltrona com design assinado que você espera deixar para algum herdeiro sortudo, enfim, o hi é o top do consumo, que pode ser clássico ou moderno e não tem prazo de validade. Agora o low Ah o low Delicinha É a sutileza da questão. É onde está a surpresa da decoração. A cereja do bolo".

Erika Karpuk conta que garimpando, procurando em lojas populares, é a vertente low que mais lhe agrada. Honrando a tendência genética russa pós-guerra de reformar, restaurar, não jogar fora até gastar, e fã da Casas André Luiz, ela encontra objetos e itens únicos carregados de identidade. "O low é o achado. É a criatividade em tempos de crise. É a restauração do seu jeito. Como diz a capa da Vogue, é o charme do babado", continua.

Em uma proposta de decoração, Erika compôs o ambiente com sofá, mesa lateral, pendentes globo e objetos de design. "O sofá foi comprado na Casas André Luiz (lo), trocamos o estofado antigo para uma camurça suede importada (hi), e as almofadas são de seda rústica indiana (hi). A mesa Saarinen foi comprada na Artefacto e é revestida com folhas de ouro (super hi). Os pendentes globo foram comprados na Transelétrica da Consolação (lo). O piso original é de peroba rosa (hi) e foi restaurado trazendo novamente vida para essa madeira nobre e rara hoje em dia. Os quadrinhos com moldura rosa são uma particularidade, e é esse Low que digo ser a cereja do bolo: em uma visita ao Museu de Pompidou em Paris, o release do artista foi um 'journal' com as imagens que ele expôs. Levei de brinde, e selecionei a foto com a frase Je pisse dans mon jean et jogging. Emoldurei o texto bizzarro com uma moldura rosa fofinha(super hi-lo)", descreve.
Ambiente de Erika Karpuk (acima) e Ângela Borsoi (abaixo): contraponto e harmonia - Erika Krapuk/Divulgação e Valério Ayres/Esp.CB/D.A Press Ambiente de Erika Karpuk (acima) e Ângela Borsoi (abaixo): contraponto e harmonia

Em outro ambiente assinado pela designer, poltrona vintage, restaurada, jogada com uma almofada dos Beatles em um puff amarelo super design da Archiforma fazem o contraponto. Destaque hi-lo para os quadrinhos com ilustrações de Kennedy Bahia, compradas por 50 centavos de dólar, contornados por molduras que fazem o investimento.

A tendência hi-lo não se resume ao mobiliário e adornos, e também está nos revestimentos, como o mármore e o laminado. No projeto para uma casa modernista assinada por Luiz Figueira Lima em 1971, a proposta da designer de interiores Ângela Borsoi, em parceria com a arquiteta Mariana Borsoi foi atualizar os ambientes utilizando elementos hi-lo e exaltando a identidade arquitetônica da construção. Vasos de cristal jogados com carrancas entalhadas em madeira de coco valorizadas por suportes metálicos compõem nichos do novo look da sala de jantar. Cadeiras rústicas de fibra da Saccaro e réplicas do modelo Phanton (clássico da década de 1950) em plástico acompanham a mesa clean de aço inox e cristal negro.

ESPECIAL

Uma escultura encontrada em uma feira de artesanato traz o visual low para combinar com um cusquenho (pintura andina) original sobre o sofá, emoldurado em dourado, móveis de design consagrado, como uma poltrona Bertoia, trazendo um clima especial para o living. No ambiente dedicado à família, com piscina integrada à área de lazer, destaque para o requinte de cadeiras Philippe Starck contrapondo móveis despojados e uma mesa de madeira comprada em feira no interior de Minas.

"O hi-lo é uma tendência mundial. Um conceito que comprova como a moda e a decoração caminham juntas, mostrando que ser chique é ter, acima de tudo, personalidade. Isso não é resultado de modismos, mas de necessidades globais de nos libertarmos do consumismo exacerbado, respeitando a liberdade de escolha de cada indivíduo, e dando uma trégua para nossa mãe natureza. É aproveitar e se jogar! Sem medo de ser feliz e o melhor, mantendo as economias sob controle", completa a designer Erika Karpuk.
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