"Quando você se sente mal, procura seu médico. Se quer comprar uma joia procura seu joalheiro. E se você quer arte, procura seu antiquário e marchand de confiança. O trabalho de consultoria de arte para a decoração é um casamento entre a proposta apresentada pelo arquiteto ou designer com o conceito determinado e o orçamento do cliente. E a arte entra aí com sua varinha de condão para produzir essa mágica, essa atmosfera e, na minha opinião, no fim acaba sendo o mais importante da decoração. Então podemos dizer que a obra certa é aquela que vai dar o fechamento no astral do ambiente de acordo com cada caso, e o consultor artístico vai fazer a ponte entre os desejos do arquiteto e as possibilidades de seu cliente", ressalta o marchand e consultor de arte da Sandra & Márcio Objetos de Arte, Luiz Márcio Ferreira de Carvalho Filho.
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Abrangendo todo um mundo de peças com os mais variados preços, em um setor onde o céu é o limite, a arte está ao alcance de todos, continua Luiz Márcio. "Quando se fala em arte para a decoração, é um erro pensar que determinada peça não é acessível. Na realidade, dá para fazer uma composição deslumbrante com muito pouco dinheiro quando se lança mão da arte, e esse é o grande segredo. Se apostar nisso, dá para conceber uma decoração muito legal usando pouco", dá a dica
Um bom observador vai conseguir garimpar peças únicas nos mais inusitados lugares do mundo inteiro, em galerias, centros de cultura e arte popular, livrarias, antiquários, diretamente com os artistas, e uma boa pedida é procurar obras quando houver oportunidade de viagens, afirma Luiz Márcio. Ele ressalta que, para uma decoração com estilo determinado, existem alguns padrões para melhor compor os elementos artísticos de acordo com o bom senso, mas quando a proposta é mais livre, o importante é que as peças conversem entre si, e aí não entra muita regra, as portas ficam abertas para a licença poética do consultor de arte - claro, calcado em uma fundamentação anterior.
"A arte tem a capacidade de emocionar. Pode te trazer paz, encantamento, é um casamento que sempre vai dar certo. A arte pode fazer parte de toda sua vida, se você quiser, ou durante um período, mas seja como for ela sempre vai te dar prazer, nunca aborrecimento. Eu venho de uma escola que considera que a arte é fundamental dentro de uma casa. Sem ela, a casa fica árida e as pessoas que ali estão tendem também a ficarem áridas, não interessantes, integrando cenários como personagens. E arte é uma coisa que está na casa de gente verdadeira", acrescenta Luiz Márcio.
LAÇO IDENTITÁRIO
Para a proprietária da M'Boitatá Arte e Antiguidade, Germana Moro, a arte enleva o espírito humano, e agrega valor na decoração que vai além de apenas criar uma ambientação
Muito além de um sofá ou um tapete, elementos mais neutros, os objetos de arte enobrecem a decoração com personalidade própria, carregando uma força que vem da história do artista e do valor do seu trabalho, acrescenta a arquiteta Flávia Roscoe. "Os efeitos são muito bacanas quando a arte está bem inserida em um trabalho de decoração. A casa adquire a sua personalidade muito através da arte. Para escolher quadros, esculturas e outras obras, o mais acertado é apostar naquilo com o que você se identifica. Usando peças trazidas ao longo da vida, ou que mexam com a emoção, é fundamental que elas interajam com os moradores, e o lugar vai tomando a cara do dono. Esses objetos representam não apenas uma questão estética para se aprofundar no processo que realmente caracteriza aquele ambiente e aquelas pessoas", afirma. Em seu ambiente na última edição da Casa Cor Minas Gerais, a Sala do Presidente, a atmosfera artística fez o papel de vedete para expressar a proposta. Com possibilidades pipocando por aí, ela orienta procurar uma consultoria específica, grande parceira dos trabalhos em design.
"Quando vou projetar uma ambientação de interiores, sempro penso além do mobiliário. Acredito que a obra de arte humaniza meu projeto, traz vida. Acaba que os móveis são uma coisa mais estática. E eu tenho muito respeito pelo trabalho do artista, nunca uso uma obra apenas para colorir, por exemplo. Procuro selecioná-las junto ao meu cliente e deixar o olhar dele guiar esta escolha. Acredito que o meu projeto é bem finalizado quando a obra de arte tem a ver com o cliente, quando ele fica sensibilizado com o que levou para dentro de casa. Agora, quando a pessoa quer apenas um enefeite, aí não vale a pena investir", completa a arquiteta Dodora Gontijo.