Grafite dentro de casa

Arte visual que vem das ruas invade o design de interiores cheia de cor, textura e personalidade

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postado em 04/03/2011 11:21 Joana Gontijo /Lugar Certo
Das ruas para as paredes residenciais, a técnica ganhou prestígio e reconhecimento de decoradores e designers de ambientes - Derlon Almeida/Divulgação Das ruas para as paredes residenciais, a técnica ganhou prestígio e reconhecimento de decoradores e designers de ambientes
Saindo dos muros das cidades para invadir o design de interiores, o grafite ganhou definitivamente status de obra de arte, passando a dividir espaço com as pinturas clássicas também nas paredes residenciais, seja na casa de colecionadores ou simplesmente de quem quer completar a decoração com um toque de modernidade exclusiva. O resultado desse tipo de trabalho é sempre fantástico, já que trata-se de uma expressão natural e espontânea, que conversa com o espaço em que está inserida.

"O grafite tem cores e texturas diferenciadas. Em quartos de jovens, por exemplo, traz um ar de rebeldia. Em espaços para casal, pode ser trabalhado em figuras mais leves, românticas. Nas salas de estar, jantar, retratos de paisagens e pássaros caem bem. Atualmente, as possibilidades se abrem e ele cabe em qualquer lugar da casa. É preciso ter o cuidado para escolher bem o tema", salienta a arquiteta Laura Cruz, da Espaço Design de Interiores. Segundo Laura, o grafite é único. Trata-se de uma pintura que, seguindo a inspiração do artista, nunca vai se repetir. E dá para brincar com qualquer tema, algo diferente em cada parede. "Além disso, contempla o lado da interação social, de valorização do grafite enquanto obra mesmo. E a decoração se aproveita disso com todo o glamour", continua.

Veja mais fotos do grafite na decoração

Para a sócia de Laura, a arquiteta Liliane Cruz, levar o grafite para dentro de casa é uma forma de valorizar o trabalho dos artistas, o surrealismo urbano que traz um clima despojado, moderno, futurista, ousado, saindo das composições clássicas. "E o grafite também pode ser aplicado em móveis e eletrodomésticos. Já vi em uma geladeira que ficou super bacana. Sabendo usar, é divertido e cai bem em qualquer cômodo da casa".

Direto das ruas de Belo Horizonte para o Morar Mais do ano passado, o destaque do quarto do adolescente projetado pelas arquitetas ficou com a parede grafitada por trás da cama, assinada pelo grafiteiro Kuringa, que mostra um viajante do tempo chegando do futuro pelos tijolos quebrados, e adentrando o quarto. A iluminação e a tela de projeção de vidro foram baseadas na proposta futurista do ambiente, enquanto os tons sóbrios utilizados nas paredes e no tapete contrastam com os coloridos do grafite e dos acessórios. "Nesta mostra queríamos fazer algo diferente, a preço acessível. Plotagens são apenas alguns exemplos do que pode ser feito nas paredes. Dentro dessa infinidade, uma alternativa que tem custo baixo e é bastante interessante é o grafite. O artista que escolhemos já tinha um trabalho em placas de rua, e de repente começou a perceber que, além do hobbie, realmente sabia pintar. O grafite na decoração une o que vem da rua, mostrando que não é feio, para, bem colocado, se tornar obra de arte", completa Laura.

Na 17ª edição da Casa Cor SP, em 2003, os traços da dupla Os Gêmeos, atualmente conhecidos internacionalmente, chamaram a atenção no teto com de uma sala de maneira sofisticada, aproveitando o pé direito alto. O projeto do designer de interiores Oscar Mikail foi um dos primeiros a explorar as figuras dos grafiteiros. Para Oscar, o grafite já venceu o preconceito para ser tratado como arte. "Toda obra contemporânea agrega aquilo que está acontecendo no mundo, com liberdade, uma arte atualizada. O grafite foge do padrão da gravura, da escultura, de uma fotografia. Retrata pessoas inteiradas, com a cabeça aberta, jovem".

O designer sugere utilizar o grafite em superfícies amplas, para gerar o impacto inerente. "Uma parede de fundo em um quarto, uma sala, ou até no hall de entrada". Para a escolha do tema, a opção vai de acordo com o que o morador gosta e o trabalho do grafiteiro. "Ao invés de ficar impondo o que quer, é bom já conhecer o trabalho de algum profissional com quem você se identifique e sugerir uma tema para que ele fique mais livre. Senão, fica uma pintura engessada", orienta Oscar.
Grafite no quarto do adolescente, na Morar Mais 2010 (acima) e trabalho de Derlon Almeida (abaixo): inovação e exclusividade - Gustavo Xavier/Divulgação e Derlon Almeida/Divulgação Grafite no quarto do adolescente, na Morar Mais 2010 (acima) e trabalho de Derlon Almeida (abaixo): inovação e exclusividade

O grafiteiro Derlon Almeida diz que, como pintura mural, na sala ou no quarto, o grafite nas residências cria uma conversa com o ambiente de forma espontânea, assim como nas ruas. Para ele, é um traço diferente para a decoração, algo inovador, uma tendência de tornar a obra de arte exclusiva para além dos quadros. "Começamos a perceber o quanto as paredes das ruas são valorizadas com as pinturas desses artistas. As obras se fortalecem, vários artistas mergulham em estudos e criam trabalhos super criativos, e isso despertou o interesse privado em levar o grafite para o interior da casa, pois ele é algo novo".

REPERTÓRIO

Derlon conta que seu trabalho segue uma linha particular e, quando vai fazer uma grafite em uma residência, os temas são decididos dentro do que já faz parte de sua obra, o que abre possibilidades amplas já que o repertório é abrangente. Normalmente árvores, pássaros e paisagens são muito procurados. O grafiteiro acredita que o valor artístico para além dos quadros e itens de decoração comuns enriquece a casa no que diz respeito à cultura.

Entre clientes indicados por arquitetos, que já conhecem o traballho, ou aqueles que viram em revistas de decoração, Derlon diz que não há muita restrição de público para as obras. "Basta achar interessante e acreditar que a obra vai criar harmonia na casa". A faixa de preço de um grafite varia de artista para artista, sendo que alguns já valem uma fortuna. O trabalho de Derlon fica em aproximadamente R$ 3 mil para um mural de tamanho médio.
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