Para deixar os espaços modernos e criativos, o uso de móveis baixos nos ambientes é uma boa alternativa que tem sido usada por decoradores e arquitetos. Mas essas não são as únicas razões pelas quais esse tipo de mobília ganha a atenção dos profissionais, que destacam como maior benefício da opção o fato de eles possibilitarem amplitude. Para os que têm pouco espaço em casa, isso significa maior aproveitamento de cada cantinho do lar, além da sensação de leveza e relaxamento.
Quem concorda com essa ideia é a arquiteta Estela Netto, que destaca as vantagens de se optar por esse estilo. “Móveis mais baixos conferem uma sensação de fluidez maior nos espaços e permitem ainda maior amplitude, pois os volumes são menores. É uma tendência na decoração”, explica. Segundo a profissional, grandes indústrias têm produzido peças mais baixas e designers renomados também têm optado por elas, uma vez que conferem um toque contemporâneo ao ambiente.
A arquiteta Valéria Alves diz que eles são muito usados em lounges e casas noturnas, locais que necessitam de um mobiliário que favoreça a circulação de pessoas. Para escolher com o que decorar a casa, a profissional cita também mesas de apoio e gaveteiros de cabeceira. “É só tomar cuidado, pois cada morador tem personalidade e necessidades diferentes”
Apesar de hoje estar em destaque na decoração, Estela Netto diz que sempre existiu um pré-dimensionamento para padronizar os móveis que, não necessariamente, era o mais confortável. “Por isso, todo móvel pode ser de uma estatura mais baixa. Depende de como o usuário vai se adequar a ele.” As pessoas que demandam esse tipo de móvel são aquelas mais ligadas ao design das peças.
ADEPTOS
A amplitude também favorece a adesão pelos jovens e recém-casados aos móveis baixos. Especialmente porque o primeiro apartamento quase sempre é pequeno
Versatilidade na composição
Preferidos pelo público mais jovem e por pessoas que gostam de investir em design em casa, móveis baixos podem ser encontrados para pronta entrega ou feitos em marcenarias
Uma prova de que os móveis baixos vieram para ficar é a incorporação nos ambientes de opções que antes só eram encontradas em tamanhos mais altos. Um dos exemplos é a mesa de centro, que agora dificilmente é encontrada à venda em modelos mais altos. Para os que gostaram de mobílias menores, o mercado já oferece grande variedade, não havendo necessidade de encomendar peças sob medida.
A facilidade de encontrar esse tipo de móvel no mercado atualmente é um dos fatores que tem feito com que eles tenham grande aceitação por parte dos consumidores. Mas há outros, segundo a arquiteta Valéria Alves. “Facilidades de transporte e acomodação no ambiente, além da versatilidade. Com uma boa composição, é perfeitamente possível fazer um ambiente bonito, prático e confortável”, diz.
A decoradora Fernanda Berni observa que a tendência por peças de baixa estatura surgiu há acerca de 10 anos, mas foi entrando no mercado aos poucos. “À medida que os móveis mais baixos começaram a aparecer nas lojas e a serem fabricados por fornecedores, as pessoas começaram a prestar atenção e aceitá-los”. As alterações que ocorrem com relação ao que é valorizado e cai em desuso também levaram as pessoas a aderir a esse tipo de mobiliário. “A tendência dos móveis baixos tem tudo a ver com uma mudança de comportamento, padrões e do próprio conceito de elegância: da suntuosidade e sofisticação para a leveza, simplicidade e autenticidade”, comenta Fernanda.
Mas não são todas as pessoas que privilegiam esse mobiliário. Segundo a decoradora, esse tipo de móvel é muito bem-vindo por um tipo específico de consumidor. “Os jovens são mais abertos à novidade e entre os solteiros há uma preocupação menor com a ergonomia. Em geral, esse público está mais preocupado com visual e modernidade do que com conforto e praticidade. As pessoas mais velhas e as mais altas não costumam aderir a essa tendência devido ao desconforto de ficar abaixando o tempo todo.”
Além de fatores práticos, houve uma mudança de percepção do consumidor sobre suas necessidades e vontades, como explica a arquiteta Cristiane Maciel. “Ele percebeu que precisava otimizar espaços, mantendo uma linguagem contemporânea. Além de, quando bem especificados por um profissional, podem até minimizar o custo do mobiliário com um todo”, diz. Mas, se mesmo assim você opte por encomendá-los, o caminho é recorrer à ajuda de um arquiteto, que, com um marceneiro, traçará um programa de necessidades.
OFERTA
Apesar de reconhecer que eles já podem ser encontrados prontos nos grandes varejistas de móveis, Fernanda Berni observa que não há tantas opções assim. “É mais fácil encontrá-los em lojas voltadas para um público mais adepto a novidades de decoração e que investe mais em design. Nas lojas de perfil mais popular, eles também já estão começando a aparecer, mas não com tanta força.”
A arquiteta Denise Aurora concorda com Fernanda no que diz respeito aos locais onde os móveis baixos são vendidos. “Ainda não é possível encontrá-los em qualquer loja. De maneira geral, estão nas lojas que têm tradição em vanguarda. E, no caso de encomendá-los, o ideal é haver um projeto personalizado e um profissional para acompanhar.” Na hora de projetar o móvel baixo, é imprescindível que seja feita uma avaliação minuciosa da demanda dos moradores e do espaço que utilizam. “A escolha dos materiais é um detalhamento apurado garantindo estética e ergonomia. Finalmente, uma mão de obra de instalação e execução especializada.”
Estilo predominante
A identificação de um estilo que seja mais adequado a esse tipo de decoração ajuda a visualizar a composição dos objetos nos ambientes. Alguns especialistas dizem que o contemporâneo se encaixa melhor com os móveis baixos. Entretanto, um profissional consegue mesclar esse mobiliário com outros estilos, garantindo identidade ao ambiente.
Os móveis baixos, por exemplo, também podem ter um toque de influências que vêm da Índia, ou dos estilos moderno ou retrô.
Atenção às cores e ao conforto
Tomados esses cuidados, todos os ambientes podem receber móveis com uma altura menor do que a convencional. Algumas peças, inclusive, chegam a ter quase o mesmo nível do chão, como explica a arquiteta Estela Netto. “Deve-se ficar atento à adequação ergonômica. Pessoas muito altas vão se sentir desconfortáveis com esse tipo de mobiliário”, alerta. A cor também tem influência direta no efeito que o espaço vai transmitir. Tonalidade, volume e forma devem ser analisados para que o objetivo traçado no projeto de decoração seja alcançado. As nuanças mais escuras, por exemplo, ficam lindas e combinam bastante com essa proposta dos móveis mais baixos. “Porém, tudo vai depender do conceito do projeto e do repertório estético do cliente”.
Para escolher as que farão parte do espaço, é preciso analisar o estilo, a composição e o conceito do ambiente. “Hoje, há uma liberdade de cor muito grande. Há desde as neutras (lacas brancas, beges e pretas) até as mais fortes, que podem fazer um contraste legal”, indica Fernanda Berni. A escolha correta dos objetos para composição do espaço e sua forma de organização também devem ser levadas em consideração. De acordo com Estela Netto, a opção por essa mobília influencia todas as outras escolhas. “Se a chaise de leitura for baixa, você não pode escolher uma luminária alta para acompanhá-la. Já a mesa de centro baixa permite a utilização de adornos altos, porque não atrapalha a conversação entre as pessoas que estão nos sofás”.
O uso de peças decorativas dependerá de cada ambiente em que elas são utilizadas, como observa Valéria Alves. “Uma sala multiuso pode ter uma grande mesa baixa com almofadas e futons em sua volta, que tanto serve para as refeições como para receber os amigos ou para reuniões familiares. Nesse caso, móveis altos próximos a essa composição quebrariam a harmonia do ambiente”. De acordo com Fernanda Berni, deve-se sempre pensar em vários critérios, mas, principalmente, em harmonia, ritmo e equilíbrio.
PALAVRA DE ESPECIALISTA
Valéria Alves - arquiteta
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