Milão 2012

Os ventos do design internacional

Espécie de bússola do setor, o Salão do Móvel de Milão apontou tendências, mas também decepcionou com excesso de releituras

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postado em 02/05/2012 10:46 / atualizado em 02/05/2012 11:20 Da Redação /Correio Braziliense
Divulgação

O Salão do Móvel de Milão dita as tendências em mobiliário e acessórios e é uma das exposições mais importantes do circuito de decoração. Em sua 51ª edição, o salão incluiu a Eurocucina, que mostrou o que há de novo em eletrodoméstico e móveis para cozinhas; o Salone Internazionale del Bagno, com as novidades para banheiros; o Salone Del Complemento d'Arredo, de acessórios para móveis; e o Salone Satellite, espaço reservado para jovens designers. Durante o evento, que ocorreu entre 17 e 22 de abril, a cidade italiana foi tomada por turistas e profissionais do ramo que visitaram o salão oficial e as mostras paralelas. “Ficamos muito felizes com a quantidade de visitantes vindos do Brasil”, afirmou Massimo Poggipollini, um dos responsáveis pela divulgação do evento.

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Tapete Marakatú By Kamy, pelo designer Sérgio Matos. Feito artesanalmente com fios de náilon, pode ser montado de acordo com o cliente  - Divulgação Tapete Marakatú By Kamy, pelo designer Sérgio Matos. Feito artesanalmente com fios de náilon, pode ser montado de acordo com o cliente
Apesar de não contar com designers brasileiros na mostra oficial, as mostras paralelas levaram a bandeira verde e amarela para os europeus. O lounge Brazil S.A., que estava localizado no Pallazo Giureconsulti, por exemplo, serviu de espaço para uma série de exposições como a Renda-se ao Brasil, que, como o nome sugere, reuniu trabalhos em renda. A exposição Rio+Design também fez parte do circuito alternativo e contou com 30 trabalhos de 23 designers fluminenses dispostos em 95m² na região artística Via Tortona.

Para o designer Frederico Hudson, a atual safra de peças não carrega uma tendência artística dominante, mas há um quê modernista nos móveis de traços sintéticos e sem muitos adornos. “Na era da informação instantânea, os estilos podem variar muito — mas percebo que há bastante cuidado no uso de materiais mais orgânicos e que tenham menos efeito no meio ambiente. No Salão de Milão, observamos desde temas lúdicos e divertidos até projetos mais sóbrios e com aspectos industriais bem evidenciados”, avaliou.

Cadeira Esqueleto, por Pedro Franco. O encosto e o assento foram criados com a reutilização de cabides de roupa. A estrutura é de aço inox e um assento sobreposto de chapa metálica é revestido com espuma e tecido - Divulgação Cadeira Esqueleto, por Pedro Franco. O encosto e o assento foram criados com a reutilização de cabides de roupa. A estrutura é de aço inox e um assento sobreposto de chapa metálica é revestido com espuma e tecido
A crise econômica que assola a Europa parece ter afetado os expositores. Embora trabalhos conceituais ainda tenham vez, prevaleceu a releeitura de clássicos. O sentimento foi de nostalgia. Para compensar a falta de riscos, a FTK, parte da Eurocucina voltada para novas tecnologias, serviu de refresco. Lá, por exemplo, todos os fogões expostos funcionavam por indução magnética (aqueles que só aquecem quando um objeto composto de liga metálica toca a placa preta, diminuindo o risco de queimaduras acidentais).

O arquiteto Marcelo Rosset, que esteve no salão, confirmou a sensação de déjà-vu, mas acredita que isso aconteceu porque muitas empresas renomadas estavam comemorando aniversário e aproveitaram para mostrar um histórico de seus produtos, deixando de lado os lançamentos. Mesmo assim, Marcelo considerou a visita importante para os profissionais da área e destacou algumas tendências. “Continua a procura pelo que é sustentável e as cores são mais neutras (bege e cinza). Nas cozinhas, a aposta é nos vidros como revestimento para tampos e frentes de gavetas e armários, usando ferragens com
Mutation Series: a designer belga Maarten De Ceulaer projetou móveis feitos de esferas de espuma que se parecem bactérias. Foi a série mais falada do Salão - Divulgação Mutation Series: a designer belga Maarten De Ceulaer projetou móveis feitos de esferas de espuma que se parecem bactérias. Foi a série mais falada do Salão
mecanismos nos armários. Chamou bastante a minha atenção que a produção de vários ambientes foi feita com vegetação ou paredes verdes”, conta.

As impressões não foram unânimes, como pontua a arquiteta Pricilla de Barros. “Não senti falta de inovação: pelo contrário. A feira de Milão serve como referencial de tendências. E uma tendência amadurece ao longo do tempo pelo uso e, consequentemente, pela adequação do objeto proposto inicialmente. Milão continua a ser o portal das novidades”, afirmou. Para a arquiteta, a experiência de visitar o salão é insubstituível. “É sempre enriquecedor ver e tocar em objetos e matérias que só teríamos referência por meio de livros e revistas.”

Agradecimentos: Oferenda Objetos, Ufficio Immagine e Comunicazione.

Tags: design,

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