Atualmente sinônimo de objeto antigo ou restaurado, sofisticado e elegante, com valor de arte e ligação familiar, a palavra vintage tem origem no século 18, na região dos vinhos de Provence, interior da França. Na época, vintage significava 'ano em que foi feito o vinho', mas ganhou mesmo o mundo com a retomada do termo na moda a partir dos anos 1920, tendo como grande expoente a estilista Coco Chanel.
Veja fotos de peças vintage
Para um mobiliário ser vintage, não basta ser pouco velhinho ou com cara de antigo. A peça deve ter, pelo menos, 20 anos de idade, qualidade e evocar no dono lembranças e momentos de relações afetivas. Enfim, contar uma história. O coordenador do curso de Design de Interiores do Instituto Superior de Educação de Brasília (Iesb), Eliton Brandão, afirma que, no Brasil, o vintage não era muito bem apreciado, principalmente durante as décadas de 1960 e 1970, anos em que estava em alta na Europa e nos Estados Unidos. “O Brasil do pós-2ª Guerra Mundial queria ser moderno, então o vintage era visto como cafona, que, inclusive, é um termo da época”, comenta. “Ainda mais com a construção de Brasília, que era o símbolo máximo de modernidade e futuro não só na arquitetura, mas na concepção de novos rumos para o país”. Agora, ter objetos antigos em casa virou cool e confere símbolo de status ao proprietário.
Vintage não é retrô
Como deixar a casa com ar vintage?
Uma das maiores dúvidas de interessados em decorar usando o vintage é como fazê-lo sem transformar a residência num antiquário. A resposta: personalidade. Eliton afirma que é preciso marcar a personalidade do morador. A solução é combinar linhas retas contemporâneas, por exemplo, com o que o dono tem de especial, de família e de característico na residência. “Dessa forma, o vintage ganha presença. Não adianta ter em casa vários objetos que não parecem que pertencem a você. Ninguém quer morar em casa de revista de arquitetura”, ressalta.
O segredo é equilíbrio em identificar o que foi fabricado atualmente e há 200 anos. A arquiteta Fátima Alvim diz que o ideal é ter uma predominância de estilo com toques vintage
Como o vintage pode englobar muitos anos e até séculos, são diversos os estilos que podem ser utilizados. O recomendado por Fátima, porém, é usar móveis a partir do estilo Luís XV, de 1730 a 1760, aproximadamente, pois peças mais antigas podem dar ao ambiente aspecto muito pesado. “Claro que o tipo de decoração vintage depende, ainda, da cultura do país. No Brasil, o tradicional colonial mineiro é uma boa pedida”, analisa.
Em geral, os ambientes em que o vintage mais aparece são salas, halls de entrada, quartos e até lavabos. “Se bem pensado e avaliado, é possível fazer instalações elétricas e hidráulicas nos móveis e usá-los normalmente com pias e luminárias”, acrescenta.
O vintage visto no dia a dia
Podem ser exemplos vintage: relógios de parede, baús, cadeiras, mesas, objetos de decoração, roupas, colares de pérolas, taças de cristal e carros, como cadillac, galaxy e até o fusca. Para se ter ideia, o transatlântico Titanic foi todo decorado com o estilo por dentro. Hoje, ele em si é vintage. Ainda, no mundo dos desenhos animados, a personagem Betty Boop é um bom exemplo do conceito.
“Acho que o vintage, além de material, é emocional. Ele se transformou muito mais numa forma de ser do que num estilo necessariamente. Para falar a verdade, o vintage nunca saiu de moda. Quem sabe o computador de hoje vai se tornar vintage daqui a uns 30 anos?”, reflete Eliton.
Agradecimentos: Relicário (508 Sul) e Undergallery (CasaPark).