Dona de rara e exótica beleza, ela agrega, com um toque delicado, elegância e sofisticação onde está. Considerada uma das mais apreciadas espécies de flores cultivadas em todo o mundo, a orquídea se destaca pelas diferentes matizes, que carregam uma enorme gama de formas, cores e tamanhos, sem falar nos perfumes extremamente agradáveis. Com tantas qualidades, esta planta é uma excelente forma de decorar ambientes internos e externos, sejam domésticos ou de trabalho, assim como são muito procuradas para a ornamentação de eventos, mantendo sempre um tom de romantismo no ar. Harmonizada com os outros elementos do espaço, em vasos de bom gosto adornados com bonitos arranjos ou misturada com outras flores, a orquídea deixa o resultado final da decoração agradável e com um frescor inerente. Versátil, pode ser usada em qualquer tipo de projeto, e cuidados como o vaso adequado, adubo, quantidade certa de água e luz, podem fazer com que a florada anual tenha maior duração.
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As orquídeas pertencem à família das Orchidaceae, a mais numerosa de todas, com mais de 30 mil espécies em todo o mundo - desconsiderando as milhares híbridas, resultados de cruzamento entre gêneros pela ação do homem ou da própria natureza - , e são consideradas por muitos botânicos como a mais evoluída das espécies de plantas com flores, explica o orquidófilo e paisagista vice-presidente da Associação Mineira de Orquidófilos (AMO), José Francisco de Mello. “Com exceção das calotas polares, as orquídeas estão presentes em todo o mundo. Elas representam 1/12 de todas as plantas com flores. O Brasil é um dos países que tem uma das maiores variedades do planeta, devido à mata atlântica e aos diversos biomas existentes em todo o território nacional. O estado do Espírito Santo é o que tem a maior variedade no país e Minas Gerais vem em seguida”, ressalta.
A floração das orquídeas é muito variável, de acordo com as espécies, acrescenta José Francisco. “Há espécies que chegam a três meses de floração, outras duram em torno de 15 dias, e existem ainda algumas espécies em que a flor vive apenas um dia”, esclarece. Para conservá-las por mais tempo, o ideal é manter as plantas, quando floridas, dentro de casa, sem o sol direto, e evitar molhar as flores, indica. “A rega da planta é um dos fatores importantes do cultivo pois, com excesso de água, pode-se matar a planta afogada, e com a falta também. Ou seja, deve-se sempre observá-la, nunca deixando encharcada. Se o substrato estiver totalmente seco, aí sim é indicado molhar novamente”.
O paisagista explica que, no caso das orquídeas, a poda não existe, e sim a divisão da planta. “Quando a planta está muito grande para o vaso em que está, é preciso dividir a touceira, trocar o substrato, seguindo as regras que podem ser aprendidas nos cursos para iniciantes de cultivo”. Para José Francisco, a orquídea é uma planta mágica que confere beleza, perfume e paz ao ambiente em que está inserida, proporciona um encanto que emociona e cativa a todos. “Por estes motivos, cada vez mais pessoas estão procurando informações sobre como cultivar e como fazer florir a orquídea de sua casa”.
Ainda em relação aos cuidados, as sócias da Trópica Paisagismo, Kátia Matos, Regina Rocha e Juliana Aguiar, lembram que, dentre as inúmeras espécies, algumas têm necessidade de muita luz, outras não, muita ou pouca água, e também é importante fazer o reenvasamento a cada dois anos no máximo, ou se as raízes ficarem escuras
Com combinações de cores diversificadas, passando pelo branco, amarelo, laranja, vermelho, rosa, lilás, roxo, preto e, mais recentemente, uma variação azul, modificada em laboratório, seja qual for a espécie, a orquídea sempre carrega um apelo estético espetacular, destacam Kátia, Regina e Juliana. “Quanto ao tamanho, as flores podem variar de 2 milímetros a mais de 20 centímetros. Orquídeas podem ser minúsculas, compridas, com formas estranhas, mas em sua maioria são flores de
Para o arquiteto paisagista Benedito Abbud, as orquídeas sempre foram objetos de desejo, mas eram muito raras. Com a evolução do mercado de flores, elas se multiplicaram, com mais facilidade de acesso, frisa o profissional. Ele explica que as espécies mais comuns são as chamadas olho de boneca (dendrobium), chuva de ouro (oncidium), cymbidium, arundina
Abbud acrescenta que as formas de aplicar as orquídeas são extensas. Elas podem ser plantadas no chão, amarradas em troncos de árvore, compor totens - elementos verticais apoiados a partir do chão, que podem ser um tronco ou uma viga, revestidos com fibra de coco, onde as espécies são plantadas -, ou como tubos de tela plástica - que podem ser cheios também com fibra de coco, onde são colocadas as plantas -, criando “charutos” de flores para ser pendurados, por exemplo, em pergolados, agregando muito charme à proposta, diz Benedito. “Uma outra opção é a criação do próprio orquidário, que pode ser projetado como se fosse um pergolado, sendo que as ripas superiores devem ser dispostas no sentido norte-sul, de forma que a orquídea receba luz e sombra durante todo o dia. Não é indicado que a planta fique totalmente exposta ao Sol, porque ela não resiste. As orquídeas também podem ser aplicadas em muros e paredes verdes, e nos chamados ecotelhados”.
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PAIXÃO ATRAVESSA GERAÇÕES
O comerciante Raimundo Alexandrino Vieira, 80, começou a cultivar orquídeas há cerca de 15 anos, movido principalmente pela curiosidade. Ele possui pouco mais de 100 exemplares, reunidos na casa em que vive no bairro Caiçara, em BH, e na chácara em Santa Luzia, na região metropolitana. Raimundo conta que sempre gostou de flores, em geral. Quando ia capinar um canteiro para retirar as pragas, via uma flor e ficava com pena de arrancar, lembra. “Certa vez, conheci um rapaz sírio que gostava de orquídeas e de vez em quando ele me dava alguma. Foi quando comecei a pegar gosto e a ter em casa. A orquídea me atrai muito, porque demora para abrir o botão, e eu gosto desta espera pela flor, desta curiosidade, de ver que a raiz está boa, que a planta está sadia. Tenho prazer em cultivá-las. Eu compro a flor, mantenho, e quando é possível divido a muda, replanto, troco com alguém. É uma coisa interessante, porque antes eu preferia as flores grandes, agora tenho preferência pelas pequenas. Tenho de várias cores, e adoro o perfume. Para mim, elas trazem tranqüilidade.”
Em Minas Gerais, a Associação Mineira de Orquidófilos (AMO), fundada em 1988, atua no incentivo a novos orquidófilos, na preservação das orquídeas na natureza, realiza cursos e palestras sobre plantio e novas técnicas, e possui ainda um acervo bibliográfico que, segundo José Francisco de Mello, pode ser considerado um dos melhores do ramo dentre as instituições congêneres, constituindo excelente material de consulta e pesquisas. O vice-presidente da AMO ressalta que o número de orquídófilos em Minas Gerais é muito grande. “Há associações orquidófilas em quase todas as cidades mineiras. Seria uma injustiça dizer um número exato, pois em cada município do estado temos uma grande quantidade de pessoas que são apaixonadas por esta planta. Já o número de produtores é menor, pois para ser produtor é necessário ter um laboratório com equipamentos de última geração para se fazer meristemas (clones) e semeaduras cruzadas. Acredito que em Minas existem cerca de 10 produtores de maior porte”.
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