Liberdade na decoração

Uso de gaiolas como adornos ganha força nos ambientes

Em espaços residenciais e até em escritórios, elas misturam estilos provençal, rústico e romântico. Variedade de materiais permite combinações inusitadas

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postado em 23/12/2012 07:00 / atualizado em 22/12/2012 14:01 Joana Gontijo /Lugar Certo
Charme das peças está na possibilidade de criar composições livres conforme o acabamento escolhido. Inclusão de plantas, bibelôs e luminárias ajuda na decoração - Eduardo Almeida/RA Studio Charme das peças está na possibilidade de criar composições livres conforme o acabamento escolhido. Inclusão de plantas, bibelôs e luminárias ajuda na decoração

Desempenhando função diferente da tradicional, as gaiolas deixaram de abrigar passarinhos para invadir a casa. Carregando estilo próprio, em formatos variados, românticos e delicados, elas estão fazendo muito sucesso na decoração. Em arranjos de mesa ou para adornar áreas externas, as gaiolas podem ser aplicadas de diversas maneiras, combinando com casas de campo, imóveis urbanos e até com o escritório. Ao invés de animais presos, a tendência é enfeitá-las com velas e flores, por  exemplo, deixando os ambientes mais agradáveis e convidativos.


De acordo com as designers de interiores Élian Pérsia e Gabriela Hoepers, as gaiolas podem ser inseridas nos projetos de  design com versatilidade, com possibilidade de ser usadas em diferentes tipos de espaço. “Não é necessário predeterminar o  ambiente onde a gaiola será utilizada. É preciso sentir onde ela ficará mais adequada ao estilo da casa. Pode servir para iluminar, compor, adornar, ou destacar algum item específico”, dizem. Para as profissionais, a decoração se tornou algo  acessível a todos, e a tendência de reaproveitar, criar, recriar e dar outras funções a certos materiais vem se destacando cada  vez mais, contexto que inclui a nova onda das gaiolas, que já ganharam formas alternativas de uso, destacam.

Casadas com os demais elementos presentes no ambiente, as gaiolas podem resultar em propostas clássicas, contemporâneas, ou com um tom retrô, segundo Élian e Gabriela. “Dependendo de como ela será incluída no projeto, pode criar uma atmosfera mais intimista e aconchegante ou, em outros casos, mais descontraída. A harmonia do ambiente se dá  em como ele está composto como um todo, e depende muito do efeito pretendido para a gaiola, se será destaque ou um  item complementar. A criatividade vai muito além dos nosso olhos.”

No Quarto do Bebê, projeto de Élian Pérsia e Gabriela Hoepers para a Morar Mais por Menos, encerrada em setembro em BH, as gaiolas foram usadas como luminárias - Gustavo Xavier/Divulgação No Quarto do Bebê, projeto de Élian Pérsia e Gabriela Hoepers para a Morar Mais por Menos, encerrada em setembro em BH, as gaiolas foram usadas como luminárias
No ambiente criado por Élian e Gabriela para a mostra Morar Mais por Menos, encerrada em setembro na capital, as gaiolas  foram escolhidas para destacar a iluminação. A decoração do Quarto do Bebê tinha como intuito o garimpo de objetos e o  reaproveitamento de peças de outros cômodos da casa, que podem depois ser usadas em outros ambientes quando o bebê  crescer e o quarto sofrer alterações. “As gaiolas se encaixavam muito bem nesses fatores, além de serem criativas, com  preço acessível e dentro da proposta da mostra. Usamos os tons pasteis em rosa, azul e amarelo, o que indeterminava o  sexo do bebê. O efeito resultante foi uma iluminação aconchegante, com as marcas da gaiola fazendo uma sombra muito interessante. A ideia foi aprovada pelo público visitante com sucesso. Uma proposta de iluminação com custo baixo, composta  com cores e efeitos de luz que deram um ar de requinte ao espaço, usando simples gaiolas.”

Para a designer de interiores Cristiane Antunes, as gaiolas podem desempenhar funções decorativas diversas, não só em  ambientes domiciliares, mas também na composição de festas e eventos, sem limites para a criatividade. “Desde que ela  tenha sido adaptada para adequar-se ao contexto da decoração daquele espaço, a gaiola pode estar em qualquer lugar. Antes, pensava- se automaticamente em áreas externas, geralmente de lazer com um estilo mais campestre e rústico, algo  ligado a animais. Hoje, quando vivemos numa época em que tudo pode e deve ser reutilizado, os objetos começaram a desenvolver múltiplas finalidades. A gaiola, por exemplo, que antes servia apenas para criar pássaros, agora pode ser usada de várias formas diferentes. Dependendo do estilo e do material, ela cabe bem em quartos, salas, varandas, jardins, cozinha e até mesmo em banheiros”, ressalta.

Como destaca Cristiane Antunes, há diversas possibilidades em gaiolas disponíveis no mercado. De ferro, metal, madeira,  bambu, redondas, quadradas, retangulares ou em formatos mais ousados, existe também variedade em tamanhos, o que  possibilita ainda mais a flexibilidade no uso, afirma a designer. “Mais comuns ou mais sofisticadas, elas são encontradas em  estilo provençal, romântico, rústico, contemporâneo, oriental, vitoriano, antigas ou vintage, indo do simples ao exótico, além,  claro, do formato mais simples com linhas retas e base retangular.” No entendimento da designer, é difícil especificar exatamente quando surgiu a ideia de usar as gaiolas para fins decorativos, mas é certo que essa tendência vem se tornando  popular, juntamente com a necessidade de se buscar soluções mais sustentáveis para a vida. “Isso despertou a necessidade  de usarmos a criatividade para transformar o óbvio em algo interessante, muitas vezes inusitado. Não só as gaiolas, mas  vários outros objetos começaram a ser habitualmente incorporados no nosso dia a dia, desempenhado funções diversificadas.”

"Vivemos numa época em que tudo pode e deve ser reutilizado. Os objetos começaram a desenvolver múltiplas finalidades" - Cristiane Antunes, designer de interiores
No Quarto da Moça da Casa de Campo, espaço projetado por Cristiane na edição deste ano da Morar Mais por Menos em BH,  a intenção foi criar um atmosfera mais bucólica onde fosse evidente o estilo entre o rústico, o colonial e o provençal. Para  isso, uma luminária composta com gaiolas diferentes traduziu bem o conceito, além de estar concatenada com o mote da mostra. “Pensei em um pendente, de instalação simples e que utilizasse lâmpadas incandescentes para deixar um clima  mais aconchegante. Utilizei quatro gaiolas de diferentes tamanhos e instaladas em alturas alternadas. Foram duas gaiolas  quadradas, brancas em estilo provençal, e outras duas redondas, de ferro, dando um toque mais rústico. Entre elas, usei  ramos de folhagem artificial, para cobrir os fios e as boquilhas. Me parece que a ideia agradou bastante o público em geral.  Sob o meu ponto de vista, a gaiola confere ao ambiente um ar de aconchego, de casa com jeito de lar. Uma certa docilidade mesclada à muita imaginação. Um resgate de valores.”

Eduardo Almeida/RA Studio
DIVERSIDADE

As gaiolas podem levar personalização ao ambiente, na visão da arquiteta Tânia Eloísa. Elas podem ser aplicadas como  luminárias, pendentes, arandelas e abajures, como suporte para velas, arranjo de flor ou jardineira com vasos de plantas,  porta pratos e talheres, porta bichinho de pelúcia, como escultura de parede, porta-retratos, para recados, como adesivos na  parede ou porta joia, cita Tânia. “Na sala de estar, na sala de jantar, nas varandas, jardins, quarto do casal, quarto da  menina, quarto do bebê, bibliotecas, escritórios, decoração de casamentos e festas e onde mais a criatividade levar. As  gaiolas têm ampla aplicação”.

Conforme a arquiteta, combinando com cada estilo decorativo, as gaiolas concebem ambientes criativos, diferenciados e  exclusivos, com o jeito do morador. “A ideia é fugir do óbvio e imprimir um ar de novidade às coisas que já possuímos. O  reaproveitamento de materiais, a bricolagem (faça você mesmo) e a customização permitem improvisar, diminuir custos e  ainda criar espaços únicos.” Tânia orienta, apenas, cuidado com exageros.


ENFEITES DE ATÉ R$ 1 MIL


Ambiente de Cristiane Antunes na edição deste ano da mostra Morar Mais por Menos. No Quarto da Moça, as gaiolas passam pelo rústico, colonial e provençal - Joana Gontijo/Portal Uai/D.A Press Ambiente de Cristiane Antunes na edição deste ano da mostra Morar Mais por Menos. No Quarto da Moça, as gaiolas passam pelo rústico, colonial e provençal
Geralmente encontradas em mercados, casas que vendem artigos de animais e/ou pet shops, em grandes magazines, ou,  para as mais sofisticadas, em lojas especializadas em artigos de decoração, de presentes e em lojas de móveis e adornos  para a casa, os preços das gaiolas podem variar de R$ 15 a R$ 350 ou R$ 500, ou até mais de R$ 1 mil, para as peças de antiquário, de acordo com Cristiane Antunes. Em Belo Horizonte, locais como o Mercado Central, ou em empresas mais  específicas de design, como a Armaria, no Lourdes, ou a Deck&Sol, no Ponteio Lar Shopping, são exemplos de locais que dispõe de gaiolas para comercialização.

Ainda na capital, a loja de decoração Aluízio Casa, no Santa Tereza, conta com fabricação própria de gaiolas, incluindo uma 
Peça criada pelo artista plástico Aluízio Figueiredo, que tem fabricação própria de gaiolas - Carlos Altman/EM/D.A Press Peça criada pelo artista plástico Aluízio Figueiredo, que tem fabricação própria de gaiolas
linha de design exclusivo, como salienta o artista plástico proprietário do estabelecimento, Aluízio Figueiredo. “Desenho e mando para a fábrica, por isso tenho liberdade de brincar com as formas e os produtos não ficam tão engessados. Elas  podem ser tipo viveiro, ter pezinhos, telhado, há variações também quanto às portas, a trama, mais fina ou mais vazada,  para citar apenas alguns exemplos. Elas podem também ser de ferro galvanizado envelhecido, com efeito enferrujado, ou  revestidas com pintura automotiva em diversas cores. As gaiolas que produzo só são encontradas aqui”, destaca. Para  tamanhos entre pequeno, médio e grande, os valores variam entre R$ 15, R$ 30 e R$ 180.

Aluízio ressalta que, pessoalmente, sempre teve aversão a gaiolas e passarinhos presos, mas, com o passar o tempo, lendo  revistas e participando de feiras, percebeu o potencial da gaiola enquanto objeto decorativo, e foi gostando cada vez mais.  Ele lembra que, com o Natal, a peça por se tornar um enfeite inusitado, abrigando um Papai Noel, por exemplo. “São muitas  as opções de aplicação. Ela pode ser usada como pendente, na parede, em cima de uma bancada ou em um móvel de estilo,  no lavabo, embaixo da pia com a porta aberta abrigando minitoalhas, com flores artificiais, cheias de bolas de gude, em canto do jardim, criando um clima agradável em varandas. Fica bárbaro. É possível decorar por exemplo com pássaros  artificiais, colocados do lado de fora da gaiola, ou uma gaiolinha pequena com fotos de pássaros na parte de trás. Nem os  animais de mentira gosto de ver presos.”

Composição com gaiolas na Aluízio Casa - Carlos Altman/EM/D.A Press Composição com gaiolas na Aluízio Casa
Aluízio Figueiredo considera que, quando usadas na decoração, as gaiolas são peças extremamente bonitas, que criam um  efeito estético muito interessante, resgatando o passado com uma cara nova. Para ele, dependendo da proposta do  ambiente, torna-se um lindo objeto decorativo, que agrada a um público extenso e eclético. Como artista, Aluízio diz que não  vê nada feio que não possa ser usado na decoração, e cada pessoa tem um olhar diferenciado. “Acredito que esta tendência  das gaiolas ganhou mais força de uns quatro anos para cá. Ela remete muito à região de Provence, na França, que eu adoro, onde é possível encontrar muitas gaiolas enfeitadas com flores naturais, usadas com jarros. Então, na minha opinião, a gaiola  tem ligação com este estilo provençal, com visual desgastado pelo tempo, mas que fica bonito quando colocado em  um ambiente contemporâneo, resgatando o vintage, as riquezas da década de 1920. O efeito resultante é sempre mais romântico, com ares retrô, característico de pessoas delicadas, mais sensíveis, observadoras, que gostam de aconchego. Acho que as gaiolas não combinam muito com propostas ultramodernas , limpas demais, e nem com quem é frio, imediatista ou muito cético”, completa o artista.
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