Marcada por pregas e botões costurados no tecido, a técnica do capitonado está presente na decoração desde o século 19. Celebrizado em revestimentos de sofás, o capitonê, como é também chamado, atualmente tem conquistado espaço no acabamento de outros tipos de mobiliário, imprimindo um toque clássico a propostas de variados estilos. O tom romântico que apresenta desenhos geométricos – losangos e quadrados - ultrapassou as barreiras estilísticas e, hoje, é empregado nos mais diferentes conceitos de projeto de interiores.
O capitonado deixou de ser uma exclusividade das poltronas e sofás, e pode aparecer em diversas superfícies como pufes, bancos, cabeceiras de cama, painéis de parede, almofadas mais rígidas e até em bolsas femininas, enumera a arquiteta Estela Netto. “Acredito que a mistura de elementos de diversos estilos, quando bem projetada, sempre enriquece os ambientes”, diz. Apesar de bem marcante e revelador de um estilo muito definido, o capitonado pode-se mostrar bastante democrático atendendo às variadas demandas dos projetos de decoração, acrescentam as profissionais da VS Design. “A possibilidade de aceitar a aplicação de diferentes materiais pode torná-lo um item versátil e mais próximo do estilo de vida dos que optam pelo jeito dinâmico e descontraído de viver. O capitonado fica bem em seda, veludo, couro, sendo que, neste último, o detalhe de acabamento fica mais marcado e imponente”, afirmam Fabiana e Laura.
Segundo Fabiana Visacro e Laura Santos, para que a aplicação do capitonado resulte em um bom conjunto, primeiramente é necessário identificar com exatidão quais são os pontos de relevância para o morador e definir a natureza do projeto. “Se o estilo pretendido for o clássico e o romântico, um sofá ou uma poltrona capitonados podem cair muito bem em tecidos mais tradicionais como seda e veludo. Luminárias pendentes em cristal reforçam o efeito. Cores neutras são as ideais para estes casos. Já as paredes em boiseries remetem às decorações européias mais tradicionais. Para quem opta por ambientes mais formais, o couro escuro cumpre muito bem a função e paredes revestidas também com capitonados contribuem com o aspecto mais sisudo”, orientam. Já para os despojados, cores fortes e alegres realçam os botões em tonalidades diferenciadas que cobrem a interseção das costuras e tornam o espaço mais livre e com menos regras, continuam as designers. “Aliar elementos artesanais neste caso funciona bem para conceber um clima mais acolhedor.”
Mistura de estilos
Nas propostas contemporâneas de design de interiores, o tom clássico do capitonê entra com a pegada vintage e confere ao ambiente, em muito, a personalidade do morador, de acordo com a designer de interiores Iara Santos. Entre as variações possíveis, Iara cita a aplicação mais ou menos profunda da costura, alem da técnica botonê, quando o botão é colocado de forma mais evidente.
“O capitonado sempre fica muito chique. Cuidado apenas para alcançar um equilíbrio na composição, sem exageros para não carregar o espaço”, ensina a designer. Misturando tecidos mais modernos e cleans, ou mais tradicionais, usando o efeito no assento sem estar no encosto, as possibilidades são muitas. “A atmosfera será romântica com a identidade traduzida no vintage, tendência que hoje é muito forte na decoração”, finaliza Iara.
Surgido na Inglaterra, por volta do ano de 1840, o capitonado ficou conhecido como uma técnica que valoriza o trabalho manual, e foi imortalizado pela criação do sofá Chesterfield. Em 1929, a técnica foi resgatada pelo arquiteto modernista Mies van der Rohe com o lançamento da poltrona Barcelona, na Feira Internacional do Móvel de Barcelona. A arquiteta Estela Netto sempre conta com a presença do revestimento em seus projetos, especificando a poltrona Barcelona. “Gosto da Barcelona por seu design atemporal. Uso muito essa peça, principalmente em ambientes corporativos que precisam ser sóbrios, mas não abrem mão da elegância”, comenta.