Nas férias, uma das preocupações de quem tem plantas ou jardins é como mantê-los no período de ausência dos moradores. Para quem tem o costume de ficar muito tempo fora de casa, é preciso cuidado ao escolher as espécies, optando pelas que são mais resistentes à seca. Outra alternativa é investir em sistemas de irrigação. Essas são algumas das soluções sugeridas pelo paisagista e ambientalista Caio Zoza. Por isso, ao escolher as plantas, as das famílias das agaváceas, cactáceas e aizoáceas (que engloba a maioria das plantas suculentas) são as mais indicadas. “A yuca (Yuca elephantipes) também é uma das campeãs. Planta rústica, com pouca exigência de solo e água, e com baixíssima incidência de pragas e doenças, muito usada em vasos. A palmeira raphis, as orquídeas em geral, bromélias e cactos completam essa lista”, indica.
Na área externa, Caio Zoza também recomenda o investimento na implantação de um sistema de irrigação automatizado. “Para as áreas internas, em vasos ou jardineiras, existem atualmente no mercado sistemas de irrigação pontuais (por gotejamento ou névoa d’água) que também podem ser automatizados”, comenta.
Quanto ao período que elas suportam sem água, isso vai depender das condições do ambiente – que envolvem aspectos como temperatura e umidade do ar – e características do solo – maior ou menor retenção de água, como aponta Caio. “A
A paisagista Rozalia Magna Iris indica, ainda, o uso de um gel. Composto por 98% de água e 2% de celulose, ele deve ser enterrado nas raízes da planta. Ao entrar em contato com as bactérias do solo, seus compostos sofrem quebras, o gel passa para o estado líquido e libera umidade, lentamente, em um processo que pode durar entre 30 e 90 dias. “Outra alternativa é colocar uma garrafa d’água, com um pequeno furo, inclinada sobre o vaso, que, aos poucos, possa gotejar sobre a terra”, sugere.
LUGAR IDEAL
Lúcia Borges confirma que a escolha de um local adequado à planta influencia muito nos seus tratos e cuidados. “Se o ambiente for propício ao desenvolvimento de uma espécie, fica muito mais fácil sua manutenção. Se o espaço receber luz direta do sol, a planta escolhida deve apreciar essa condição, pois do contrário poderá ter suas folhas queimadas e sofrer atrofiamento.”
O lugar mais apropriado dependerá do tipo de planta escolhida, como informa Caio Zoza
Espaço ideal para o verde
Escolha correta do solo e cuidados com a incidência de sol devem ser considerados por quem vai viajar e não tem ninguém para cuidar das plantas em casa
Outro cuidado é que o recipiente ou canteiro deve ter profundidade suficiente para o desenvolvimento das raízes. “Caso seja utilizado vaso, canteiro ou jardineiram, a drenagem também é fundamental. A mistura de terra deve ser apropriada à espécie escolhida. Atualmente, é possível incorporar à terra vários ingredientes e adubos que ajudam o solo a não compactar e nutrir por mais tempo as plantas”, comenta Lúcia.
O principal, para a paisagista Rozalia Iris, é observar se a espécie escolhida é resistente ao ambiente disponível em que ela vai ficar. “Qualquer espécie que é colocada no local adequado vai exigir menos cuidado. É importante conhecer as necessidades das plantas para ver se serão adaptáveis ao lugar existente. Lembrando que plantas de interior exigem um carinho especial, porque são acondicionadas em vasos e esse fator limita muito seu desenvolvimento por causa do volume baixo de terra.”
Outra solução é apostar nos jardins verticais, muito comuns atualmente, como sugere Lúcia Borges. “Apesar de serem compostos com vários tipos de plantas, inclusive as samambaias, que apreciam água com frequência, esses jardins são ótimas soluções para quem não tem tempo. Isso porque um sistema de irrigação automatizado pode ser inserido neles.”
A irrigação automatizada pode ser instalada em vasos, canteiros e paredes. Para isso, são necessários pontos de luz e água próximos aos espaços destinados ao verde. “O uso da iluminação artificial nas plantas deve ser feito com cautela, porque algumas lâmpadas podem provocar queimaduras nas folhas. As luminárias devem ser posicionadas com mínimo de afastamento das plantas (em torno de 50 centímetros), principalmente das folhas”, orienta Lúcia.
BEM NUTRIDAS
O paisagista aponta, ainda, mantas porosas que são cheias com água e a liberam por umidificação. “São verdadeiros colchões de água com microporos que necessitam de pouca água para seu enchimento e a liberam gradativamente, mantendo o solo sempre úmido. Essas mantas também diminuem o excesso de ‘matos’ que emergem entre as plantas ornamentais inseridas, facilitando ainda mais a manutenção do jardim”, explica o paisagista Caio.
Apesar dessas recomendações, o ideal, segundo Rozalita, é se organizar e dedicar um pouquinho de tempo para cuidar das plantas, conforme Rozalia Iris. “Desenvolver esse hábito pode ajudar a eliminar o estresse, trazer mais serenidade e bem-estar e, como qualquer ser vivo, elas exigem um pouco de dedicação. Essa interação com o reino vegetal é essencial para o ser humano. Existe uma troca muito benéfica de energia e purificação do ar que respiramos.”
Ajuda profissional no planejamento
Para escolher de forma adequada o melhor método para manter as plantas saudáveis por longos períodos, o ideal é contar com a ajuda de profissionais. “Os sistemas de irrigação automatizados devem ser projetados por especialistas. Existem hoje no mercado controladores de regas que podem ser acoplados diretamente na torneira. De fácil instalação, utilizam pilhas alcalinas e possuem programas de regas para diversas vezes ao dia e durante toda a semana”, indica o paisagista Caio Zoza.
E para o paisagista, não há desvantagens no uso desses recursos. No caso da irrigação, além de economizar a quantidade de água utilizada nas regas, evita que se gaste muito tempo para se fazer o serviço. “Além disso, as plantas recebem a quantidade de água necessária e em horários em que a evaporação é menor, ou seja: podemos programar para as plantas serem molhadas em horários como antes de o sol nascer e após o pôr do sol”, diz Zoza.
COMPLEMENTO
No caso dos géis, a orientação profissional para sua aplicação é fundamental para que seu efeito seja o desejado. “É importante salientar que os géis, aliados a um bom sistema de irrigação, aumentam o intervalo entre as regas, economizando, assim, a quantidade de água e energia elétrica utilizadas. Logo, são produtos e sistemas complementares e de alto impacto ecológico. Além disso, facilitam em muito a manutenção do jardim, possibilitando ao proprietário se ausentar por maiores períodos.”
Rozalia Iris confirma que uma grande vantagem da irrigação automatizada é a economia de água, porque só irriga com tempo programado. “E de mão de obra, que é eliminada com esse sistema. Para isso, no início do projeto, é preciso desembolsar um pouco mais, que será compensado no futuro com a economia. Também é preciso contratar uma empresa ou profissionais com experiência de mercado.”
Palavra de especialista: Cada planta em seu lugar
Erly Hooper - Paisagista
“As plantas ideais para quem costuma ficar muito tempo fora de casa são zamioculcas, a sansevieria e a yuca, que suportam até 15 dias sem água. Para essas pessoas, o recomendado é retirá-las do local ensolarado para um mais fresco e sombrio para evitar o ressecamento. Em ambientes internos, a indicação é que fiquem em lugares mais iluminados e sejam usadas espécies apropriadas para locais sombrios. Já em jardim, a aposta são nas espécies mais rústicas e resistentes, como agaves, imbes, dracena e palmeiras. Sistemas de irrigação automatizada podem ser inseridos no projeto paisagístico a fim de auxiliar na manutenção das plantas, principalmente quando o tempo é curto ou é necessário se ausentar por algum período. Mas antes de optar por essa solução, aconselho a contratação de ajuda especializada em projeto de irrigação. Há várias empresas e profissionais no mercado para isso. Assim, o ideal é pesquisar com dois ou três deles para fazer uma boa escolha, além de contar com indicação. O valor da consultoria e dos equipamentos vai depender do projeto, da metragem a ser trabalhada e da solução escolhida.”