Depois de um período em que estiveram um pouco sumidas, elas estão de volta com força total. Na década de 1990, o estilo minimalista predominante, caracterizado pelos tons neutros e os tecidos lisos, ditava a moda na decoração. Agora, as estampas estão mais uma vez dominando o universo décor. É a vez de apostar em florais graúdos, desenhos que remetam às artes gráficas e releituras modernas de motivos clássicos. Novos padrões surgem a cada dia com a avanço da tecnologia e os inovadores recursos de estamparia digital, que permitem manipular imagens, empregar fotografias e brincar com tamanhos, formas e cores facilmente, criando desenhos exclusivos que podem ser aplicados aos mais diferentes tipos de materiais. Com um toque de ousadia, o resultado é um lar cada vez mais personalizado, com a cara do morador.
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As estampas podem ser inseridas na decoração de diversas maneiras, diz o arquiteto e designer Cioli Cassius Stancioli. No piso, no teto, na parede, no mobiliário ou em adornos, elas podem ser adequadas em toda superfície plana ou curva em que seja possível seu desenvolvimento. “Basta apenas ter criatividade para usá-las. Em todos os tipos de espaços - halls, livings, quartos, cozinha, banheiro, lavabo, áreas de lazer, churrasqueiras, entre outros - quaisquer elementos decorativos podem ter estampas, mas atenção porque os ambientes devem ser bem projetados para recebê-las em harmonia de tons e formas”, frisa Cioli.
DIVERSIDADE
As estampas variam em inúmeras possibilidades. As principais, conforme Cioli Cassius Stancioli, são: listras (verticais ou horizontais) e as combinações entre suas espessuras, adicionando efeitos de ótica; as clássicas de poá - as famosas bolinhas de tamanhos e texturas diversas; o pied-de-poule ou pied-de-coq, eternizadas por Coco Chanel; a linha dos florais, que inclui uma gama de propostas, como por exemplo a estampa liberty, criada por Arthur Liberty, com temas campestres traduzidos em florais miúdos em diversas cores; as formas geométricas; as tribais; a galáxia, que envolve o uso de figuras espaciais, planetas e estrelas; animal print – as estampas de zebra, tigre, cobra e onça; militar, criada a partir dos uniformes de camuflagem; além da psicodélica, ou tie dye, que foi e ainda é usada pelos hippies. As estampas em xadrez em diferentes estilos, um hit tanto na moda quanto na decoração, merecem menção mais detalhada, como continua explicando o arquiteto. Entre os tipos de xadrez mais famosos, estão: o tartã, das saias escocesas; o burberry, criada pela marca Burberry; o vichy, quadriculado em duas cores que nos lembra o forro de mesa e foi imortalizado por Brigitte Bardot em seu vestido de noiva, na década de 1950; Príncipe de Gales – conhecido como o xadrez clássico, foi criado para o rei Eduardo VII; madras - o xadrez de várias linhas diferentes e coloridas, geralmente em cores "aquareladas"; e buffalo, caracterizado por quadrados que se intercalam entre um liso e outro listrado.
Para chegar a um resultado mais clássico na composição, Marina Dubal indica estampas de listras, arabescos ou adamascados, que remetem a cenários antigos ingleses e franceses. Já para ambientes mais contemporâneos, é permitido abusar dos geométricos ou mix de estampas, inclusive as clássicas, destaca a arquiteta. “O ideal é que, se o projeto mesclar diversas estampas, elas devem buscar uma identidade, algo em comum entre elas. As estampas harmonizadas na decoração dão personalidade ao ambiente. É muito comum abusar de cores e texturas, mas as estampas são uma tendência mais ousada e contemporânea, gerando composições únicas e surpreendentes”, complementa.
Em relação aos desenhos, a arquiteta diz que os florais aparecem mais em ambientes informais e externos, e hoje os geométricos surgem muito em forma de papéis de parede e azulejos, como uma tendência retrô, sendo que todos os tipos de padrão podem estar em qualquer elemento. “Particularmente, prefiro usar estampas em elementos de fácil troca, como papéis de parede e almofadas, como uma maneira de se renovar o ambiente com maior frequência. Quando uso listras e estampas mais fortes em revestimentos de banheiro, por exemplo, prefiro usá-las em faixas ou em detalhes para que o efeito não fique cansativo rapidamente”, acrescenta Patricia. “ Antes de usar as estampas, é necessário testá-las. Existem combinações inusitadas que ficam fantásticas”, finaliza.
Segredos para não exagerar
decoração”, pontua.
Segundo Mara Starling, na hora de decorar um ambiente, é preciso atentar para o fato de que estampa não é só um desenho sobre um material. As texturas também estampam um objeto, como tapetes lisos, mas felpudos, madeiras com veios aparentes ou frisos nos móveis, cita. “Assim, estes elementos também devem ser levados em consideração no momento de conjugar com outros padrões de estampas, para não exagerar e o resultado não ser um erro grotesco. Uma boa sugestão para conseguir harmonia nos ambientes é definir uma base neutra na decoração, escolhendo tecidos lisos para as peças mais volumosas e reunindo as estampas nas almofadas ou em pequenos objetos como puffs, tapetes e futons”, conta Mara.
Para a arquiteta Rachel Rodrigues, da Rodrigues Arquitetura, o morador pode começar pela escolha de uma estampa e então partir para o restante da decoração, ou iniciar o projeto com uma base neutra, o que permite trocar as estampas com o tempo. “Deve haver critério para o ambiente não virar uma profusão de estampas, e mesmo assim a mistura entre elas pode deixar a proposta bem atual , mas, neste caso, usando a mesma matiz de cor”. Na opinião de Rachel, as estampas neutras e menos ousadas ainda são muito procuradas, vencendo o receio dos usuários de usar desenhos mais vibrantes. “Em tapetes, sofás e paredes, o padrão mais usado ainda é o liso com cor mais forte ou mais suave, combinado com as estampas em elementos menores, como as almofadas. As estampas conferem uma festa para o olhar, sejam de qualquer estilo”. Os arquitetos Antônio Ferreira Jr. e Mário Celso Bernardes complementam: “Ultimamente, as estampas estão invadindo cada vez mais a cabeça das pessoas e permitindo um pouco mais de ousadia, inclusive os tapetes estão mais estampados. Estampa não é uma tendência. Ela existe há muitos anos e sempre irá existir, claro que com mais ou menos frequência , mas sempre”.
MEMÓRIA - Renascida da passarela