Atemporal, ela é hoje um dos móveis mais desejados para integrar a decoração, sobretudo feminina. Consagrada no passado, e agora a queridinha entre as mulheres, a penteadeira é herança de tempos glamourosos, e chega à atualidade modernizada e versátil, carregando sempre um ar de nostalgia. Modelos antigos aparecem originais ou reestilizados, para compor propostas de diferentes estilos, em um arremate clássico e charmoso. Personalizadas ou feitas com peças separadas e complementares, a penteadeira ainda tem caráter funcional, essencial para guardar objetos pessoais e também servindo como um cantinho para se arrumar antes de sair de casa.
Pequenos móveis com espelho à frente, gavetas e repartições para acomodar pertences como maquiagens, bijuterias, escovas e acessórios em geral, a penteadeira, segundo a designer de interiores e arquiteta Renata Ferreira, é ideal para mulheres que gostam de se arrumar sem pressa e dedicar um bom tempo ao ritual de sentar-se e cuidar do rosto, do cabelo e da auto-estima. “Durante muito tempo, a penteadeira ficou esquecida na decoração, mas retornou com força total. Como os espaços estão cada vez mais reduzidos, ela agora agrega novas funções ao uso original e, principalmente nos quartos, também pode servir como criado, bancada de estudo e até mesmo como aparador”, explica.
Para as designers sócias da Casatelier, Cátia Maiello e Cláudia Aragão, as penteadeiras simbolizam vaidade e feminilidade e, na decoração, geralmente roubam a cena, eleitas para ser o destaque principal. “É uma peça bastante versátil. Pode ser explorada no estilo original ou customizada de acordo com cada proposta específica.” A decoradora Maria Thereza Terence concorda: “A penteadeira é aquele cantinho pra chamar de seu, ou melhor, de meu. Sonho de criança, de adolescente. É uma peça que desperta o desejo feminino de ser mulher. Os papéis que desempenham são os mais diversos
Este móvel aparece de forma recorrente em quartos e closets. Mas, por ter um caráter clássico e elegante, também pode figurar em projetos mais arrojados e contemporâneos, de acordo com Cátia e Cláudia, e estar em home-offices ou salas, desde que siga conceito e função em harmonia com os demais itens da decoração. Sempre agregando muito charme ao ambiente, Renata Ferreira acrescenta que a penteadeira pode ser aplicada ainda como bancada no banheiro ou em um ateliê. “Geralmente, elas são inseridas no espaço onde a pessoa se apronta, mas estão quebrando paradigmas e aparecem em salas de banho e halls de entrada, por exemplo”, complementa a arquiteta Camile Guedes. “Quanto ao poder estar em um determinado espaço, não gosto de ser taxativa com esse tipo de posicionamento. Esta peça geralmente carrega uma forte memória afetiva, ou ocupa um lugar importante na vida daquela pessoa. De acordo com cada perfil, entrarei no mundo do meu cliente e descobrirei onde encaixá-la melhor”, pondera Maria Thereza Terence.
A penteadeira geralmente agrada a todas as mulheres, principalmente as mais vaidosas, ousadas, que gostam de se cuidar e querem um espaço para isso, além daquelas que curtem o universo da decoração e valorizam a história e a praticidade deste móvel, na opinião de Cátia e Cláudia. “As penteadeiras não representam uma tendência - são atemporais. Desde a origem até hoje, fazem sucesso e encantam por sua forma, beleza e funcionalidade.” Elas permitem que os mimos femininos estejam organizados de forma simples, acrescenta Renata Ferreira. “Na hora de se arrumar, nada melhor que ter tudo visível e de fácil acesso. É um móvel que proporciona tudo isso, então ainda se mantém, prometendo se conservar por muito mais tempo.” O resultado, para as profissionais, é um clima romântico e delicado.
DIVERSIDADE
Para ter equilíbrio na composição como um todo, Cátia Maiello e Cláudia Aragão recomendam, primeiro, observar a área disponível no cômodo, decidir por um produto que se adapte a ela e, depois, criar um cenário que compartilhe com a proposta da penteadeira. “Traga para este ambiente outros artigos que reforcem o conceito que deseja ter na decoração.” Pormenores como texturas e iluminação são outra coisa a considerar, lembra Renata Ferreira. “Com critério, ousadia e sensibilidade, buscando contemporaneidade com um toque atemporal e muita sutileza nos detalhes, o efeito será um sucesso”, incrementa Maria Thereza Terence.
Um espaço para sonhar
As designers de interiores da VS Design, Fabiana Visacro e Laura Santos, também especificam penteadeiras em seus projetos. “As atuais quase sempre vêm conectadas a uma bancada, agregada ou não a outro móvel. Esse comportamento é devido aos espaços que estão menores, assim, o ideal é aproveitar cada cantinho”, salientam. Segundo Fabiana e Laura, as penteadeiras atuais são mais modernas, mas não deixam de lado o toque clássico que as fez ser sucesso em décadas anteriores. Elas dão a dica: “Se, ao especificar esse elemento no quarto, não houver espaço suficiente para uma cadeira, basta inserir um puff. Ele é moderno e prático”.
Quanto à organização do móvel, compartimentos e divisórias em gavetas, porta pincéis, bandejinhas, gaveteiros, vidros, caixinhas e potinhos de cerâmica são muito úteis. Modelos com vidro em cima são bem práticos, e permitem ver o que tem dentro. Além do espelho maior, outro menor apoiado na penteadeira amplia o reflexo e facilita mais ainda na hora da maquiagem. Um lixinho em um canto também ajuda a descartar algodões, lenços e afins e, quanto à iluminação, é bom colocar a penteadeira perto da janela e ter uma luminária complementar. Além de misturar estilos diferentes de organizadores, vale investir em alguns objetos decorativos.
As penteadeiras podem ser encontradas em lojas de decoração, antiquários e topa-tudos, garimpadas em casas antigas em fazendas e cidades históricas, ou encomendadas a marcenarias em desenhos exclusivos, com preços variando entre R$ 500, R$ 1,5 mil, R$ 2,5 mil, R$ 8 mil e até R$ 20 mil. “Também existem lojas contemporâneas com peças belíssimas de design atual e ainda aparadores ou similares. Cabe a nós, profissionais da área, usar a imaginação para transformá-las em objetos de desejo”, diz Maria Thereza. Então, se o móvel não for herança de família ou se não houver dinheiro para comprar um modelo, novo ou antigo, basta usar a criatividade para montar a penteadeira nos moldes faça-você-mesmo. Aproveitando mesinhas ou aparadores e acrescentando um espelho grande, uma cadeira ou banquinho, aí está ela.
A penteadeira tem sua origem no século 15, durante o Renascimento, na Europa, sobretudo na França. Esse foi o momento em que os homens e mulheres começaram a quebrar tabus e “meias verdade” em relação à vida. Perceberam que era possível sim cuidar da aparência, mesmo fora do âmbito da realeza e da corte. E viram que, para viver nos grandes centros, era preciso se apresentar bem diferenciando-se ou assemelhando-se dos outros, como acontece também nos dias de hoje. Por outro lado, na medida em que as condições de vida se tornavam mais complexas, os quartos começaram a receber novos tipos de móvel, dentre eles a penteadeira. Visto que a vaidade já não era mais tida como algo exclusivo da aristocracia, a peça começou primeiro muito usada como objeto de decoração nos quartos das mulheres. A partir de então, as casas de classe burguesa possuíram penteadeiras com espelhos, onde as mulheres em busca de um bom casamento podiam passar horas se embelezando, usando e abusando de seus acessórios, e testando novos penteados. Atualmente, elas continuam fascinando pelo ar romântico e feminino que despertam.