Entrevista

Especialista fala sobre o desafio de realizar a Casa Cor pela primeira vez em um projeto de Niemeyer

A casa dos Dalva Simão é como uma joia da arquitetura na cidade de Belo Horizonte

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postado em 23/09/2013 12:20 / atualizado em 18/10/2013 10:26 Laura Valente /Estado de Minas
Carsalade: Carsalade: "profissionais da Casa Cor devem dialogar com a obra de Niemeyer e não escondê-la"

Professor da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o arquiteto Flávio Carsalade credita a Oscar Niemeyer vários feitos. Para começo de conversa, o “mestre” ajudou a implantar no Brasil os avanços que a arquitetura moderna vinha fazendo no início do século 20 e foi ainda além, inovando em relação àquele movimento, como explica. “Enquanto a arquitetura nova, racional e funcional celebrava o uso do ângulo reto, Niemeyer fez mais e se notabilizou pelo uso da curva, distinguindo claramente o modernismo brasileiro do europeu.” Ainda segundo o arquiteto, as residências projetadas por Niemeyer incorporam tal liberdade formal, com curvas contrastando com as edificações de períodos anteriores, cúbicas e fechadas.


Nas décadas de 1940 e 1950, surgiram casas que se abrem para a paisagem e para os espaços anteriores, com vedações mais transparentes e, quando opacas, trabalhadas menos como paredes de uma caixa e mais como elementos plásticos autônomos, como se pode observar claramente na residência Dalva Simão. Por estas e outras, o professor acredita que os profissionais que assinam os 34 ambientes da Casa Cor Minas Gerais 2013 foram honrados com a possibilidade de trabalhar em uma joia da arquitetura. A seguir, ele fala sobre a grandeza de Niemeyer e o que espera da mostra de decoração, em cartaz de 21 deste mês a 22 de outubro na Pampulha, cartão- postal de Belo Horizonte.

Entrevista
Flávio Carsalade - arquiteto, professor da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)


É a primeira vez que uma Casa Cor será instalada em um imóvel projetado por Niemeyer. Qual a importância desse fato para arquitetos e decoradores da atualidade?

Acredito ser uma honra para os arquitetos e designers da Casa Cor interagirem com uma obra de nosso maior mestre da arquitetura. Isso os estimula, com certeza, mas também aumenta a sua responsabilidade no sentido de que eles têm que fazer sua obra dialogar com a de Niemeyer e não escondê-la.

O senhor poderia falar um pouco sobre as características da casa dos Dalva Simão e o que julga de mais desafiador para os profissionais da mostra?

A casa é caracterizada pela implantação adequada ao terreno inclinado, com as salas colocadas na parte superior, abertas para a a grande área verde que a circunda e resguardando a intimidade dos quartos, abaixo. Seu esquema compositivo é característico dessa nova postura modernista, basicamente uma laje que cobre paredes que se movimentam sob ela e que formam os ambientes, ora resguardados pelas paredes, ora abertos em vidro para o espaço exterior.

Muitos dos profissionais aproveitaram e preservaram características do projeto original, como paredes de cobogó, pisos coloridos, azulejos portugueses. O que mais podemos destacar sobre as características especiais da casa?

A utilização dos azulejos por Oscar Niemeyer é uma concessão nativista, referência a uma brasilidade. Respeitar e dialogar com essas referências me parece uma postura positiva, que ao contrário de limitar as possibilidades criativas as amplia. Outros elementos são também muito ricos e estimulantes, como as paredes curvas em cobogó, tijolo de vidro e pedra, os grandes panos de vidro, elementos importantes na concepção da casa.

O senhor considera os edifícios projetados por Niemeyer na Pampulha como o melhor de sua obra?

Embora Brasília seja uma obra -prima e reconhecida como Patrimônio da Humanidade, particularmente tenho uma predileção pela Pampulha por ser um momento seminal, onde Niemeyer apresenta pela primeira vez as bases de sua obra mestra.

Quais outros projetos do arquiteto em Belo Horizonte chamam a atenção?

As obras de Niemeyer em BH, embora muito evidentes, não são tantas assim. São muito conhecidas pelo grande público na Pampulha e na Praça da Liberdade (nesta, Edifício Niemeyer e Biblioteca Pública). Elas se destacam do seu entorno por sua personalidade única, geralmente marcadas pelas curvas e autônomas com relação aos limites externos dos lotes em que se instalam. Mas vale a pena uma visita às mais escondidas, como a Escola Estadual Governador Milton Campos Estadual Central e a sede da Fundação Zoobotânica (Zoológico).

Serviço
Local: Alameda das Palmeiras, 444– Bairro São Luiz
Data: 21 de setembro a 29 de outubro
Horário de funcionamento: de quarta a sexta-feira das 16h às 22h; sábado das 13h às 22h; domingo e feriado das 13h às 19h
Ingressos: R$ 50 (idosos e estudantes pagam meia-entrada).
Assinantes do Clube A do Estado de Minas têm 20% de desconto.
Informações: www.casacorminas.com.br

Tags: desafio

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