Olhar clínico e bom gosto são armas certas para garimpar peças únicas de decoração em locais inusitados
Muitas vezes descartados na hora de decorar, lugares como antiquário, topa tudo, cemitério dos azulejos e brechós podem revelar elementos que são verdadeiras joias para compor o lar
Nesta cozinha integrada foi usado um mosaico de azulejos antigos garimpados em um cemitério de azulejos
A casa precisa ter a identidade do dono. Nada como ter peças únicas, às vezes encontradas em lugares nada convencionais e até mesmo improváveis, como pela rua, numa caçamba de lixo. Se não tiver a sorte de esbarrar em algo inusitado por aí, a visita a um antiquário, topa tudo, cemitério de azulejos , feiras ou mesmo um brechó pode ser reveladora. A exigência é ter olhar apurado para descartar o velho do vintage, o legal do brega, o divertido e kitch do sem noção. Não é missão fácil. É preciso conhecer e saber o que procura para não cair na arapuca da compra errada. Criatividade é fundamental para explorar a beleza e a história que aquele objeto, adorno ou móvel carrega por anos. Enfim, garimpar peças em lugares especiais é superbacana, desde que saiba escolher o que levar para casa.
Se não tem ideia do que fazer, contrate um profissional da área para dar dicas e acompanhá-la. Ainda que tenha muita quinquilharia, que muitos lugares apostem mais em objetos comerciais e funcionais, com paciência é possível encontrar peças inéditas que vão fazer a diferença. Atenção com a qualidade e a mistura de estilo agregado a preço baixo, garimpar e pechinchar são investimentos para decorar sua casa de forma moderna.
Sob a escada, um radio vitrola anos 50 se destaca pelo design e surpreende ao embalar os eventos tocando discos de vinil
A arquiteta Marina Dubal, do escritório Dad Arquitetura & Design, enfatiza que o exagero é grande risco do garimpo, por isso a importância de já tê-lo na concepção do projeto. “O excesso pode transformar o ambiente num museu ou deixá-lo temático. A regra básica é apostar numa peça-chave, que vai ficar num lugar estratégico. Precisa ser pontual, um detalhe, independentemente da peça, objeto, adorno ou móvel ter uma função ou ser apenas decorativo.” De cristais a pratas até engradado de bebidas, as opções são as mais variadas. Por isso, o cuidado. “Garrafas antigas servem de vasos, a vitrola é quase um móvel, o rádio é um adorno. Encontramos todo tipo de objeto, dos clássicos aos descolados. A orientação do profissional é importante porque um engradado de refrigerante não vai ficar bem do lado de um tapete persa. Se a decoração é clássica, a quebra na decoração, sempre bem-vinda, pode ir, por exemplo, para a cozinha gourmet, que não é tão rígida.”
Marina assegura que Belo Horizonte tem bons lugares para garimpar. No tradicional Bairro da Lagoinha, Região Nordeste de Belo Horizonte, a Rua Itapecerica é das mais famosas, já que concentra boa parte dos antiquários e lojas de móveis antigos da capital. Há ainda bons topa tudo com peças legais, como espelhos e móveis de pé palito. “Um espelho antigo fica lindo num lavabo. Um brinquedo de madeira de outra época vai ficar lúdico num quarto infantil. Há acessórios femininos, como abajur e cabides, que podem ser destaque no quarto ou mesmo, há peças tão bonitas, que podem ir parar na parede. Por isso, a necessidade de um olhar profissional para que o objeto da compra não se transforme em um elefante branco.”
A arquiteta ensina que a ideia de garimpar peças antigas é para misturar. “Valorizar o antigo e mesclar com herança de família. O contraste é interessante, a mistura é positiva, mas é bacana ter um estilo definido.” Marina lembra que, apesar de bacanas, tem muita coisa ruim no mercado e ofertas que devem ser descartadas. “Há peças que de tão parrudas pesam demais o ambiente, Outras têm um design que não agrega nada. Por outro lado, há móveis da década de 1950 e 1960 que são maravilhosos, como os de pé palito, com ar modernista que só vão valorizar o espaço e têm demanda porque incorporam personalidade, são de madeira maciça e trazem aconchego.”
VERSÁTEIS
Fernanda Freitas, arquiteta e sócia do escritório Izabel Souki Engenharia e Projetos, destaca a versatilidade. “Há peças que podemos usá-las de pronto ou transformá-las, com uma pintura, para criar uma imagem mais cool. É importante definir um canto da casa ou ponto comercial para exibi-la, um lugar de destaque. Se exagerar, o resultado não será o esperado. É preciso ponderar, programar seja um bancada antiga para o hall, peças avulsas de louças para decorar um aparador, uma bandeja de prata que vira porta-bebidas, trocar os puxadores do guarda-roupa, espelhos ou mesmo molduras que vão criar uma parede de quadros, copo e xícaras como lustres, enfim, basta ter imaginação. Hoje, tudo é moderno e vale inovar dentro do bom senso. Garimpar é ter um olhar transformador sem perder o toque pessoal, original diante de peças, na maioria das vezes, únicas.”
As garrafas de leite, que faz as vezes de jarro de plantas, também foram garimpadas em um antiquário
Para não errar na compra
» Compre de acordo com seu estilo, necessidade e gosto » Móveis antigos costumam ser únicos, por isso vale investir » Os preços variam, logo avalie o custo-benefício » Leve em conta na hora de comprar móveis e artefatos de outras décadas, como raridade, valor histórico e estilo de uma época como art déco e art nouveau » A demanda por determinados artigos influência no preço. Se uma novela é ambientada numa época com peças antigas, a procura aumenta » Quanto mais antigo, mais valorizado. Fuja da réplica, que vale menos, e de peças velhas, bem diferente das antigas » Detalhes que valorizam: gavetas do tipo malhete , entalhes profundos e minuciosos na madeira, riqueza de peças em bronze e pé palito » Peças versáteis: cômodas, criados-mudos, cadeiras e aparadores
Comentários
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Maria
- 25 de Setembro às 17:48
queria saber onde estão estes topatudo... pois os que conheço não tem nada