Cobogó, ícone da arquitetura moderna, é estrela da Casa Cor em BH

Elemento vazado muito usado por Oscar Niemeyer aparece na mostra como grande destaque, original ou renovado

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postado em 17/10/2013 12:14 / atualizado em 18/10/2013 10:20 Joana Gontijo /Lugar Certo
A parede de cobogós original do imóvel é o grande destaque do ambiente de Natacha Nascif e Juliana Couri para a Casa Cor - Casa Cor/Divulgação A parede de cobogós original do imóvel é o grande destaque do ambiente de Natacha Nascif e Juliana Couri para a Casa Cor

Assim como no universo da moda, a arquitetura também costuma resgatar a história para lançar tendências. Profissionais da área comumente se valem de referências do passado para dar uma nova roupagem para a casa, levando ao antigo uma visão contemporânea. Isso acontece com os cobogós, os elementos em tramas vazadas que tiveram o auge há algumas décadas e voltaram com força total, se transformando em estilo retrô-chic, com diferentes releituras. Eles podem ser usados em todos os ambientes, conferindo descontração e beleza aos projetos.

Na 19ª edição da Casa Cor Minas Gerais, que vai até o próximo dia 29 na residência projetada por Oscar Niemeyer para a família Dalva Simão, em 1954, na Pampulha, em BH, o cobogó é um dos protagonistas. O elemento aparece original da casa, em sua mais pura essência, homenageado em bela ambientação, ou repaginado com leituras modernas e muito criativas.


Leveza multifacetada

Popularizados no Brasil a partir da década de 50 com forte integração com a arquitetura modernista, os cobogós ficaram famosos ao ser aplicados largamente por Niemeyer e Lucio Costa, e ganharam diversas construções. Eles conferem leveza ao cômodo, otimizam a ventilação, além de funcionar como controle natural de luz, proporcionando uma visão de dentro para fora, mas não o contrário. Multifacetados, os cobogós são eficazes na divisão de pequenos espaços, criando sensação de amplitude. Por ter uma estrutura que permite a passagem de luz, este elemento acaba definindo um ambiente, tornando-o privativo sem construir uma barreira robusta.

O nome deriva da junção dos sobrenomes de seus criadores Amadeu Coimbra, August Boeckmann e Antonio de Góes, que desenvolveram o cobogó em 1929 em Recife. Essas peças são compostas por tramas abertas em fendas, parecidas aos tijolos vazados, inicialmente feitas em argamassa e cimento. Atualmente, podem ser encontradas em diversos materiais, como cerâmica, resina, acrílico, vidro, gesso, mármore e em variados desenhos - desde geométricos a florais. As formas de utilização são extensas, principalmente em composições que possibilitam redesenhar a luz incidente, com versatilidade para decorar áreas internas ou externas.


Destaque em 2013
Na Bilheteria, Júnior Piacesi apresenta uma releitura do cobogó na bancada - Casa Cor/Divulgação Na Bilheteria, Júnior Piacesi apresenta uma releitura do cobogó na bancada

Logo na entrada da mostra na Pampulha, o cobogó salta aos olhos em uma aplicação contemporânea, na primeira referência a Oscar. Na Bilheteria, que Júnior Piacesi apresenta na Casa Cor deste ano, o visitante é recepcionado por uma grande caixa de aço e vidro, especialmente construída para o evento. Neste espaço, os cobogós foram traduzidos em linguagem moderna para compor uma bancada diferente. “É uma releitura do cobogó. Aqui eles estão maiores, com desenho menos tradicional e, iluminados por trás, transformam a bancada em uma grande luminária à noite”, diz o arquiteto. O ambiente, totalmente integrado ao jardim frontal, à arquitetura existente e à paisagem ao redor, elimina os limites entre dentro e fora, em um conceito que revisita a máxima do minimalismo. A composição aproveita a transparência e a leveza do vidro, contrapostas à estrutura em aço muito bem acabado, pintado de branco, deixando que as árvores do terreno penetrem o interior em aberturas superiores. “O complemento vem com os pufes de tricô, tornando o espaço mais aconchegante e convidativo”, acrescenta o profissional.
Casa Cor/Divulgação

Na Sala, assinada por Natacha Nascif e Juliana Couri, mais um destaque para o cobogó, que nasce no ambiente em uma parede branca vazada, já integrante do projeto inicial da morada, como o ator principal. A Sala do Cobogó, assim carinhosamente chamada pelas arquitetas, deu nova cara à antiga área de serviço, em uma bela composição que aproveita muito bem os 17 m². “O cobogó é um elemento característico desta arquitetura dos anos 1950 e, quando vimos esta sala, ficamos encantadas com a parede original, a linda luz que entra pelos cobogós, assim como a ventilação natural, o que realmente foi o nosso ponto de partida”, elucida Juliana. Um espaço que antes não era muito valorizado na casa, agora lança mão do traçado estreito (são 8,5 m por 2 m) para aparecer modificado em um cômodo aconchegante, ressalta. As paredes revestidas em papel vermelho remetem à cor preferida de Niemeyer, contrastantes ao branco dos cobogós. A opção por um mobiliário pontuado e limpo, exaltando designers brasileiros, ao lado de obras de arte de nomes como Amílcar de Castro e Frans Krajcberg, completa a proposta. “O piso de tacos cerâmicos também foi mantido. O maior desafio foi realmente valorizar a arquitetura existente”, inclui Natacha.
Casa Cor/Divulgação

Servico
Local: Alameda das Palmeiras, 444– Bairro São Luiz
Data: 21 de setembro a 29 de outubro
Horário de funcionamento: de quarta a sexta-feira das 16h às 22h; sábado das 13h às 22h; domingo e feriado das 13h às 19h
Ingressos: R$ 50 (idosos e estudantes pagam meia-entrada).
Assinantes do Clube A do Estado de Minas têm 20% de desconto.
Informações: www.casacorminas.com.br

Tags: arquitetura

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