Segundo a designer de interiores Fabiana Visacro, pessoas otimistas, com mais energia e maior capacidade de se adaptar a situações novas, tendem a ter um tempo de luto menor, e consideram logo a possibilidade de criar novos projetos para ocupar o ninho novamente. “Normalmente, a Síndrome do Ninho Vazio é pontual, ou seja, tem tempo certo para terminar, que é o momento da reestruturação de uma nova ordem familiar”, pontua Fabiana, que também é psicóloga.
A decoração pode, em muito, contribuir para a superação desta fase, frisa a designer, visto que os pais começam a buscar outras ocupações. “É muito comum que as pessoas passem a fazer várias coisas que antes não faziam, como viajar, passear, voltar a estudar, praticar um esporte ou algum hobby”, diz. Para a arquiteta Luciana Araújo, a arquitetura tem a capacidade de completar os espaços vazios que os filhos deixaram, com uma decoração que propicie aos pais um ambiente onde eles possam colocar em prática antigos hábitos. “Os desejos como o de ter um escritório, um ateliê, ou uma sala de TV, por exemplo, agora podem ser realizados. Em alguns casos, os pais optam por uma transformação mais radical e resolvem até mudar de casa. Neste ponto, a arquitetura chega para construir este novo lar que tem novas necessidades”, salienta a profissional da Óbvio Arquitetura.
Como a casa, nesta situação, ganha mais áreas livres, redecorá-la é uma ótima opção para utilizar o espaço de forma mais útil e bonita, salienta Luciana. “É o momento de reavaliar as necessidades do casal e readequar a moradia neste contexto diferente”, acentua
Alternativas não faltam também para quem pretende aproveitar o mobiliário já existente. A cama pode ser utilizada para hóspedes ou até para o dia em que algum filho precisar cochilar depois de um almoço de família, dá a dica Fabiana. Encher a cama de almofadas, orienta, é uma boa opção para deixá-la com cara de sofá para o dia a dia e dar descontração ao ambiente. O armário pode servir como rouparia ou para guardar os documentos com mais organização - outra opção é retirar as portas para expor livros. “Existem também alguns adesivos para madeira bem interessantes que podem dar cara nova ao móvel já usado. Trocar tapetes e cortinas e reestofar uma poltrona são outras sugestões para quem quer renovar o espaço, sem trocar a mobília”, enumera a designer, evidenciando que o vazio se combate com muita criatividade.
Um ponto importante a considerar quando os filhos saem de casa, lembra Luciana Araújo, é a necessidade de preparar a residência para recebê-los como visita, já que, junto com eles, geralmente vêm os netos, noras e genros. De acordo com a arquiteta, isso implica em uma mesa de jantar maior, uma sala de visita mais convidativa, um quarto de hóspedes adequado e, caso for preciso, um cômodo para os netos dormirem e brincarem. “Tudo isto vai fazer com a família se sinta bem de estar ali e, com certeza, aumenta o convívio. O principal efeito de renovar a casa é trazer alegria para este momento de mudança, e fazer com que a saída dos filhos não seja uma perda, mas o ganho de um ambiente mais acolhedor e útil para todos que ali se relacionam”, ressalta.
PLANOS
A dona de casa Cesarina Lima Salvador, de 68 anos, tem quatro filhos adultos, dois homens e duas mulheres, e diz que continua cheia de afazeres depois que todos saíram da barra de sua saia
Para a professora aposentada Nívia Visacro, de 71 anos, a vida se transformou nos últimos tempos, depois do fim do casamento de 27 anos. A antiga casa onde morava com o marido e os três filhos foi vendida, e agora a jovem senhora experimenta feliz sua independência em um apartamento no Buritis, na capital. Ela adora viajar, fazer o quer, na hora que quer, e tem dia marcado toda semana para aproveitar a companhia das amigas fiéis da turma de baralho. “Tenho os dias super movimentados e o espírito livre. Meus filhos são meu xodó, mas depois que fiquei sozinha nada me prende”, se alegra.