
“O design hoje é o conhecimento que muda todo um cenário, seja na indústria, no comércio, na prestação de serviços. Enquanto profissionais, nós temos um campo enorme pela frente, principalmente com o design de interiores e a arquitetura”, destaca a presidente da Amide, Laura Rabe. Com o congresso, salienta, a entidade cria a abertura necessária ao debate de variados temas que compreendem o meio, não apenas com palestras sobre design, mas também com abordagens mais amplas sobre o contexto atual do país e do mundo. “Qual o papel do designer nesses tempos em que, a cada dia, surge uma nova tecnologia e a outra que você acabou de conhecer já ficou obsoleta? O mundo está mudando muito rápido e temos que acompanhar, para levar ao cliente o que está para acontecer. É uma responsabilidade enorme, porque a relação com esse cliente deve ser de confiança absoluta, em um universo de situações que podem acontecer”, diz Laura.

Um dos arquitetos mais premiados do Brasil e do mundo, que acaba de conquistar três grandes prêmios internacionais, Bernardo falou sobre sua maneira de se mostrar como arquiteto, decodificando seu processo de trabalho. Ele, que acredita que o profissional está cada vez mais se tornando um psicólogo do cliente e da família, contou da trajetória e do desenvolvimento de 20 anos do escritório que virou um case de sucesso e, para Laura Rabe, está modificando o cenário da arquitetura, principalmente em Belo Horizonte.
Denise Eler reforçou a importância do design em todos os segmentos da economia, e como ele é fundamental ainda para mudar a cabeça dos empresários e impactar no produto final. Citando exemplos globais como a Nike, que se reposicionou através do design, e muitos casos em que o designer é o CEO de empresas gigantes, como a Philips e a Google, entre tantas outras, Denise quis pontuar como o profissional pode se encaixar em diferentes situações e abrir seu leque de atuação, já que tem a disciplina de projetar, planejar e conceituar o produto como um todo.
À tarde, o público pôde conferir o painel com o também premiado arquiteto David Guerra, que desenvolve trabalhos nas áreas de arquitetura residencial, comercial, institucional, interiores e design de mobiliário, e é um dos integrantes da Bienal de Arquitetura de Veneza, o empresário Teodomiro Diniz, indicado pela Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) por suas iniciativas ousadas na área da engenharia civil e pelo talento empresarial, e a Analista de Inovação e Sustentabilidade do Sebrae Minas, Andréa Tristão, formada em administração de empresas, pós graduada em marketing, gestão de negócios e gestão do design, e coordenadora do Programa de Design do Sebrae Minas
No debate, a conversa foi sobre a importância estratégica do design que, encarado como ferramenta de transformação, é capaz de agregar valor econômico ao negócio e até alcança questões de qualidade de vida; sobre como fazer o design acessível a todos, através da criatividade que resulta em projetos de baixo custo, que aplicam o reaproveitamento e dão novos usos decorativos a objetos corriqueiros; e também perpassou o tema do relacionamento entre o profissional e o cliente. O painel foi enriquecido pelas diferentes experiências dos debatedores, que trouxeram a perspectiva do arquiteto e designer que luta pelo convencimento, entre o cliente e o público comum, acerca da relevância do design, do micro e pequeno empresário que ainda não reconhece como deveria seu valor, e da indústria da construção, que já há algum tempo percebeu que seus imóveis devem ter algo diferente para conquistar o mercado.
Andréa Tristão elucidou sobre como é a atuação do Sebrae, que desde 2002 tem um setor de promoção, suporte e educação sobre o design, na mediação da relação entre os micro e pequenos empresários e o designer, já que nestes casos muitas vezes não há dinheiro para altos investimentos. “Vejo uma dificuldade dos pequenos empresários em perceber o design. O designer tem que ir, mostrar e vender esses benefícios. Eles aceitam mais o desenvolvimento da marca, mas quando falamos em um projeto de design de ambiente, de melhorar um salão de beleza, um pet shop, uma papelaria, ainda falam que é muito caro
À frente da Construtora Diniz Camargos, Teodomiro Diniz disse que o design está na base do desenvolvimento, e sem ele não há solução palpável e viável para fugir de situações econômicas ruins. Para o empresário, o design, com suas características regionais e raízes de cultura, tem toda uma amarra importante que é valorizada em todo mundo. “Se temos um caminho para desenvolver a indústria em Minas, fazer com que Minas agregue valor à sua bandeira, aos seu granito, aos seus produtos básicos, é através do design. Se o estado quer melhorar e sair de uma economia de minério, de commodities, de siderurgia pura, é pelo design. Vários países se fizeram valer através do design, desenvolvendo a cultura e os processos, superando a concorrência mundial.” O design, continua Teodomiro, é uma forma dos profissionais mineiros se fazerem valer e, para ele, a busca deve ser para internacionalizar a prestação de serviços, através da sofisticação e do desenvolvimento de processos que, mesmo regionalizados, tenham expressão nacional e internacional.
Nesta quarta-feira, a presença no Ilustríssimo é do designer Hugo França, conhecido por reaproveitar resíduos florestais para a produção de esculturas mobiliárias únicas, da publicitária, escritora e colunista Cris Guerra, do arquiteto e urbanista Pedro Lázaro, que fala sobre a interface arquitetura e moda, e do designer dinamarquês Morten Georgsen, responsável pela Futhark Design. Às 20h, acontece a solenidade de entrega do Prêmio Amide de Decoração 2014, que consagra os melhores projetos incristos em quatro categorias - casas, apartamentos, ambientes comerciais e mostras de decoração.