Por outro lado, Luiz Felipe defende a manutenção da arquitetura de outra época porque as edificações antigas são inteligentes, quer dizer, têm ventilação interessante, preocupação com a insolação e estrutura robusta, paredes espessas que aliviam o calor. Ou seja, conforto ambiental, mesmo construídas sem os recursos tecnológicos atuais. E se por acaso algum aspecto do imóvel for um grande obstáculo, há soluções
Luiz Felipe lembra que a maior parte dos imóveis tombados é para uso comercial e são mais caros. Mas se por acaso tiver um imóvel tombado no zoneamento urbano, o proprietário pode vendê-lo ou ter a vantagem da isenção de IPTU. Ele ressalta que não há idade do imóvel para ser tombado. “Nem máxima, nem mínima. Vai depender da relevância e da quantidade de estilo. Em Belo Horizonte, temos preciosidades desde 1897 preservadas, sem contar o Museu Abílio Barreto, anterior à construção da capital, edifício mais antigo da cidade.”
REALÇAR
A arquiteta e designer de interiores Valéria Alves exalta que, ao contrário de esconder, os aspectos antigos precisam ser realçados. “Um piso de taco carrega história e, provavelmente, é de madeiras como peroba, peroba-rosa ou do campo. Assim como as janelas de madeira nobre e algumas do modelo guilhotina
O advogado do setor imobiliário Luiz Fernando Valladão, sócio-fundador do escritório Valladão Sociedade de Advogados, diz que, apesar de o tombamento restringir o direito do proprietário pelo valor histórico, cultural e artístico do bem e patrimônio, ele pode vender ou fazer alterações desde que tenha aval do conselho local. Caso contrário, pode ser apenado com multa. “No entanto, quem tem esse tipo de imóvel gosta da propriedade por razão afetiva. Agora, se não deseja e desconfia do tombamento, a saída é ajuizar medida cautelar de produção antecipada de prova pela qual vai tentar, na perícia, demonstrar que o seu imóvel não se enquadra nos critérios para o tombamento.”
Diferentemente dos imóveis tombados, Lilian Fajardo, arquiteta, urbanista e designer de interiores, desenvolveu um projeto de reformulação de uma casa de 1930. Ela conta que um casal, que namorava desde a adolescência, criados no mesmo bairro, desejava ter uma casa espaçosa para receber os amigos e a família. Encontraram um imóvel desta década abandonado, mas muito bem localizado e no bairro onde cresceram juntos. Decidiram investir e a chamaram para a missão de realizar um sonho. “Toda a casa original estava implantada em um andar, no nível da rua. Na parte de baixo, um porão com acesso pela lateral da casa. O projeto contemplou a ampliação da casa com estrutura metálica. Uma escada interna foi criada e o porão passou a ser uma charmosa cozinha, que atende tanto a área íntima como a área social.” Lilian conta que, no andar superior, ficou apenas a saleta de distribuição e os quartos e, no inferior, toda a área social integrada com a área externa, que tem uma piscina em raia com borda infinita e, no fundo do lote, a edícula abriga um salão de festas e uma academia de ginástica. “O estilo colonial foi substituído pela contemporaneidade das linhas retas. Um projeto moderno e com personalidade elaborado para clientes singulares.”