A designer de interiores e psicóloga Fabiana Visacro, que lidera o Décor Solidário, conta que esta terceira edição foi a mais desafiadora, porque a instituição agraciada foi uma casa com mais de 40 ambientes, entre quartos, banheiros, salas administrativas, lavanderia, refeitório, brinquedoteca, salão de beleza e espaços externos, o que exigiu muito dos profissionais, que reformaram e decoraram tudo em 30 dias. “Houve quem assumisse quatro quartos! E tudo valeu a pena!”
Fabiana lembra que, a princípio, a grande preocupação era que o grupo se mantivesse próximo e unido. “Ganhamos vários amigos. Para acolher os voluntários, todos precisaram estar motivados porque sofremos pressão, o tempo é corrido e o maior desafio, além da causa, é a vontade de estarmos juntos e nos gostar. E para não crescer demais, extrapolar, alguns profissionais pegaram mais de um ambiente e, se antes tínhamos dupla para um espaço, desta vez o trabalho foi sozinho.” Arquitetos e designers formam um time, que executa os projetos, corre atrás de parceiros e coloca a mão na massa.
DIFERENÇA Para a designer, saber que realmente faz a diferença na vida das pessoas que consegue ajudar é um presente que não tem preço. E, profissionalmente, é a oportunidade de provar que a arquitetura e o design são uma necessidade. “A decoração, a arquitetura e o paisagismo fazem parte do estímulo para essas mulheres sonharem e querer mais. Elas precisam resgatar e saber que têm esse direito.”
Na revitalização, diante desse cenário, Fabiana Visacro explica que trabalharam com muitos espelhos, “para que essas mulheres voltem a se olhar”. Em paredes de vários ambientes, os profissionais espalharam frases motivadoras para que possam refletir. Uma delas diz: “O que merece um ponto final? O que merece uma vírgula? E está na hora da exclamação?”. A designer enfatiza que “recebe muito mais do que doa. “É incrível ver o sorriso no rosto das pessoas que vivem nas casas que revitalizamos. É maravilhoso poder levar a alegria por meio do nosso dom, da nossa união e da criatividade do grupo.”
DEPOIMENTOS
• Isabela Canaan, arquiteta
“Foi minha primeira experiência. Nunca tinha feito uma ação voluntária e me envolvi mais do que imaginava
• Érika Medeiros, designer de interiores
“Participo do Décor Solidário desde a primeira edição. Este ano foi um desafio, porque a casa era enorme e ainda tínhamos a preocupação de guardar o sigilo do lugar, manter a discrição. Participar desse grupo não tem palavras. Sou envolvida em vários outros projetos voluntários e o diferencial aqui é a oportunidade de doarmos o trabalho que fazemos no nosso dia a dia. A chance de transformar a vida das pessoas tem um significado diferente, o brilho nos olhos é único. Fiz a lavanderia e quis fugir do tradicional ambiente branco. A ideia foi mantê-la funcional, com cara de limpeza, mas imaginei levar alegria, natureza, vasos e o toque de trabalho manual. Mesmo na hora de lavar a roupa, do fazer doméstico, procurei fazer com que essas mulheres estivessem em um lugar que transmitisse reflexão. Tanto que há uma frase no espaço: 'Na hora de lavar a roupa, imagine lavar a alma'”.