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Posando de chefs

Cozinha dos sonhos é levada a sério com espírito semiprofissional

Profissionais da arquitetura e do design apresentam projetos de cozinhas semiprofissionais para clientes que, além de receber, adoram exercer a gastronomia

Lilian Monteiro
Projeto da designer de interiores Iara Santos harmoniza a cozinha com o restante do apartamento - Foto: Daniel Mansur/Divulgação
Se a cozinha de seus sonhos tem equipamentos multifuncionais como fornos, que podem fritar, grelhar e cozinhar, tecnologia de ponta, eletrodomésticos de alta qualidade, além de peças decorativas de destaque, funcionalidade, beleza, e tudo isso para que possa exercer o seu lado “chef”, seguramente você precisa de uma cozinha com espírito semiprofissional. Ou seja, um ambiente preparado para suportar horas e horas de preparação dos mais diversos pratos e guloseimas.

A gastronomia está na moda, chefs se tornam celebridades e cada vez mais programas de culinária invadem a programação das TVs. Assim, o que era um hobby de muitos, passa a ser levado bem mais a sério e agita o mercado da construção e decoração, com clientes ávidos por projetos de cozinhas semiprofissionais nas residências. A designer de interiores Iara Santos destaca o projeto da empresária Joelma Lanna, que pediu para ter uma cozinha totalmente incorporada ao resto da casa. “Demolimos paredes e a cozinha ficou aberta para todos os ambientes, conversando com a sala de almoço, jantar, TV, varanda. Todos os espaços têm uma integração com a cozinha, menos os quartos.”

Iara conta que, como a cozinha de Joelma não é de enfeite, mas para o uso comum, do dia a dia, ela usou materiais sofisticados, porque ela está no centro da casa, mas de fácil manutenção. “O cook top é de excelente qualidade, com tripla chama, o forno é de alta potência, a coifa com status de pendente é linda e funcional, a geladeira tem três divisões. Ou seja, se você quer uma cozinha semiprofissional terá de investir em equipamentos de nível superior”, diz. A designer explica que a grande sacada do projeto foi conseguir que a cozinha não ficasse com cara de cozinha e que harmonizasse com o resto do apartamento. Ela enfatiza que muitos utensílios foram usados como objetos decorativos, como as panelas Le Creuset. “Mas é importante destacar que não basta ser bonito ou ter esse efeito, tudo na cozinha deve ser útil.” As bases planas do ambiente, geralmente, são de granito
. Ela indica cores escuras porque o granito é poroso e, invariavelmente, vai manchar. “Se for preto, um dos mais procurados, por mais que absorva nós não visualizamos.”

O psiquiatra Daniel Schichman sempre gostou de cozinhar e conta que adora reunir a família e os amigos nesse espaço - Foto: Arquivo Pessoal/DivulgaçãoIara Santos explica a busca pela cozinha semiprofissional como uma mudança de comportamento do brasileiro, seja mais jovem ou maduro. “Além do receber, da segurança de estar em casa, as pessoas estão preocupadas com a alimentação. E não só pelo custo, mas querem saber o que comem e de onde vem aquele alimento. Tudo isso proporciona maior envolvimento. E o desejo do espaço aberto é para participar dos encontros e ter todo a família junta na hora das refeições. A ideia é a interação e como o alimento é agregador e a cozinha é o melhor lugar da casa, faz parte da história, tudo se uniu.”

Joelma Lanna está supersatisfeita com sua cozinha. “Partindo do princípio de que a cozinha é o centro de tudo, que gosto de receber, que é o lugar onde a família fica e que tenho prazer de fazer muitos pratos, sem ficar isolada, o espaço aberto era essencial. Mas não quis perder toda a privacidade. Então, ela tem uma porta de correr grande que podemos fechá-la se precisarmos
. Estudei muito para definir o que queria, objetos, peças, quis cores como preto e cinza e pontuamos com o azul-turquesa, o azul Tiffany, no armário. Pensei numa coifa poderosa porque tinha pavor de cheiro pela casa, no piso, no tapete. Minha cozinha não é de enfeite.”

Apaixonada pela gastronomia, a empresária Joelma Lanna ficou supersatisfeita com o resultado da sua cozinha - Foto: Chendra Cahyadi/DivulgaçãoINOX A arquiteta Fabiana Couto, da Coga Arquitetura, reforça que ao decidir ter uma cozinha semiprofissional, o cliente precisa investir em equipamentos não só esteticamente bonitos, mas potentes e adequados. Ela explica que a integração do ambiente não é necessária, mas é interessante que seja, ainda mais pela questão do receber, tão em alta.

Em um dos projetos criados por Fabiana, ela destaca a cozinha do psiquiatra Daniel Schichman. “Ele escolheu a bancada de inox pela boa assepsia, limpeza, não proliferação de bactéria, fácil de trabalhar, além de ser linda. O aço inox agrega uma estética diferente. Mas há clientes que preferem o granito ou outros materiais, como os da Dekton e Silestone. O importante é escolher produtos com características que aguentem mais calor, o uso diário, agressões externas, que seja resistente, de qualidade e com estética.” A arquiteta conta que a cozinha de Daniel também tem a porta de correr. “A reversibilidade é importante, esconde a bagunça, quando necessário, e não deixa de ser integrada.”

Daniel Schichman conta que sempre gostou de cozinhar e tem uma história com a culinária, paixão despertada pelo sogro e, na sequência, os cursos que fez. “O objetivo maior é agregar a família e os amigos. Adorei o projeto e, sentado na sala, a visão que tenho da cozinha me deixa encantado.” Ele revela que os bons equipamentos são essenciais. “Tenho fogão industrial, dois fornos elétricos, coifa com motor potente, a banda de inox é fácil de limpar, não fica cheiro, é prática, funcional e bonita. Meus eletrodomésticos são de qualidade, liquidificador, mix, batedeira da KitchenAid, são bons e decoram.”


SAIBA MAIS:
Conheça a história

A arquiteta Renata Zambon Monteiro lançou o livro Cozinhas profissionais, Editora Senac, São Paulo, com orientações de como planejar o espaço. Da celebração do convívio social em banquetes, na Antiguidade, à oferta de refeições em albergues, séculos mais tarde, e em hotéis e restaurantes, na era contemporânea, a história dos serviços de alimentação percorreu várias etapas de evolução. Cozinhas profissionais historia esse processo, ilustrando a evolução desse segmento, e discute sua constituição hoje, discorrendo sobre as necessidades inerentes ao projeto e à operação de diferentes tipos de cozinhas profissionais.