A força do feito em Minas

Projeto reúne em Belo Horizonte o trabalho de grandes nomes da arte e do artesanato

Após sucesso no Rio de Janeiro, projeto Beagá Arte - Valorizando Quem Faz retorna à capital mineira com exposição que apresenta a produção criativa do estado, em homenagem a ícones da arte. No menu, peças manuais em pé de igualdade com os artigos mais caros da alta decoração

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postado em 18/05/2019 10:52 / atualizado em 18/05/2019 11:40 Joana Gontijo /Lugar Certo
Evento é sucesso de público e a segunda edição em BH vai até 30 de maio - Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press Evento é sucesso de público e a segunda edição em BH vai até 30 de maio

É para enriquecer o cardápio de novidades para 2019 que o projeto Beagá Arte - Valorizando quem faz apresenta, até 30 de maio, o evento Minas Arte e Voz - Grandes Ícones, que retorna à capital mineira para a segunda edição, após sucesso no Rio de Janeiro. O encontro reúne o trabalho de nomes importantes da arte e do artesanato de Minas Gerais, com riqueza de peças, encontrando a cultura peculiar de diferentes regiões do estado, com composições representativas. Os visitantes podem prestigiar a mostra no Sou Café, dentro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na Praça da Liberdade. A entrada é gratuita.

Os expositores exibem seu trabalho tradicional e concepções temáticas. Com o norte "grandes ícones do cinema, música, teatro e literatura", fazem tributos a personagens ilustres da cena cultural nacional e internacional. Entre as referências, Fernanda Montenegro, Clara Nunes, Elza Soares, Rita Lee, Elis Regina, Carmem Miranda, Frida Kahlo, e outros. O espaço recebe ainda artistas especialmente convidados para a ocasião.

Com um variado leque que incrementa o projeto, o melhor do artesanato, das artes, da moda e do design chega com a presença ilustre de marcas locais, reafirmando a força criativa de Minas. Entre as ofertas estão: esculturas em madeira maciça; joalheria autoral, entre brincos, colares e anéis; joalheria artesanal com pedras naturais e pérolas, e porcelanas ornadas com frases de poetas mineiros; desenhos e ilustrações afetivas; quadrinhos em micro mosaicos e esculturas minimalistas em palito de fósforo; utilitários, objetos decorativos, bonecas, adornos e esculturas em cerâmica, passando por motivos do cotidiano, relações familiares, religiosidade, representações da cultura da região do Rio São Francisco e do universo feminino; ilustrações e maquetes com temas ligados a Minas Gerais, como cenários de fogão a lenha e referências a igrejas históricas; bolsaria artesanal; bonecas de pano no estilo Tilda e arte em origamis; acessórios e difusores feitos em mosaicos de madeira reaproveitada e sementes; releituras de telas famosas em vestes de bonecas; bordados e crochê em bastidores com citações de músicas; e itens para mesa e parede, entre outros, com o veio da arte popular brasileira.

Alex Teles, neto de GTO, orgulha-se de ser a terceira geração de artistas e comemora a chance de fazer parte da mostra - Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press Alex Teles, neto de GTO, orgulha-se de ser a terceira geração de artistas e comemora a chance de fazer parte da mostra

Desta vez, a homenagem vai para a obra do célebre artista mineiro Geraldo Teles de Oliveira, representado pelo filho, Mário Teles, e o neto, Alex Teles. Os dois lembram a criação de GTO, e também revelam seu conjunto próprio. Para Alex, é um orgulho ser a terceira geração dessa trupe. "Agradeço a Deus por esse dom divino, raro, passado de pai para filho, e que agora está também em minhas mãos. Para nós, a arte significa uma exaltação à vida. Com a arte, se olharmos para dentro, nos encontramos". O artista comemora a chance de fazer parte da mostra. "É uma celebração do que é nosso, nossa essência, nossa memória. A arte feita por mãos mineiras, mãos divinas. Quando surge uma oportunidade assim, abraçamos. E espaços abertos dessa maneira engrandecem a roda da vida, a nossa vida dentro da roda", diz.

Obra minimalista: Rita Lee feita com palito de fósforo - Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press Obra minimalista: Rita Lee feita com palito de fósforo

Quando se trata de arte e artesanato, o sentido de pertencimento nasce em cada obra como o fruto da inspiração que celebra a existência de um povo. Enaltecer o que é elaborado assim é valorizar raízes, é contar histórias, é viver o belo que parte da singularidade. E é para exaltar o feitio manual que o Beagá Arte existe há cinco anos. O coletivo de artistas e artesãos mineiros tem sua origem na iniciativa de Cynthia Rabello que, em um momento inicial, depois de deixar o emprego formal em um banco, concebeu um espaço de produção e vendas na garagem da própria casa, antes com foco em joalheria autoral. Para surgir o primeiro espaço que reunia diferentes obras, no Santo Agostinho, em BH, foi um pulo. O centro que começou pequenino, hoje funciona como um grupo de produtores de todas as idades que mostram os mais variados tipos de artigos concebidos à mão.

Obra do célebre artista GTO é passada de pai para filho - Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press Obra do célebre artista GTO é passada de pai para filho

Cynthia salienta que, desde o início do projeto, a ideia é reunir produtores com trabalhos diferenciados, a partir de um artesanato que contasse histórias, resgatando a imponência cultural de Minas Gerais, estado conhecido pela beleza e profusão do patrimônio artístico e arquitetônico. São concepções que também falam de famílias, com um saber que ultrapassa gerações. "No começo, cedi o espaço que tinha para um pequeno conjunto de artistas, fizemos eventos menores, mas eu não imaginava que o projeto iria crescer tanto e nem tão rapidamente. Desde então, fui conhecendo as pessoas que fazem essas obras lindas, significativas, exaltando a importância da criação mineira, e também do Brasil", rememora.

No princípio, o projeto, além de oferecer cursos, oficinas e workshops diversos, figurou em eventos da área, marcou presença em feiras na capital, como a temporada, em 2018, no corredor de entrada do Jockey Club, na Savassi. Agora firma lugar no Sou Café, com um ambiente permanente para comercialização e exposição dos produtos. No café, inclusive, acontece mensalmente, desde dezembro, um encontro de arte e artesanato, que já caiu no gosto do público nesse que é um espaço privilegiado na cena cultural belo-horizontina. A próxima edição está marcada para a última semana de junho, em data ainda a confirmar.

Para a curadora Cynthia Rabello, o fazer artístico e artesanal é algo único, ao contrário dos objetos industrializados. Peças caem bem em diferentes propostas de decoração - Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press Para a curadora Cynthia Rabello, o fazer artístico e artesanal é algo único, ao contrário dos objetos industrializados. Peças caem bem em diferentes propostas de decoração

Com o Minas - Arte e Voz, a intenção é construir uma exposição itinerante para ocupar centros culturais, mesmo fora de Belo Horizonte, e a seleção dos artistas participantes muda por temporada, cada uma delas com duração de um ano. Para 2019, a mostra chegará a Florianópolis e Búzios, nessa última cidade na galeria da artista Flory Menezes, além de outros possíveis convites. Junto à reunião original de produtores, o projeto terá também a presença de convidados especiais. "É a arte e a voz de Minas. A voz no sentido de proclamar a história por trás de cada objeto. O público se surpreende vendo tipos de obras que não se encontra fácil por aí. E agora as pessoas estão conhecendo, adquirindo e vendo que é possível ter uma obra de arte. Por outro lado, os artistas têm a chance de expor não somente em lugares restritos, como galerias, e têm seus trabalhos divulgados, valorizados, e com retorno financeiro. Afinal, sobrevivem disso", diz Cynthia. "Costumo dizer que estamos no meio termo - não fazemos nem o artesanato simples e nem as obras de arte mais inviáveis e inacessíveis. Buscamos trazer a arte e o artesanato que sejam alcançáveis e que as pessoas possam consumir no dia a dia", acrescenta.

Sereias do Velho Chico - Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press Sereias do Velho Chico

A arquiteta Sabrina Malta passeava pelo CCBB com uma amiga quando a exposição no Sou Café atraiu sua atenção. Ela diz que ficou impressionada com a riqueza de detalhes. "Recomendo a todos que venham. É muito importante preservar nossa história, até para as futuras gerações". Para ela, quando se leva uma peça artesanal e artística para dentro de casa, recanto de intimidade, o agregar vem da personalidade, de algo que traz identificação. "É uma forma de exaltar o que te marcou de alguma forma", conta.

Bonecas em cerâmica do Vale do Jequitinhonha e esculturas feitas por irmãos ceramistas de Betim  - Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press Bonecas em cerâmica do Vale do Jequitinhonha e esculturas feitas por irmãos ceramistas de Betim

O colorido despertou a curiosidade de Ana Cecília Viana Ávila, quando ela entrou no espaço para tomar um café. A artista plástica se encantou com a diversidade das criações. "Tem a cara de Minas, tem a cara do Brasil. São várias formas de linguagem artística e todas elas casam harmonicamente. Essa exposição evidencia multiplicidades, uma fortuna que precisa ser divulgada. É a memória coletiva que deve sempre ser resgatada", elogia.

Desenhos representando cidades históricas mineiras - Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press Desenhos representando cidades históricas mineiras

Xícaras de cerâmica com referências femininas, como Frida Kahlo e Carmem Miranda - Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press Xícaras de cerâmica com referências femininas, como Frida Kahlo e Carmem Miranda

Foi através das redes sociais que a professora de espanhol Flávia Dias tomou conhecimento sobre a mostra. "Entre obras bem diferentes, tem para todos os gostos. São materiais e suportes artísticos variados, ao contrário da produção massificada, industrializada. Valorizo muito a arte e o artesanato. É uma volta às raízes. A arte transforma, lança uma outra forma de olhar o mundo a partir de como o artista apreende a realidade. Abre o campo de visão como representação da cultura de um povo. Arte é tudo. E vale a pena visitar a exposição", convida.

Obra de arte popular com personagem de Ouro Preto, e bonecas representando Fernanda Montenegro e Elza Soares - Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press Obra de arte popular com personagem de Ouro Preto, e bonecas representando Fernanda Montenegro e Elza Soares

No menu, peças em pé de igualdade com os artigos mais caros da alta decoração, com o diferencial de carregar um sentimento que brota no íntimo da alma do criador e toma forma. É o desenho autêntico que convida o olhar à apreciação. "Tenho observado o crescimento da arte e do artesanato mineiro no design de interiores e na arquitetura. Os profissionais da área investem nessas peças na própria construção dos ambientes. Os trabalhos manuais valorizam as tradições, imprimindo nas composições mais identidade", diz Cynthia Rabello.

Ilustrações com cenas de Minas Gerais - Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press Ilustrações com cenas de Minas Gerais

Mesmo no mundo da tecnologia, as pessoas querem chegar em casa e ter aconchego, um lugar com a sua personalidade, o que o artesanato, por ter a possibilidade de produção sob medida para cada espaço e cliente, proporciona. "Por exemplo, é muito comum a pessoa pedir para bordar uma almofada com os motivos que o arquiteto especificou para o papel de parede. É algo único, ao contrário dos objetos industrializados, e cai bem em diferentes propostas, como em espaços corporativos, residências, casas de campo, e o que mais der vontade. A arte permite fazer o que a gente deseja", conta a curadora.

Bonecas são a versão em terceira dimensão de telas famosas, e homem em argila traz cena do cotidiano do interior - Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press Bonecas são a versão em terceira dimensão de telas famosas, e homem em argila traz cena do cotidiano do interior

Uma aposta independente apoiada pelo Beagá Arte, a recém-inaugurada Mercearia - Loja Ateliê é mais uma vitrine importante para os artistas e artesãos mineiros em Ouro Preto, local de ressonância cultural e histórica no estado, no país e, porque não dizer, no mundo.

Esculturas em madeira e vestido de cerâmica decorativo - Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press Esculturas em madeira e vestido de cerâmica decorativo

O projeto está com inscrições abertas para expositores interessados, e também oferece oportunidade para quem quiser integrar o time de artistas e artesãos que fará parte de um evento especial em julho, em Ouro Preto. Basta procurar a coordenação para avaliação das peças e possível participação. O telefone é (31) 9.8225-5711 e também está disponível o endereço no Instagram @beagaarte, além da página no Facebook.

Veja a lista de expositores do evento: 

Alex Teles e Mário Teles@telesescultor e @art.teles 
Bárbara - Mosaicos Inajá@mosaicosinaja 
Cláudio Gerais 
Cynthia Rabello@ateliecynthiarabello 
Denise Cruz - Cruzes Décor - @cruzesdecor 
Djenane Vera - Vila Ateliê - @djenanevera 
Domingos Sávio Gariglio - Gariglio Design - @garigliodesign 
Estevão Machado@estevaomachadogontijo 
Exequiel Duarte - Recicl-A-rte - @recicl4arte 
João Paulo da Mota e Miguel de Souza @artesmota e @ateliemigueldesouza 
José Adolfo Viana - Sereias do Velho Chico - @adolfovianade 
Kennya Ramalho Luz - Ateliê Diadorim - @ateliediadorim 
Lloyd Riddick 
Marcela Moreirah - Bruaca - @suabruaca 
Rita Gomes@rita_g.f 
Rita Scaldaferri - Tauariê Objetário - @rita_scaldaferri 
Rosangella Menezes@rosangellamenezes 
Willi de Carvalho@willi_cesar_carvalho 

Serviço:
Minas: Arte e Voz - Grandes Ícones
Até 30 de maio
De quarta-feira a segunda-feira, de 10h às 22h
No Sou Café
Centro Cultural Banco do Brasil
Praça da Liberdade, 450, Funcionários - Belo Horizonte
Instagram: 
@minasarteevoz 
Entrada gratuita
Sujeito a lotação
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