Estímulo para o mercado

Procura de imóvel para locação é maior na passagem do ano, motivada pela saída de estudantes das unidades ocupadas. Aumento da demanda provoca ágio sobre os preços do aluguel até 30%

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postado em 30/12/2008 09:59
Beto Novaes/EM/D.A Press
A essa altura, a procura principalmente por apartamentos para alugar coincide com outro movimento: o de saída, por parte de estudantes graduados, das unidades ocupadas. Oportunidade para engatilhar uma locação antes mesmo de o imóvel ser anunciado. E antes de um ágio sobre os preços que pode chegar a 30%.

Eurico Santos, diretor da Coração Eucarístico Netimóveis, afirma que, em um mês normal, aluga em média 20 apartamentos. Em janeiro, esse número dobra. "Até as vendas aumentam. Não na mesma proporção da locação. Mas quando alguém de fora não encontra um imóvel nas condições desejadas para alugar, e tem condições, acaba comprando. Isso evita a busca por fiador, o que incomoda algumas pessoas", diz.

A procura supera a oferta na locação. "Nem sequer preciso anunciar ou panfletar. A própria procura de quem vem à imobiliária já é suficiente para fechar negócio com as unidades disponíveis. Hoje, tenho seis unidades com perfil adequado para estudantes. Imóveis que permitam acesso à universidade a pé", esclarece.

As exigências da locação para estudantes são as mesmas das demais, mas Eurico admite flexibilizar. "Em geral, lidamos com pessoas vindas do interior. Então, aceitamos que um dos fiadores seja de fora de BH, mas o outro deve ser da capital mesmo".

Sobre a decisão de alguns condomínios de proibir aluguel de apartamentos para "repúblicas", Eurico diz procurar não se desentender com os síndicos, mas acaba obedecendo às ordens do proprietário. "O que evito é alugar para um grupo de jovens que não se conhecem. Percebemos isso. Geralmente, a procura pelo imóvel se dá depois do início das aulas. Os alunos se conhecem, se reúnem e tentam alugar um imóvel próximo à escola ou faculdade. Isso não acho legal, mas, quando são da mesma cidade, familiares, não vejo problema", exemplifica. "De qualquer forma é um mito de que estudantes dêem mais problemas ou não cuidem do imóvel. Até porque, em relação a esse ponto, deve-se obedecer o laudo de vistoria".

DISCRIMINAÇÃO

Advogado especialista em mercado imobiliário, Juliano Mendonça Gonzaga não admite ser legal a proibição. "Para mim, caracterizaria discriminação. Se um caso desse tipo for para a Justiça, creio que o condomínio perderia a causa. A conceituação de república é muito vaga e é praticamente impossível determinar, previamente, se o comportamento de A ou B será inadequado", avalia.

Os estudantes representam uma parcela significativa para o mercado de locação. Na Coração Eucarístico Netimóveis, por exemplo, são 130 imóveis com esse público, dentro de um universo de 450 no bairro, que também abriga a PUC Minas.

O baiano Wallace Freitas, estudante de publicidade e propaganda da PUC Minas, já mora há seis meses em Belo Horizonte. Vive em um pensionato. Sem parentes em Belo Horizonte, enfrenta dificuldades para alugar um imóvel. "Não temos fiador com imóvel quitado em BH. E meus dois amigos, que dividiriam as despesas, também são de fora e estão na mesma situação", lamenta. "Estamos procurando imóvel há um mês. Precisamos de um três quartos com garagem e aluguel até R$ 1,2 mil. Acabamos de perder um por não preenchermos os critérios exigidos pela imobiliária".
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