Temperaturas elevadas provocam aumento no consumo de água e muitas vezes fazem com que as pessoas tenham atitudes que levam ao desperdício. Junto com banhos mais demorados, irrigação de jardins e lavagens de calçadas, o aumento do uso de piscinas particulares, principalmente as de plástico, podem contribuir para o desabastecimento em regiões de forte calor.
Além de afetar o abastecimento, a conta de água também pode surpreender os proprietários destes imóveis. No caso das residências com piscina, a Sanepar, entidade do Paraná, alerta os moradores sobre a importância das manutenções constantes para manter a qualidade da água e orienta para que a complementação do nível da piscina seja realizada fora dos horários de pico. "O ideal é que as piscinas sejam enchidas antes das 10 horas da manhã ou à noite, depois das 22 horas, fora dos horários de consumo elevado", explica o gerente, Romilson Gonçalves.
Ele destaca que a água de uma piscina de 5 mil litros seria o suficiente para abastecer uma família de até quatro pessoas por 15 dias. "Se o proprietário de um imóvel que tenha uma dessas piscinas esvaziá-la todos os dias, é óbvio que o abastecimento poderá ser prejudicado para outras famílias vizinhas. Economizar água nessas situações é muito mais do que agir de maneira sustentável. É ser solidário com outros moradores que não têm as mesmas atitudes", reforça Romilson.
Dicas de economia
De acordo com o químico industrial e gerente da Sanepar, Agenor Zarpelon, no caso das piscinas plásticas há duas dicas essenciais para quem quiser contribuir e evitar desperdícios.
Uma delas é cobrir a piscina quando ela não estiver sendo utilizada. "Além de evitar que sujeiras caiam na água, também evita-se que a incidência da luz solar provoque a eutrofisação, processo que provoca a proliferação de algas na água e também a aparição de outras bactérias", explica. Cobrir a piscina também evita que ela se transforme em foco do mosquito transmissor da dengue (Aedes aegypti). A outra dica é não descartar todos os dias a água destas piscinas, evitando o gasto excessivo com a reposição da água.
Para manter a qualidade desses reservatórios, o morador pode adicionar uma colher (das de sopa) de água sanitária comum para cada metro cúbico de água, o equivalente a mil litros
"Quando houver necessidade de descarte, o ideal é que a água dessas piscinas seja armazenada em baldes e bacias para depois ser reutilizada na lavagem de carros e calçadas, em vez de gastar novamente água tratada para essas atividades", recomenda Zarpelon.
Bons exemplos
Em relação às piscinas de fibra ou alvenaria é essencial que elas tenham sistema de filtragem e que a limpeza seja realizada preferencialmente por profissionais especializados. A manutenção é garantia de saúde dos frequentadores e de economia de água. Proprietário de uma loja especializada na comercialização de piscinas, José Salvador Reis Silva sempre orienta os clientes a filtrar a água por no mínimo seis horas diárias. "Isto evita o desperdício na hora de retirar a sujeira decantada. É preciso fazer a cloração para preservar a água", lembra.
Salvador diz que no uso da piscina, o próprio banhista leva água para fora. "Tem ainda a perda na evaporação, principalmente em dias quentes e secos como agora", observa. A piscina do aposentado Domingos Marconato, construída junto com a casa, nunca deixou de ser cuidada, mesmo em períodos de pouco uso. Na casa de Domingos também foram implantados conectores nas saídas das calhas para direcionar a água da chuva para a piscina.
O técnico em tratamento e manutenção de piscinas, Reinaldo Gouveia Cunha, com 20 anos de experiência na profissão, cuida de 48 piscinas
Vilmar Salapata é síndico de um edifício com 12 apartamentos. Lá, a piscina de 50 mil litros, construída há 16 anos, nunca foi esvaziada. O síndico conta que também aproveita a água de chuva para a reposição. Vilmar destaca que a limpeza da piscina é feita de acordo com o uso. "Mantemos ela sempre limpa, com produtos de boa qualidade para evitar a troca e o desperdício da água", ressalta.