"Não se pode contratar financiamento imobiliário como se compra eletrodoméstico a prazo", diz o advogado Lúcio Delfino, diretor da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH)Ele alerta que, ao assumir financiamento para a aquisição da casa própria, o cidadão se responsabiliza por uma dívida que pode durar mais de uma década e, durante este período, ele não poderá ter a sua renda muito comprometida com outros pagamentos"Somente depois de quitado o financiamento o cidadão é o dono do imóvelPor isso, a compra à vista é sempre o melhor negócio", lembra.
Quando o pagamento à vista não é possível, o diretor da ABMH recomenda que o futuro mutuário economize o que puder num período anterior à compra, de maneira que tenha recursos para uma boa entrada, necessitando assim de financiar um valor menorVale também o uso dos recursos do FGTS tanto para diminuir o valor a ser financiado quanto para amortizar o saldo devedor.
A possibilidade de usar o FGTS e o subsídio do governo para a sua faixa de renda foi o principal motivo que levou o auxiliar administrativo Cristiano Marcos de Carvalho a contratar financiamento imobiliárioEm fevereiro, Cristiano fechou com a Caixa financiamento de R$ 47 mil para comprar um apartamento de dois quartos no Jardim Riacho, em Contagem, avaliado em R$ 57 milCom prestação de R$ 440, pouco superior ao aluguel que pagava, de R$ 370, Cristiano mora, com a esposa, há pouco mais de uma semana no apartamento novo"Estou satisfeitoObtive subsídio de R$ 2,8 mil do governo, tenho 20 anos para pagar, mas pretendo quitar minha dívida em oito ou 10."
Taxas de juros A escolha da instituição bancária onde se pretende tomar o empréstimo é importante, diz Lúcio Delfino, e deve-se optar por aquela que oferecer a menor taxa de juros na concessão do financiamento"A melhor opção é sempre oferecida pelas instituições que trabalham com o Sistema Financeiro da Habitação", orienta.
O nível de comprometimento da renda familiar com o pagamento da prestação, na avaliação do diretor da ABMH, nunca deve ser superior a 20% ao longo do contrato, o mutuário pode ser surpreendido por problemas como o desemprego e a queda na renda.
O prazo para pagamento também não deve ser muito longo