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Tem casa de sobra em Minas

Número de imóveis vagos em condições de serem habitados no estado é maior que o déficit de moradia. Famílias com renda de até R$ 1.245 são as que mais sofrem com o problema

- Foto: Emmanuel Pinheiro/EM/D.A Press 8/5/07
As moradias vagas em Minas Gerais são suficientes para acabar com todo o déficit habitacional do estadoE ainda sobram 27,78 mil unidadesO déficit habitacional em Minas é de 721.117 unidades, ou 12,6% do total de domicíliosEnquanto isso, o número de domicílios vagos é de 748.906Os dados são referentes a 2006 e fazem parte de pesquisa divulgada ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP), por intermédio do seu Centro de Estatística e Informações (CEI)O levantamento foi feito em parceria com o Ministério das Cidades, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (Pnud)

Os domicílios vagos são aqueles em construção ou em condições de serem habitadosO levantamento apurou apenas as unidades que não estão ocupadasNão foi levada em conta, por exemplo, a região onde estão situados esses imóveis ou o valor médio das unidadesA pesquisa apontou que as famílias com renda de até três salários mínimos (R$ 1.245) respondem por 93% do déficit em MinasNo levantamento anterior, em 2000, essa faixa de renda da população representava 85,7% da falta de moradia
"O déficit está cada vez mais concentrado na baixa renda", afirma Maria Bernadette Araújo, coordenadora do estudo e pesquisadora do CEIEla ressalta que o acesso maior aos bens de consumo, como aparelhos celulares, eletrodomésticos e eletrônicos, não chegou à casa própria

O déficit habitacional em 2000 era de 640.559 unidades em Minas, o que representava 13,4% do total de domicíliosEm 2006, essa porcentagem caiu para 12,6%"Em números absolutos, a falta de moradia está crescendoMas o percentual em relação ao total cai, em função do crescimento expressivo da população", observa Maria Bernadette

No Brasil, o déficit habitacional em relação ao total de moradias caiu de 16,1% para 14,1% de 2000 a 2006A escassez de habitações somou 7,22 milhões e 7,93 milhões, respectivamenteOs estados com maior queda no percentual do déficit nesse período foram os do Norte e NordesteNo primeiro, o percentual da falta de moradia em relação ao total das habitações caiu de 30,2% para 22% nos seis anos analisados
No Nordeste, essa taxa caiu de 25% para 19,5%"Essas regiões têm política habitacional forte do governoTalvez seja por isso estejam com queda maior na taxa do déficit", observa Maria Bernadette

Os próximos levantamos sobre o déficit habitacional devem apresentar resultados diferentes em relação aos domicílios vagos, segundo Ariano Cavalcanti de Paula, presidente do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (Secovi-MG)"O mercado imobiliário mudou muito nos últimos anosO valor do aluguel de um imóvel usado, por exemplo, tem ficado cerca de quatro vezes acima dos índices de inflaçãoA absorção da oferta está grande e certamente os números do ano passado e deste ano devem ser diferentes", observa

O déficit habitacional resulta da necessidade de construção de novas moradias para resolver problemas sociais e específicos de habitaçãoFazem parte do déficit os domicílios improvisados (barracas, carros, pontes), os rústicos (sem paredes de alvenaria ou madeira aparelhada), a coabitação familiar (habitação de famílias em um mesmo domicílio) e o ônus excessivo com aluguel (família com renda de até três salários mínimos e gasto de mais de 30% do ganho com aluguel)

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