"É preciso diversificar a política habitacional do país que sempre esteve calcada na aquisição da casa própria para adequar os investimentos nessa área às necessidades da população"A análise é da coordenadora de Estudos Setoriais Urbanos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Maria Piedade Morais.
Segundo ela, enquanto o mercado imobiliário brasileiro está voltado para imóveis de luxo, há uma grande demanda por moradias menores, de baixo custo e para alugar no país.
"No fundo as pessoas não precisam comprar uma casaSe você é um jovem, por exemplo, e não sabe onde vai trabalhar no futuro, não precisa, necessariamente, comprar uma casa, tem é que ter onde morar", afirmou a especialista
Para ela, os responsáveis pela política habitacional ainda não perceberam a relevância de ter diferentes tipos de ofertas"A moradia de aluguel é uma necessidade principalmente da população jovemAs cidades grandes precisam não só de maior oferta de moradia popular, mas de moradia popular para alugar", defendeu a coordenadora.
Entre a população que precisa de pequenos imóveis e poderia ser atendida por aluguéis acessíveis, ela inclui também os idosos cujo número tende a crescer com o aumento da expectativa de vida no país.
Como alternativas, ela sugere redirecionar o foco da política habitacional, ampliar os programas de arrendamento residencial, como o que atualmente é gerido pela Caixa Econômica Federal, e incentivar a construção civil popular voltada para o aluguel.
Para ela, embora o imaginário da casa própria seja muito presente no Brasil, o importante é que a pessoa consiga morar a exemplo do que acontece na Europa"A política habitacional social em vários países europeus não é a moradia de compra, é a de aluguelLá se tem um estoque público e uma série de famílias usam o aluguel socialVocê tem várias alternativas e eu acho que o Brasil deveria começar a perceber a importância de diversificar a oferta do tipo de moradia".
Segundo ela, especialistas apontam que o fato de ter uma casa limita as opções de inserção do indivíduo no mercado de trabalho, já que ele fica preso espacialmente