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Plano habitacional pode levar bancos a oferecer produtos para os mais pobres, diz especialista

O plano habitacional Minha Casa, Minha Vida, lançado pelo governo, aliado baixa esperada na taxa básica de juros (Selic), deverá levar, a longo prazo, os bancos privados a oferecer produtos destinados classe baixa
A avaliação é do vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira

"Acredito que após uma normalização do mercado, com a Selic continuando a cair, essa concorrência deverá se estabelecer a médio e longo prazoHá um grande déficit habitacional nessa categoriaAlém disso, é um público que demanda por muito crédito e para o qual os bancos teriam interesse em vender outros produtos como títulos de capitalização, consórcios e planos de previdência, por exemplo", explicou

"Antes de o Brasil sentir os efeitos da crise financeira mundial no último trimestre de 2008, a concorrência no mercado de financiamento imobiliário era acirrada, principalmente para imóveis destinados classe médiaO que não se via era produto para a classe mais pobreA classe média, para as instituições financeiras, é um público muito interessante porque fica fidelizado por mais tempo A crise interrompeu o processo de aumento de prazos e de taxas cada vez menoresAgora, a gente já começa a ver os bancos preparando campanhas para financiar novamente", destacou

A curto prazo, na avaliação de Miguel de Oliveira, o plano habitacional do governo precisa ainda vencer barreiras importantes para começar a ter efeito"Por enquanto é muita promessa
Na prática nada aconteceu aindaSe for implementado da forma que foi falado, vai haver um barateamento do crédito, tanto na área dos seguros, que encarece muito a questão do empréstimo, quanto no próprio financiamento de baixos valores, principalmente para as classes mais baixas da população".

Um dos entraves, na avaliação de Miguel de Oliveira, é a questão dos terrenos que envolve, neste caso, fatores políticos"Como esse plano está atrelado disponibilidade de terrenos que deverá ser indicada pelas prefeituras, os parceiros do governo, há um fator políticoNas grande cidades, não se encontra mais terrenos em áreas próximas e isso é um entrave para o governo viabilizar a implementação do planoPor enquanto, é uma promessa de que o governo vai disponibilizar um volume grande de recursos para atender as pessoas mais carentes, permitindo prestações baixas, mas ainda não aconteceu nada", destacou.

Na segunda-feira (13), ao comentar o início do cadastramento de interessados no programa Minha Casa, Minha Vida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que o pacote precisa de um tempo de maturação para que a população possa perceber os primeiros resultados"É um desafio para o governo, para as prefeituras, para os estados, para os empresáriosO governo federal começou a registrar pessoas que querem comprar casas e também projetos de empresas para a construção das moradias"