Pequenos reparos: faça você mesmo

Quem nunca passou por uma casa onde há um banheiro interditado porque o registro da descarga teve de ser desligado devido a vazamento na rede? Dificilmente alguém não tenha se deparado com aquela torneira pingando e amarrada com elástico para não inundar a pia e a cozinha. Manter a casa, o apartamento, a loja ou o escritório funcionando não depende apenas dos cuidados com a limpeza e decoração, mas os improvisos não ajudam na preservação do imóvel e podem acumular problemas. Especialistas dão dicas para detectar vazamento nos banheiros, revestimentos, como trocar resistência e fazer a limpeza na caixa-d’água, que podem evitar problemas e gastos futuros.

O encanador e pedreiro Carlos Henrique Silva faz reformas, mas tem se especializado em pequenos reparos, que vão desde a troca de luminárias, campainhas e resistência de chuveiro, desentupir vasos sanitários e até instalar trilhos para cortinas. A versatilidade na prestação de serviços faz de Carlos Henrique um profissional muito requisitado e as visitas aos clientes já precisam ser agendadas com muitas semanas de antecedência. A maioria dos imóveis onde vai trabalhar está com problema de vazamento. "Mas os donos aproveitam para fechar um pacote com tudo o que precisa ser consertado", comenta. Os serviços podem levar uma hora, um dia, uma semana ou mais de um mês para serem executados, dependendo do trabalho a ser feito.

Além da falta de experiência das pessoas para realizar pequenos serviços de manutenção do imóvel, Carlos Henrique acredita que a vontade de economizar por parte dos donos de imóveis aumenta a clientela. "Muita gente tenta resolver o problema com um profissional inexperiente e o reparo, que seria pequeno, se torna muito maior". O dono de imóvel curioso, aquele que não domina a técnica, mas tenta realizar o trabalho sozinho, também aumenta a proporção da reforma a ser feita. "Sabe aquele sujeito que remenda tudo na base da cola plástica e da massa plástica? Eles ajudam a nunca faltar serviço para nós, que fazemos consertos".

Carlos Henrique cita o exemplo da pessoa que tenta eliminar entupimento de pia com Coca Cola ou água quente. Em pouco tempo, o cano de PVC resseca e é preciso quebrar e trocar tudo. "As pessoas normalmente nos chamam depois de tentar de tudo para resolver o problema sozinho. Eles escondem a operação, que não só não funcionou, como complicou a situação da construção”. O valor do serviço, segundo o pedreiro, é combinado por empreitada, e não por prazo de execução. Para desentupir um vaso, o valor é de R$ 60, se não for preciso retirar a peça. Caso seja necessária a remoção do assento, o preço sobe para R$ 90.

BOM SENSO

O gerente regional da Telhanorte, Omelicio Zaneti, revela que o bom senso pode ajudar o consumidor a economizar. "Por causa de erros primários, o morador, que poderia resolver o problema com R$ 50, acaba gastando R$ 1 mil", ressalta. A contratação de um faz-tudo pode ser evitada com a bricolagem, aquelas atividades feitas pelo próprio consumidor. Com dicas simples, diz ele, pequenos reparos podem ser feitos pelos próprios moradores.

Zaneti destaca que novos materiais lançados no mercado de construção ajudam a manter o imóvel em bom estado, sem desperdício. Um exemplo são os neutralizadores de ferrugem aplicáveis com pincéis, verdadeiros quebra-galhos para problemas comuns nas casas. O silicone, que pode ser aplicado em focos de vazamentos na pia, frestas indesejáveis e peças de acabamento, também faz parte da dispensa da casa.

Para quem deseja assumir a manutenção da casa ou apartamento, o gerente sugere a formação de um kit de primeiros socorros do lar. O que não pode faltar, segundo Zaneti, é furadeira, martelo, jogo de brocas, chaves de fenda normal e philips, alicate e chave-inglesa pequena, além de veda-rosca e fita isolante.

PRESERVAR

O engenheiro Maurício Costa diz que investir tempo na manutenção da casa é adotar uma postura mais global, de preservação do imóvel. "Assim como é preciso cuidar do meio ambiente, das águas e das plantas, é preciso ter um olhar de preservação para o lugar onde moramos ou trabalhamos".

Se nas grandes cidades os apartamentos se transformaram em habitat para milhões de pessoas, o engenheiro diz que é lá que devem ser adotadas medidas para aumentar o conforto, o bem-estar, a saúde dos habitantes e ainda economizar recursos da natureza. "No caso da rede elétrica, o momento de manutenção ou de simples troca de lâmpadas pode ser de redução do consumo, mantendo o conforto para quem vai usar o espaço".

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