Antes de um imóvel ser tombado pelo patrimônio, ele passa por alguns processos, coordenados pela Secretaria de Patrimônio Cultural da Prefeitura de Belo HorizonteInicialmente, é feita uma solicitação de estudo da área, que pode partir do proprietário do imóvel, de alguma organização ou da Câmara MunicipalDepois, o Conselho de Patrimônio Cultural pede a abertura do processo de tombamento e, no final, é feito um estudo mais especializado sobre o imóvel, a área em que está e sua história
Segundo a diretora de Patrimônio Cultural da Prefeitura de Belo Horizonte, Michele Arroyo, uma combinação de fatores determina se um imóvel preenche os requisitos para ser tombado"A arquitetura da construção e a data de sua fundação são apenas alguns dos elementos avaliados antes de se promover um tombamento", diz
Para qualquer intervenção em um imóvel tombado, como pintura ou alterações na fachada, é preciso aprovação pela prefeituraAs obras não podem descaracterizar a construção histórica e a demolição clandestina de casas reconhecidas como patrimônio prevê multa e até prisão do transgressor"Os imóveis tombados têm um mérito cultural que não pode ser ignoradoSe você é proprietário de uma casa histórica e quer instalar ali um cursinho de inglês, por exemplo, precisa de aprovação da prefeitura antes de realizar qualquer obra, mesmo que não vá mudar as características do localDamos assessoria ao proprietário ou inquilino do imóvel tombado e o ajudamos, caso ele tenha um projeto de reforma da unidadeUma equipe de arquitetos, restauradores e historiadores ajuda no planejamento e acompanhamento da reforma", afirma Michele
CONSERVAÇÃO
As construções antigas e bem conservadas costumam ser mais valorizadas quando usadas por estabelecimentos comerciais, restaurantes, lojas ou escolasO Colégio Promove, na Avenida João Pinheiro, é um exemploSegundo a diretora da unidade João Pinheiro do Núcleo Promove de Ensino Médio, Rúbia Fantauzzi, além da valorização financeira do casarão depois de tombado, há a cultural"Como aqui funciona uma instituição de ensino, os estudantes têm, na própria escola, um modo de trabalhar a questão do patrimônio e conservação de sua cidade", diz
O casarão do Colégio Promove era uma casa de dois andares no final do século 19 e já funcionou como pensão, sapataria e lanchoneteO imóvel foi restaurado em 1996, como parte das comemorações do centenário de Belo HorizonteAlém da manutenção da cor original da fachada, os pisos de madeira foram reformados"É muito interessante quando um imóvel concilia patrimônio e modernidadeNa frente do colégio temos uma construção do século 19 e atrás, um prédio moderno, de nove andares, que oferece aos alunos todas as facilidades dos novos empreendimentos", afirma Rúbia
Para Michele Arroyo, um estabelecimento comercial que funciona em um patrimônio histórico também é mais valorizado pelos clientes, que apoiam comerciantes preocupados com a conservação da cidade
A diretora de Patrimônio Cultural da prefeitura destaca que, a cada 10 anos, o inventário das construções tombadas é atualizadoEsse documento contém informações como o uso atual do imóvel, sua descrição com fotos e o atual estado de conservação"Desse modo, temos controle sobre nossos bens culturaisÉ importante acompanhar o envelhecimento dessas construções e se elas são usadas como estabelecimentos comerciais, de serviço ou residencial", diz