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Muros ecológicos

Cerca viva é opção para quem procura privacidade, segurança, contato com o verde e melhoria na qualidade de vida. Paisagistas dão dicas que aliam beleza e praticidade

Júnia Leticia
A professora de paisagismo Virgínia Caetano diz que divisória feita com o chorão-ereto, além de bonita garante privacidade entre imóveis, onde não é possível colocar muro - Foto: Gladyston Rodrigues/Ao Cubo Filmes
Além de sua função ecológica, que visa ao equilíbrio do ecossistema urbano, os projetos paisagísticos oferecem soluções para a redução de ruídos e da poluição nas grandes cidades, atenuam o calor e aumentam a umidade do arOutra aplicação desse tipo de trabalho é esconder ou minimizar espaços que não devem ser observados, mantendo a privacidade do imóvelPara isso, paisagistas normalmente recomendam o uso de cercas vivas

Veja fotos de plantas que podem ser usadas para cercas vivas

Segundo a arquiteta, mestra e professora de paisagismo nos cursos de arquitetura e urbanismo e design de interiores da Universidade Fumec Virgínia Caetano, cerca viva é um conjunto de plantas dispostas em fileiras que têm a finalidade de delimitar um espaço onde não é possível ou não é desejada a construção de um muro"Como exemplo, temos várias cercas vivas nos condomínios horizontais ao redor de Belo Horizonte, marcando os limites entre terrenos", aponta

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O paisagista e ambientalista Caio Zoza recomenda cercas vivas em construções muito próximas às divisas do terreno, principalmente áreas de lazer"Também quando a edificação é perto da ruaNesses casos, a cerca viva é indicada para dar maior privacidade aos moradores, obtendo-se aí também uma barreira sonora, permitindo, assim, maior conforto", diz

Elas também podem ser usadas nos jardins sobre laje dos pilotis dos edifícios, como diz a arquiteta Virgínia Caetano"Os benefícios de jardins sobre laje com grande volume de vegetação são bastante significativos para a cidadeQuando planejados desde a concepção do projeto arquitetônico, o cálculo das lajes permitirá o plantio de espécies de maior porte", explica


No caso de edifícios mais antigos a serem reformados, uma boa opção é a criação de jardineiras acima da lajeQuando planejadas com todos os cuidados técnicos de segurança, impermeabilização e drenagem, a arquiteta diz que são soluções vantajosas nas grandes cidades, onde a verticalização é dominante"Nesse caso, as cercas vivas podem ter as mesmas funções descritas anteriormente como se estivessem plantadas em terreno natural", acrescenta Virgínia CaetanoMas se o objetivo for criar um quebra-vento em grandes áreas rurais, podem ser escolhidos o bambu, o álamo ou a grevílea

Para ser usada como cerca viva, as plantas têm de ter facilidade de entrelaçamento dos galhos durante seu crescimento, conforme Caio Zoza"Além disso, devem regenerar-se facilmente depois de sucessivas podas e não ser caducifólia, nome dado às plantas que perdem suas folhas durante um período do ano", exemplifica o paisagista

SEGURANÇA

Além disso, elas são cultivadas com a finalidade de promover a segurança, tanto em áreas residenciais quanto urbanas, conforme Virgínia Caetano"Em Belo Horizonte, um bom exemplo de uso em área urbana é a cerca viva que limita a linha do metrô, na região central da cidade", exemplifica a arquiteta

Ela conta que lá foi utilizado o sansão-do-campo, uma espécie muito resistente, densa desde a base, com muitos espinhos ao longo dos galhos, folhagem verde clara muito ornamental, que tem flores branco amareladas durante quase o ano todo, podendo chegar a 8 metros de altura"Esse maciço de vegetação, além de impedir a passagem de pessoas e até de pequenos animais para a linha do trem, cria um corredor verde que embeleza o trajeto, aumenta a umidade e reduz o calor daquela região", completa


Outro ótimo exemplo de cerca viva foi visto por Virgínia Caetano em São Paulo"Feita com murta nos canteiros centrais da AvNove de Julho, ela é utilizada como barreira para impedir que os pedestres atravessem fora das faixas", contaDe acordo com ela, o efeito é muito bonito e a cerca viva tem um aspecto mais gentil do que as duras estruturas metálicas com tela

As duas espécies citadas pela arquiteta são muito resistentes, não exigem muitos cuidados e desenvolvem-se em condições adversas de climas variados e solos pobres em nutrientes, resistindo a longos períodos de estiagemAlém dessas características, o paisagista Caio Zoza fala que, para se definir a criação ou não de uma cerca viva, deve se levar em conta outros aspectos"A vegetação do entorno, a luminosidade, o tipo de solo e, principalmente, a altura final desejada", enumera