Para o economista do Sinduscon-MG Daniel Furletti, não existe ambiente especulativo no Brasil e a oferta de financiamento melhorou, inclusive os critérios para liberação
O mercado imobiliário no Brasil está superaquecido. Em 2009, embora tenha causado um certo frio na barriga dos empresários do setor, a crise econômica não provocou grandes danos e as empresas recuperaram os ganhos no segundo semestre, com folgas e resultados muito além dos previstos. Em algumas regiões, os imóveis chegaram a dobrar de preço nos últimos cinco anos, atingindo uma valorização considerável, diante do aquecimento e da facilidade de crédito oferecida pelas construtoras e instituições financeiras para a compra. Diante disso, especialistas do setor consideram que o momento é ideal para investir no mercado imobiliário.
Para medir a valorização dos imóveis e monitorar o crescimento desse segmento no país, o diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, Alexandre Tombini, cogita pela primeira vez a possibilidade de criação de um indicador. A iniciativa, na avaliação do presidente nacional da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Richarde Mamede, deve ser recebida com aplausos.
Segundo ele, a medida vai monitorar a valorização de imóveis que ocorre em todo o país, beneficiando não só os candidatos à casa própria, mas as próprias instituições financeiras. Para Mamede, essa medida garante, no longo prazo, um crescimento sustentável do setor.
O diretor da ABMH (MG), Lúcio Delfino, complementa que a própria associação já estimava uma sobrevalorização imobiliária. "Como o crédito é farto e cada vez mais desburocratizado, os preços dispararam. Hoje é mais fácil fazer um financiamento que alugar um imóvel. Além disso, as taxas de juros nunca estiveram tão baixas e os prazos para pagamento tão dilatados".
Para o economista do Sinduscon-MG Daniel Furletti, não existe ambiente especulativo no Brasil e a oferta de financiamento melhorou, inclusive os critérios para liberação Por isso mesmo, alerta o advogado, é preciso todo o cuidado ao assumir um financiamento com o mercado nessas condições e sem um índice regulador. "Além desse contexto positivo na oferta de crédito - temos o programa Minha casa, minha vida; o aumento do limite para financiamentos do Sistema Financeiro da Habitação (inclusive com utilização do FGTS), hoje para imóveis de até R$ 500 mil; a possibilidade de utilização do FGTS nos consórcios habitacionais; a estabilidade da moeda e a baixa da TR (índice de correção monetária dos saldos devedores dos financiamentos habitacionais) -, o resultado não seria outro: imóvel supervalorizado e risco de inadimplência", avalia.
Daniel Furletti, economista do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon), não concorda. "A oferta de crédito no Brasil existe e melhorou muito. Mas só é concedida se o requerente tiver condições de pagar, se isso não for comprometer mais de 30% da sua renda. Há uma série de fatores que são observados para a liberação de crédito. Esse mercado é muito bem regulado. Não existe um ambiente especulativo no Brasil", garante.
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