É o fim do barulho?

Novas regras para construção de edifícios preveem uso de materiais mais sofisticados para reduzir o ruído de apartamentos vizinhos, principais queixas dos moradores

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postado em 12/05/2010 09:53 Geórgea Choucair /Estado de Minas
Obras na Região Metropolitana da capital: objetivo das normas estipuladas pela ABNT é melhorar a qualidade dos imóveis residenciais em todo o país. Medidas passam a valer efetivamente apenas em novembro - Renato Weil/EM/D.A Press Obras na Região Metropolitana da capital: objetivo das normas estipuladas pela ABNT é melhorar a qualidade dos imóveis residenciais em todo o país. Medidas passam a valer efetivamente apenas em novembro
O barulho da descarga do banheiro, do salto alto andando pela casa ou das discussões mais acaloradas do apartamento vizinho, que tira o sono e causa diversos conflitos nos condomínios, pode estar com os dias contados. Entra em vigor nesta quarta-feira a nova Norma Brasileira de Desempenho de Edifícios, lançada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) com o objetivo de melhorar a qualidade dos imóveis no mercado. Apesar de valer a partir desta quarta, a norma só vai ser obrigatória para os projetos protocolados nas prefeituras a partir de 12 de novembro.

As instalações hidrossanitárias, estruturas, pisos, fachadas e coberturas, itens que geram muitas dores de cabeça em condomínios, terão novos parâmetros. Para esses sistemas, foram definidos vários requisitos de desempenho mínimos ao longo de uma vida útil. Com isso, os ruídos de muitos apartamentos, que causam tanto transtornos entre os vizinhos, poderão ser reduzidos.

"O ruído nos apartamentos é o que mais incomoda o consumidor hoje, segundo as pesquisas de mercado", afirma Carlos Borges, superintendente do Comitê Brasileiro de Construção Civil da ABNT e coordenador da comissão de estudos que criou as novas normas. As regras foram estipuladas para edifícios residenciais com até cinco andares, mas vão valer também para empreendimentos com mais de cinco pavimentos, desde que o sistema construtivo avaliado não seja afetado pela altura do edifício, como é o caso do piso interno do imóvel.

Leia mais sobre as novas regras na coluna de Francisco Maia Netto:
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A normativa traz novo enfoque para itens como segurança, conforto, funcionalidade, tratamento acústico e durabilidade dos edifícios residenciais. E estabelece três níveis para as edificações: o mínimo, o intermediário e o superior. Para o nível superior, por exemplo, o índice de ruído no imóvel é mínimo. "Hoje, não existe uma norma técnica que estabelece isso. O consumidor vai poder escolher qual nível de edifício vai comprar. É como a escolha de um carro. Tem o veículo 1.0 e a BMW" afirma Roberto Matozinhos, consultor técnico do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG). A avaliação do desempenho acústico e térmico, por exemplo, poderá ser realizada através de ferramentas até hoje não muito usuais, como softwares.

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As novas regras da ABNT não definem quais os materiais são mais recomendados para cada tipo de construção. "O objetivo é olhar para as edificações como um todo, do ponto de vista do usuário. Queremos que ela seja um instrumento para que o consumidor tenha uma referência técnica de avaliação do imóvel", afirma Borges.

O advogado Dilermando José da Silveira é síndico de dois edifícios em Belo Horizonte, um comercial e outro residencial. Em relação ao barulho, ele afirma que os moradores já reclamaram principalmente do salto alto, móveis arrastando e descargas de privadas de banheiro. Para resolver o problema, ele pede que o reclamante anote no livro do condomínio. "Aí eu mando uma cópia para o morador que está fazendo o barulho. Com tudo escrito, é mais fácil resolver o problema. Tem dado certo. Se a reclamação passa pelo síndico, evita constrangimentos entre os moradores. É a boa convivência entre a vizinhança é importante", diz. Silveira apoia as alterações nas normas técnicas. "Se fosse mais rigorosa, a construtora não colocaria material de qualidade inferior no acabamento", diz.

A dona de casa Jacqueline Campos Pereira se prepara para mudar para um apartamento de cobertura. Depois de enfrentar alguns problemas com ruído de apartamentos vizinhos, ela decidiu que quer morar no último andar apenas.

Ela tem um imóvel no primeiro andar de um edifício, no bairro Dona Clara. O problema do barulho só foi resolvido depois que o vizinho de cima mudou de prédio. "Era porta e gaveta batendo, salto pela casa, objeto caindo, tudo. Agora o novo vizinho é tranquilo, mas acho que fiquei traumatizada. Quero mudar para uma cobertura", diz.
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