O processo de povoamento dessas vilas se deu de forma desorganizada e, durante muitos anos, a população não teve acesso a serviços básicos, como água, esgoto e transporte coletivo. Para contar com transporte público, era preciso ir até o Bairro Lagoinha para pegar um bonde. Somente na década de 1940, com a abertura da Rua Pedro Lessa, foi que os bondes puderam chegar às vilas operárias.
A falta de infraestrutura urbana no Aparecida durante um longo período fez com que os moradores se unissem para melhorar a qualidade de vida. Mas, além do transporte, que demorou mais de uma década para chegar, eles tiveram de espera pelo abastecimento de água. Foi só na década de 1950 que foi implantada uma rede de 12 chafarizes para abastecer a população.
O transporte também era precário. Os moradores que viviam na parte do bairro que faz limite com o Ermelinda tinham de andar para chegar ao Aparecida 6ª sessão como era conhecida a parte do bairro que faz limite com o Bom Jesus, Nova Esperança e Riachuelo para ter acesso a lotação. Isso dava de 10 a 15 minutos de caminhada. Tinha de passar pelo córrego, que hoje é a Avenida Américo Vespúcio, lembra Evandro Costa, fazendo referência à via que corta o bairro.
Mas, mesmo com a falta de infraestrutura inicial, os moradores não deixavam de se divertir e expressar-se culturalmente. Junto com o bairro, foram criados os grupos de congado Guarda Feminina Nossa Senhora Aparecida e Moçambique
A Praça Salermo, antigo ponto de encontro de procissões em louvor a Nossa Senhora Aparecida, é atualmente o ponto de convergência para apresentações dos grupos de congado e maracatu. Manifestação de rua que louva Nossa Senhora do Rosário, o congado mineiro se iniciou com a chegada dos primeiros escravos africanos ao Brasil. A necessidade dos negros de louvar seus orixás e coroar seus reis e rainhas congos fez surgir um sincretismo que possibilitava a continuação de uma cultura e que resiste no Aparecida. Acho importante manter a união da cultura com as pessoas do bairro. A comunidade participa bem e fica reunida, ressalta Evandro.
MERCADO
Constituído basicamente por casas, o Aparecida não tem muitas opções de imóveis para venda ou aluguel. Mas as poucas opções são avaliadas em R$ 480 (dois quartos), segundo a Pesquisa do Mercado Imobiliário de Belo Horizonte, realizada em abril pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead), vinculada à UFMG. Os valores foram obtidos de acordo com o mapa da classificação da renda em Belo Horizonte, que considera o Bairro Aparecida como de padrão popular. A classificação é obtida considerando-se a renda média mensal na região, que, neste caso, é inferior a cinco salários mínimos.