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Quase 20% da classe C quer casa

Zulmira Furbino
A vendedora Vanessa Santiago e o marido querem comprar um apartamento de até R$ 120 mil: "Estamos dispostos a pagar prestação de R$ 400" - Foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press
6 de outubro de 2010 - A classe C, em sua maioria composta por pessoas jovens, negras e magras, quer comprar casa e carro. Pesquisa divulgada ontem pelo Ibope, realizada nas nove maiores regiões metropolitanas do país, mostra que 19% da nova classe média, que tem rendimentos que variam entre R$ 600 e R$ 2.099, pensa em adquirir um imóvel nos próximos meses. A pesquisa aponta ainda que 9,5 milhões de pessoas dessa camada da população planejam comprar um automóvel novo ou usado nos próximos 12 meses. A classe C é formada por um batalhão de 100 milhões de cidadãos.

O levantamento ouviu cerca de 20 mil representantes da nova classe média do Brasil. Gente como o vigia noturno Ualace Marques Martins, que tem rendimento mensal de R$ 1 mil e planeja comprar um carro usado até o fim do ano. Para isso, no mês passado ele ingressou num consórcio. Se não for sorteado na próxima assembléia, porém, vai apelar para um financiamento. “Quero um veículo seminovo. Pode ser um Palio ou um Gol. Até o final do ano, se Deus quiser, estou de carro novo”. Ou como a vendedora Vanessa de Oliveira Fialho Santiago
. Casada e com uma filha, junto com o marido, ela pretende adquirir um apartamento de até R$ 120 mil. A renda da família é de R$ 1.500. “Estamos dispostos a pagar uma prestação de até R$ 400”.

O consumo das classes C, D e E crescerá o dobro do da classe AB até 2013, aponta o estudo. Segundo a Fecomércio, o crescimento dos emergentes será de 7% a 8% ao ano nesse período, contra 4% dos ricos. “A vontade de comprar é altíssima nessa categoria social. Ela é capaz de fazer crescer consistentemente a indústria automobilística por um bom tempo”, sustenta Dora Câmara, diretora comercial do Ibope Mídia. Segundo o estudo, as mulheres comandam 32% das famílias da nova classe média brasileira. Os dados são referentes a 2009. Nas camadas de renda mais alta da população, o percentual de mulheres que são chefes de famílias é menor. Nas classes A e B, apenas 25% delas estão à frente das famílias
. "As mulheres são mais chefes de família na classe C e decidem o que comprar para a casa", diz a executiva.

De acordo com o levantamento, a classe C é mais jovem e composta por uma maioria de afrodescendentes (negros e herdeiros da miscigenação).