Apesar da criação de novas incorporadoras, a percepção de que investir no segmento popular é algo viável não é tão recente assim. Cavalcanti conta que alguns construtores já vinham explorando esse filão de mercado há muito tempo. "Esses são os que mais vêm crescendo no país, porque há um volume muito maior de pessoas procurando imóveis do segmento popular."
Mesmo sendo sempre maior a demanda por imóveis populares, até o início dos anos 2000 as pessoas de baixa renda não tinham acesso a esse mercado, conforme observa Cavalcanti. "Temos apenas 16 anos de moeda estável e o financiamento começa a ser acessível a partir de 2000, como resultado da estabilização da moeda, da diminuição da taxa de juros e do controle da inflação."
O conselheiro Sílvio de Castro Amorim Ximenes de Souza, do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Minas Gerais (Creci-MG), vê como positivo o interesse em atender a base da pirâmide social, que representa um mercado muito grande. E o reposicionamento das empresas consolidadas no mercado de alto e médio padrões só vem agregar em termos de qualidade. Com a criação de novas marcas, conserva-se o perfil construtivo das incorporadoras e as pessoas de classes mais baixas, que compram um imóvel das novas construtoras, associam essa aquisição a empreendimentos que já têm qualidade reconhecida por pessoas de médio e alto padrões.
O diretor-presidente da Patrimar, Marcelo Martins, fala que a demanda por imóveis, mesmo de médio padrão, vem desde a década de 1980. Entretanto, a política econômica do país não disponibilizava boas condições de financiamento. "Finalmente, no ano 2000, data de fundação da Novolar, constatamos as condições econômicas favoráveis e a oportunidade de realizar bons negócios neste segmento", fala Marcelo Martins.
Para entrar nesse novo mercado, muitas construtoras realizam pesquisas para avaliar o potencial do local onde será implantada a nova incorporadora, como é o caso da Even, que lançou a Open. A partir daí, a empresa procurou bons negócios em seus diversos segmentos de atuação, como fala o gerente geral da empresa em Minas Gerais. "Com o desenvolvimento da região Norte e a disponibilidade de crédito, o momento é oportuno para esse tipo de lançamento", Marcelo Dzik.
Além disso, tornou-se necessário um novo modelo de planejamento voltado especificamente para este mercado, com adaptações e prevenção quanto à falta de material e de mão de obra qualificada, e alta dos preços
QUALIDADE
Para solucionar esse impasse, o diretor da PHV Engenharia, Paulo Henrique Vasconcelos, fala que a Construtora Horizontes utiliza ações já implementadas na PHV durante a idealização e execução de seus empreendimentos. "Como o programa de desperdício zero e soluções de projetos mais econômicas." No Residencial Parque dos Ipês, por exemplo, foi prevista a economia de resíduos com emprego de um moinho para aproveitamento e reciclagem e a adoção de cursos de formação de mão de obra nos próprios canteiros.
A fim de otimizar e racionalizar o uso de material, na Horizontes foi adotado, entre outras estratégias, um sistema de planejamento e controle de compras e o acompanhamento sistemático de índices de produtividade e custos. Também foi empregado controle da qualidade de material e da execução de serviços por laboratório técnico, visando garantir o cumprimento dos prazos contratados.