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Investimento planejado

Para saber se está dando o passo certo, o ideal é que se faça uma estimativa do que pagaria de aluguel e juros, no caso de financiamento, no longo prazo

Júnia Leticia
Advogado da ABMH, Leandro Pacífico aconselha consultar especialistas antes de fazer o financiamento integral do imóvel - Foto: Eduardo Almeida/RA Studio
A melhor saída para quem tem aversão ao aluguel é ter um planejamento financeiro, e não simplesmente contrair uma dívida sem analisar o que vale mais a pena, conforme pontua o advogado da Associação Brasileira de Mutuários da Habitação (ABMH), Leandro Pacífico. E, nessa decisão, tem de ser levada em consideração a correção monetária, que, no caso do financiamento, é mensal - mesmo no caso de prestações decrescentes - enquanto no aluguel, ela ocorre anualmente.

O advogado ensina que o consumidor deve analisar o montante que será pago de juros no contrato, comparado ao que pagaria de aluguel. "Logo, se minha taxa é de 8% ao ano, o que irá 'para o lixo' é o equivalente a 0,66% do valor do imóvel, caso tenha sido financiado o valor integral", esclarece.
Entretanto, é bom lembrar que o valor que se paga de juros cairá mês a mês, já que eles são calculados mensalmente, e também haverá um decréscimo no saldo devedor, já que a prestação é composta por parte de juros e parte de amortização. "Assim, é melhor que a pessoa consulte especialistas para saber se é realmente um bom negócio fazer o financiamento integral do imóvel. É importante fazer uma estimativa do que pagaria de aluguel e juros no longo prazo", aconselha Leandro.

Segundo o coordenador do MBA em gestão de negócios imobiliários e da construção civil da Fundação Getúlio Vargas e IBS Business School Pedro Seixas, em princípio, a sensação ao pagar o aluguel é a de que há um desperdício de dinheiro, o qual o inquilino não terá de volta. "Por outro lado, quando pagamos a parcela do financiamento, temos a sensação de estar fazendo uma 'poupança' ou pagando parte de um bem que será nosso."

Mas a conta não é tão simples assim, como fala o professor. Ao pesquisar as opções de financiamento, é preciso que o comprador analise alguns fatores. Entre eles, Pedro destaca o valor do sinal, a taxa de financiamento e o número de parcelas. "Essas variáveis têm um impacto muito grande na decisão e definem o que é mais vantajoso: comprar financiado ou alugar", ressalta.

VARIAÇÕES

Como exemplo dessa equação, o professor faz um cálculo de um imóvel avaliado em R$ 200 mil, que terá 70% do seu valor financiado e 30% - R$ 60 mil - pagos à vista. "Considerando uma hipotética taxa de financiamento de 15% ao ano e o prazo de pagamento de 20 anos (240 parcelas mensais), o valor da parcela será de, aproximadamente, R$ 1.750." Já no caso do aluguel, as variações ocorrem de acordo com o mercado
. Mesmo assim, Fábio Seixas estima que, em geral, pode-se adotar como referência algo em torno de 0,5% do valor do imóvel. "Ou seja, para o mesmo imóvel de R$ 200 mil, deve-se ter um aluguel em torno de R$ 1.000", calcula.