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As casas do futuro na visão de onze arquitetos

Profissionais do Brasil e do exterior exibem 21 projetos de residências na exposição 21x11, que mostra tendências de design e estilo de vida para as próximas décadas

Joana Gontijo
- Foto: Divulgação

Projetos de 11 arquitetos brasileiros, dinamarqueses, portugueses e belgas esboçam as tendências de arquitetura e urbanismo na Exposição 21x11, que ocupa os espaços do Museu das Minas e do Metal, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, desde esta quinta-feira. Essa é a primeira vez que uma mostra reúne trabalhos de profissionais do Brasil e do exterior com o intuito de apresentar as perspectivas de design e estilo de vida em um futuro muito próximo. O evento traz a visão de futuro dos arquitetos em 21 residências desenhadas exclusivamente para o condomínio Reserva Real, que está sendo construído pelo grupo europeu Design Resorts, em Jaboticatubas, no Vetor Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte e já é considerado único no mundo, devido às suas características e peculiaridades.

Entre os ilustres nomes da arquitetura brasileira estão Angela Roldão, Bruno Santa Cecília, Carlos Eduardo Dumont (mais conhecido como Carico), Gustavo Penna, Julia Paternostro e Marcelo Montoro. Os europeus João Manuel, Ana Duarte Pinto, Julien de Smedt, Paulo Pontes, Pedro Barata e Rodrigo Sampayo dão o toque internacional à exposição. “Reunimos nomes incomparáveis para trazer ao público mineiro o que existe de mais atual e moderno na arquitetura contemporânea”, explica o presidente e CEO do grupo europeu Design Resorts, José Miguel Martins.

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A exposição 21x11 apresenta, entre outras coisas, residências com soluções de sustentabilidade, como os dois projetos assinados pela equipe do arquiteto Gustavo Penna, em que recursos alternativos foram utilizados para garantir economia de água, energia e a preservação da natureza. Na Casa Tragaluz, por exemplo, há painéis de aquecimento solar, sistema de fossa ecológica, reaproveitamento da água da chuva e preservação de área permeável do terreno.

Além disso, muitas maquetes exibem a relação das moradias com a paisagem, com as famílias e com o meio ambiente. Algumas delas carregam elementos que relembram a história e a cultura mineira. “Tivemos liberdade para criar, então buscamos ideias que falassem da Minas universal: respeito à cultura, à natureza e à história. São formas simples que carregam significados profundos”, explica Gustavo Penna.

Alguns profissionais que participam da exposição preferem dizer que seus trabalhos não mostram tendências. Na opinião do arquiteto Bruno Santa Cecília, não é adequado relacionar o habitar, que é uma necessidade cultural, com alguma tendência, que é algo efêmero e, muitas vezes, superficial. “A arquitetura tem de lidar com a permanência de algo pelo menos 30, 50 anos, porque há muito esforço e recursos envolvidos”, informa o profissional.

Além das tendências de arquitetura, a exposição também propõe uma discussão quanto às perspectivas do urbanismo e do jeito de morar dos belo-horizontinos para as próximas décadas
. Um dos pontos abordados é a necessidade que muitas famílias têm de se distanciar dos centros urbanos, devido à sobrecarga das grandes cidades. “Com o inchaço das metrópoles, as pessoas estão optando, cada vez mais, por residências em regiões afastadas, que ofereçam espaço para o lazer e o contato com a natureza”, explica José Miguel.

Segundo a arquiteta Angela Roldão, a procura por uma qualidade de vida melhor já é um fato determinante na escolha do local de moradia. “Para os mais privilegiados, a tendência é a busca por condomínios, onde há tranquilidade e segurança, geralmente distanciados das metrópoles”, comenta. Já Marcelo Montoro acredita que o Vetor Norte é uma promessa bastante interessante para a capital mineira. “É melhor do que o Sul, já congestionado e cheio de gargalos. Além disso, a paisagem, ainda rural e pitoresca, é fantástica”, enfatiza.

Para o arquiteto português Paulo Pontes, a habitação afastada dos centros terá condições de ocupar espaços abertos, amplos e confortáveis em meio a uma área destinada ao lazer. “A ocupação predominantemente residencial tende a se descentralizar”, comenta. Ele concorda que, seguindo essa tendência, a ocupação do Vetor Norte será a aposta dos belo-horizontinos que priorizam a qualidade de vida, o bem-estar e as oportunidades futuras. “Vejo o crescimento dessa região de maneira bastante positiva, principalmente devido ao estrangulamento urbano da zona sul, pelo grande potencial de áreas como a Lagoa da Pampulha, a cidade administrativa, Lagoa Santa e os municípios próximos”, afirma Pontes. O arquiteto belga Julien de Smedt ressalta que a expansão da região Norte de Belo Horizonte é óbvia e já está acontecendo
. “O aeroporto internacional, a cidade administrativa e a Serra do Cipó criarão novas demandas nas proximidades”, informa.

Serviço:
Exposição 21x11
Arquitetos:
Angela Roldão, Bruno Santa Cecília, Carlos Eduardo Dumont (mais conhecido como Carico), Gustavo Penna, Julia Paternostro, Marcelo Montoro, João Manuel, Julien de Smedt, Paulo Pontes, Pedro Barata e Rodrigo Sampayo
Data: de 12 a 26 de maio
Horário: das 12h às 18h
Local: Museu das Minas e do Metal (Praça da Liberdade, s/n, Prédio Rosa), Belo Horizonte
Entrada para a exposição: gratuita
Informações: (31) 3228-8000 ou (31) 3516-7200