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Antes de comprar um imóvel, é bom analisar as finanças

Especialista aconselha a quem pretende adquirir a casa própria fazer um diagnóstico de sua saúde financeira e ter, como fundo de reserva, até 12 vezes o valor da prestação

Humberto Siqueira
"Um passo mal dado pode representar um grande endividamento" - Reinaldo Domingos, terapeuta financeiro e educador - Foto: Marco Antônio Sá/Confirp/Divulgação
Quem tem a intenção de comprar um imóvel pode se programar para fazê-lo, embora os preços estejam altos. Tudo vai depender de planejamento financeiro para alcançar essa conquista sem abrir mão de outras. Mas é preciso cuidado para que o sonho não acabe virando um pesadelo. Pelo menos é o que aconselha o presidente do Instituto DSOP de Educação Financeira, o educador e terapeuta financeiro Reinaldo Domingos. “Um passo mal dado pode representar um grande endividamento, que comprometerá o futuro financeiro de toda a família”, alerta o educador, também autor dos livros Livre-se das dívidas, Terapia financeira e O menino do dinheiro.

Segundo ele, a hora certa para comprar um imóvel só chega quando a pessoa tem total controle de suas finanças pessoais, podendo direcionar uma parte de sua receita para esse fim. “É preciso controlar os gastos e tomar as rédeas de sua vida financeira”, defende. O primeiro passo é estabelecer qual o valor do sonho que deseja realizar. Só com esse valor em mãos é que realmente se pode iniciar o controle das finanças, determinando o objetivo a ser atingido. A velha mania de guardar as sobras para os sonhos é o maior limitador.

Na avaliação de Reinaldo, o momento não é ideal para comprar. Mas sempre é hora de começar a poupar. “Acredito que há uma bolha da casa própria
. Os valores cobrados pelo metro quadrado estão subindo sem parâmetro. Na realidade, principalmente para quem tem um segundo imóvel, o momento é bom para vendê-lo. Se fosse eu, aplicaria esse valor em títulos do tesouro nacional (veja mais em www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto) e esperaria. Quando a retração dos preços vier, compraria outro imóvel. Provavelmente, melhor e mais novo”, pondera. “Há títulos a partir de R$ 200.”

Para Reinaldo, o Brasil está vivendo um momento de farra do crédito. “O marketing fica martelando na cabeça das pessoas para comprar, comprar, comprar. E o crédito fácil diz que pode comprar até sem ter o dinheiro, bastando pegar emprestado. Agora, estamos passando por um grande momento de compras. Daqui a pouco, boa parte começa a se enrolar
. Sem ter como arcar com os compromissos, os imóveis vão ser retomados e levados a leilão”, prevê.

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É importante economizar antes de adquirir o imóvel

Quem não quiser ter esse desgosto precisa, antes mesmo de comprar, fazer um diagnóstico de sua saúde financeira. Discriminar os gastos e detectar onde é possível economizar. A alternativa é anotar cada gasto durante um mês. São vários os exemplos para fazer economia: as famílias que têm dois carros podem deixar um parado na garagem. Caso essa família venda um carro, economizará, se o carro for popular, aproximadamente R$ 500 por mês. E, ainda, evitará desperdícios de energia, água e abusos com telefones.

GASTOS

Além do valor do imóvel, é preciso ter em mente que haverá gastos com escritura, instalações e móveis, entre outros. “Recomendo que a pessoa tenha uma reserva de 12 vezes o valor da prestação. Assim, em qualquer dificuldade, terá tempo para se reestruturar”, ensina.

É importante registrar que nem sempre a melhor opção é trocar o aluguel pela prestação da casa própria. “Muitas vezes é preferível conhecer quanto custaria um financiamento e continuar pagando aluguel, poupando a diferença. Dessa forma, entre nove e 10 anos, a pessoa poderá ter o dinheiro para comprar a casa própria.”