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Jardins elevam o bem-estar

Projetos devem buscar privilegiar o uso de plantas nativas, que ajudam a reduzir gastos com manutenção

Júnia Leticia
Erlana Castro, da Biofert, diz que o ideal é que todo prédio tivesse uma cobertura vegetal - Foto: Eduardo Almeira/RA Studio
Para desenvolver o projeto e produzir os resultados esperados, é necessário um estudo das características do lugar onde o trabalho será realizado. “O paisagismo sustentável parte, principalmente, da escolha das espécies vegetais a partir da análise do local de implantação. A escolha das nativas ou adaptadas ao meio (clima e condições de iluminação) garante que as plantas terão melhores condições de desenvolvimento, apresentando maior vigor e beleza”, pondera Ronaldo Moraes, da Forma Garden Arquitetura de Paisagens.

Além da redução com água para irrigação, o benefício dessa escolha é a menor incidência de doenças e pragas, “evitando tratamentos que agridem o meio ambiente”, completa Ronaldo. Segundo o arquiteto, o resultado vale a pena, seja utilizando apenas o paisagismo ou aliando a ele técnicas como a aromaterapia e a cristalterapia. “Assim como o paisagismo contribui para a diminuição do estresse e o aumento da qualidade de vida, essas técnicas também contribuem e ainda valorizam os elementos da natureza”, acrescenta.

A arquiteta e paisagista Sarah Sotero considera que as técnicas são aliadas na promoção do bem-estar, principalmente no caso de pessoas com deficiências, por envolver os cinco sentidos. “O jardim sensorial, relacionando não somente à visão e ao aroma (olfato), mas ao tato, ao paladar e à audição, compõe um paisagismo acessível e apreciável por qualquer pessoa, com qualquer dificuldade ou limitação”, observa.

A paisagista Rozalia Íris, da RKM Engenharia, acrescenta que as técnicas auxiliam na criação de ambientes saudáveis. “A aromaterapia, por meio dos perfumes exalados pelas plantas, contribui para a melhoria dos estados emocionais, tão difíceis de serem equilibrados com a pressão e a correria do dia a dia”, conta.

BENEFÍCIOS Com ou sem o uso de terapias alternativas, utilizar o verde em empreendimentos é uma demanda cada vez mais atual e necessária. Para justificar essa afirmação, a sócia-diretora da Biofert, empresa especializada em cuidados de plantas, Erlana Castro, se embasa em números: “Dados recém-divulgados, do Censo de 2010, revelaram que um em cada 10 brasileiros vive em apartamentos. Isso mostra que as cidades estão sendo verticalizadas em taxas chinesas.”

Para ela, essa conclusão é alarmante, principalmente porque não se restringe somente aos grandes centros urbanos. “Cidades de médio porte, como Divinópolis, já estão superurbanizadas
. Então, imagine o impacto disso se não houver a promoção de um mínimo de área verde?”, questiona Erlana, citando o município, que fica na Região Centro-Oeste de Minas.

E, à medida que cresce a concentração urbana, diminui a área permeável, a qualidade do ar e o conforto térmico, que podem ser equilibrados com áreas verdes, segundo a diretora da Biofert.


Aliados do paisagismo em construções sustentáveis

A irrigação automática, muito incentivada pelos paisagistas, se bem planejada reduz muito o gasto de água porque é feita uma programação diária, com tempo determinado de irrigação de acordo com cada espécie. O ideal é captar as águas de chuvas e reutilizá-las na estação da seca como irrigação para jardim.

 

Para canteiros construídos em áreas internas, é essencial que as janelas sejam amplas e planejadas em pontos estratégicos para captar o máximo de luminosidade e ventilação para todo o espaço.


A iluminação dos jardins, tão comum nos dias de hoje, também deve ser planejada para utilização de energia solar.


A adubação pode ser feita utilizando o lixo orgânico proveniente das sobras de todos os apartamentos. Basta utilizar uma composteira para transformar esse lixo em húmus. Assim, evita-se a utilização dos adubos químicos, além de consumir o próprio lixo do prédio.